domingo, 28 de junho de 2020

ORGULHO DE SER PRESIDUTRENSE.

Pç. São Sebastião (Fotografia by Carlos Magno de Oliveira)


Jicelia Gonçalves de Castro(*)

Parabéns Presidente Dutra! Amor Incondicional a essa a Cidade que meus pais, Oton e Maria (Maroquinha), em 1961, escolheram para ficar para sempre! Como dizem: bebeu da água e nunca mais saiu.
Presidente Dutra, minha terra de coração, meu lugar, anos de vida e histórias de lutas e transformações. Que belo, poder unir-me ao povo Presidutrense e comemorar os 76 anos de Emancipação Política.
A esse povo querido, a essa Terra acolhedora, só posso desejar o melhor. A Terra que meus pais escolheram para morar, trabalhar e criar sua Família, de tantos amigos e amigas, a minha Terra!
Hoje é dia de homenagear essa Terra Maravilhosa, pedir a Deus pelo futuro dessa cidade e da população. Cidade boa onde tive a oportunidade de aprender tudo o que sei sobre a vida, foi nela que estudei.
Para mim é motivo de muita alegria, prestigiar esse momento de festa. Trata-se de um lugar muito querido, Terra acolhedora, que atende bem os que nela chegam.
Um grande abraço a todos meus conterrâneos que longe ou perto levam como eu, dentro de si, o orgulho de ser PRESIDUTRENSE.

(*) Jicelia Gonçalves de Castro é advogada e reside em Goiânia-GO.

PRESIDENTE DUTRA, 28 de JUNHO 2020.... 76 ANOS!!!

Novo Centro Administrativo "Ciro Evangelista de Sousa" de P. Dutra(by Carlos Magno)

Goreth Santos (*)

Concluímos a "escrita e a leitura" de mais um Capítulo de sua história. Uma página que viramos, para conquistarmos novos sonhos e continuarmos reescrevendo uma NOVA HISTÓRIA.
Tudo que mais queremos é RECOMEÇAR!
Estamos celebrando os 76 Anos de nossa querida P. Dutra, em silêncio. SÁBIO SILÊNCIO! o que nos traz oportunidade de aprendizado.
... A ALEGRIA não depende da sonoridade. É fato. Pois vivemos um tempo de reflexão no que não enxergamos, mas existe, nos ameaça e nos deixa intranquilos pelo medo.
FÉ- FORÇA - FOCO e muita SOLIDADRIEDADE para virarmos bem está página.
O dia do Aniversário da nossa cidade é também considerado o Aniversário de cada um(a) de nós. Festejamos igualmente na alegria.
Sejamos, pois, um PONTO de APOIO na construção do desenvolvimento de nossa P. Dutra, tornando - a cada vez MELHOR. E através de valores sólidos, ajudemos a preparar as Crianças e os Jovens, para esse processo contínuo de transformação em NOSSO MUNICÍPIO.
É preciso semear boas ações e colher conquistas.
"Somos nós que fazemos o amanhã. E, que a nossa perseverança seja luz que brilha e ilumine direções.
Parabéns Presidente Dutra!
Continuemos a Construir o Novo!!

(*) Goreth Santos é Professora e Promotora de Eventos

PEDRO LEITE – Um homem exato, na acepção da palavra

Sr. Pedro Leite e D. Naide.


José Pedro Araújo

Eu o conheci sentado pacifica e calmamente em um dos primeiros bancos da Igreja Cristã Evangélica de Presidente Dutra, na fileira de assentos da esquerda. Tranquilo, observador, a mansidão em pessoa, nunca o vi alterando a voz por qualquer motivo. E foi assim durante todos os anos em que esteve entre nós. Trazia consigo sempre uma palavra amiga disponível e pronta para ser ofertada gratuitamente. E se não havia razão para ser agradável, nunca o vi ultrapassar os limites da sua calma habitual e da sua decência incontestável. Passei a admirar aquele cidadão que parecia não ter qualquer compromisso com o tempo, e que aparentava não almejar fortuna além da que já possuía. Acredito que utilizava o tempo, aquele mesmo com o qual não se preocupava, para ver bem encaminhada a numerosa família que formara com a sua Naide, mas também para se alegrar com o progresso do seu semelhante. Vivia do sustento que retirava da sua propriedade na várzea do rio Preguiça, e enquanto trabalhava de sol a sol para manter a sua casa, deixava todo o resto das suas preocupações nas mãos do seu Deus, adotando fielmente o que ensinou o salmista: “... lança sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós!”.
Homem alto - para os padrões sertanejo - magro, rijo e elegante, cabeça pequena e de bom formato - também fora dos padrões do nordestino -, passou para a sua descendência o seu caráter e o seu jeito de granjear amizades. No velho Curador, a sua numerosa família foi, aos poucos, foi se dispersando e tomando novo rumo em busca do seu próprio futuro. Hoje, essa descendência tão bem cuidada e orientada, encontra-se espalhada pelo Maranhão, Piauí, DF e Goiás. E essa prole, mesmo distante, sempre inventa, e encontra, uma maneira de se juntar em alegres confraternizações. São mesmo conhecidos, quando estão juntos, pela estatura fora dos padrões da região, como já afirmei, mas, sobretudo, pela alegria que não economizam.
Pedro Leite não fazia acepção de pessoas, nem de classes, nem de idade. Do mesmo modo que esbanjava gentileza com os do seu tempo, fazia igual com as crianças e com os jovens. Uma das lembranças mais marcantes que tenho dele, data época da minha adolescência. Estávamos reunidos naquele momento em um sitio no povoado Sapucaia em retiro espiritual, cujo propósito era atravessarmos o período carnavalesco longe da balburdia. Esse era um dos momentos mais agradáveis para os jovens da igreja. Naqueles encontros, além de ouvirmos a palavra de Deus, também rolavam muitas brincadeiras, e até mesmo algum tipo de paquera acontecia, tudo dentro dos limites estabelecidos pelos adultos que ficavam responsáveis por manter a garotada na linha.
Com este propósito, homens eram alojados em um local, mulheres em outro. E dessa vez, o grupo masculino ficou abrigado em um casebre de palha à cerca de duzentos metros da casa sede, local onde nos reuníamos e que foi ocupado pelo grupo feminino. Estávamos todos em busca do melhor local para armarmos as nossas redes, noite já começada, com a preocupação de não nos distanciarmos muito do grupão, pois era ali que rolavam as conversas mais interessantes; as confidencias mais aguardadas.
Estávamos assim, quando de repente emergiu da escuridão o Sr. Pedro Leite. Vinha com a sua rede enrolada e abrigada debaixo do braço. A algazarra, que acontecia naquele instante, parou, pois desconfiávamos que a chegada do visitante tinha um propósito: controlar o ímpeto da rapaziada. Enquadrar-nos. Mas o sorridente visitante não se deu por achado e disse logo que havia ficado sem espaço para armar a sua rede no local determinado para os adultos, e viera procurar um lugarzinho por ali. Não acreditamos muito, mas, enfim, o visitante era uma pessoa muito querida por todos, e dali a instantes ninguém mais se lembrou de que ele não possuía a mesma idade que nós. Por sua vez, municiando-nos com as suas histórias interessantíssimas, logo havia tomado conta do ambiente. E dali a instantes até aceitou comer das melancias que a garotada havia ido buscar sorrateiramente em uma roça descoberta nas imediações. Aceitou também manter o segredo, desde que não repetíssemos o gesto anterior e deixássemos as melancias do vizinho em paz. Foi um dos retiros mais prazerosos de que me lembro. Até luta corpo-a-corpo travamos naquele local para ver quem era o campeão do esporte. Tudo sobre o olhar complacente e risonho do nosso diretor de disciplina. Fortaleci, naqueles dias, minha amizade com ele. Muitos anos depois tirei proveito disto, no bom sentido. Foi um dos meus alvos quando sai a pesquisar sobre o velho Curador que ele tão bem conhecia. Arguto, bom observador, entrevistei-o várias vezes em busca de confirmação sobre algum fato histórico que eu precisava de mais uma testemunha.
A família Leite foi uma das fundadoras da Igreja Cristã em Presidente Dutra. Mas a história do seu trabalho de evangelização data de um período bem anterior, quando o canadense Perrin Smith aportou no povoado para difundir o evangelho entre a gente do lugar. Próximo ao ano de 1912, um pouco mais, um pouco menos, José Leite, patriarca da família, acompanhou o missionário Smith em uma viagem pelos sertões de Barra do Corda com o propósito de pregar o evangelho em comunidades dispersas pelo interior do vasto município, chegando até à distante povoação de Curador. Como afirmou Dugal Smith, filho do missionário, em seu livro FAZENDO PROGRESSO, o missionário partia para a sua missão evangelística que durava até dois meses, montado em um animal, enquanto outra alimária carregava um órgão musical no seu lombo.
Esse instrumento harmonioso servia para atrair os circundantes para ouvirem a palavra de fé. E quando um grupo considerável se formava, o missionário iniciava a sua pregação.  Quase não levava suprimento alimentar consigo, e passava, muitas vezes, necessidade nesses périplos sertão adentro. Além da falta de alimento, muitas vezes tinha que conviver com o preconceito quanto algum morador que o recebia tomava ciência que a sua vinda tinha como propósito a pregação do evangelho. Foi em uma dessas viagens que o pregador chegou até ao distante Curador e ali conseguiu fazer as primeiras conversões em meio à uma população totalmente avessa ou desconhecedora do protestantismo.
A escritora e evangelista Eva Mills, uma inglesa que também chegou à região no começo do século vinte, com o propósito de pregar o evangelho em meio ao mundo desconhecido, relata em seu livro 8:28 que, por volta de 1936, foi à Vila de Curador em companhia de Perrin Smith e mais um grupo de crentes estabelecidos em Barra do Corda para participar de um Convenção Evangelística na comunidade. Nesse ano, portanto, já existia um grupo de evangélicos no local. Não é possível afirmar se José Leite acompanhava os missionários nessa viagem também. Mas, o certo, é que em 1949 se mudou para o novo município que acabava de ser criado. Trazia consigo, para fixar residência na nova cidade, o filho Pedro Leite, juntamente com a esposa Naide e o primeiro filho do casal, João Paulo.  Começava então a história da família Leite em terras curadoenses. Uma bela história, diga-se, a bem da verdade.
O Sr. Pedro Leite foi testemunha, portanto, de todo o progresso da igreja nesses muitos anos de sua existência. E do município também. Viu a construção do primeiro templo na rua Magalhães de Almeida, a criação de novas igrejas na cidade e, finalmente, a aquisição do terreno e a ereção do novo e belíssimo templo que hoje abriga a primeira Igreja Cristã Evangélica de Presidente Dutra, na Av. José Olavo Sampaio. Acompanhou também o desenvolvimento do município, seus ganhos e suas perdas.
Não é possível dimensionar quantas vezes o casal, Pedro Leite e Naide, deixou a sua residência, braços dados, Bíblia Sagrada debaixo do braço, para irem ocupar seus lugares naqueles bancos em que eu os vi pela primeira vez. Foram milhares de vezes, acredito, assíduos e pontuais como eles eram.
O barra-cordense Pedro Leite, nascido a 28.06.1921, tinha algo mais que o relacionava à cidade que o acolheu. Os dois, homem e cidade, aniversariavam no mesmo 28 de junho. Dizia-me, há poucos dias a enfermeira, sua neta, Karina Leite Félix Baía que, quando criança, viajara certa vez para Presidente Dutra para participar das festividades em comemoração ao aniversário do seu avô. Naquele dia, surpreendeu-se com o foguetório que explodiu por toda a cidade. Admirou-se e apreciou tudo aquilo. Somente então ficou sabendo que aqueles fogos eram uma homenagem ao município pelo seu aniversário e não ao avô. Acredito, contudo, que, mesmo inconscientemente, tinham o propósito de homenagear seu boníssimo avô, sim.
Pedro Leite formou numerosa família composta por dez filhos, oito nascidos do ventre da sua esposa, e dois adotados, mas igualmente tratados como filhos. Se orgulhava muito pela obra realizada. Afinal, viu com crescente orgulho o progresso de cada um deles, e até dos netos e bisnetos. Quando nos deixou, em 19.06.2019, nove dia antes de mais um aniversário, ficou em seu lugar uma lacuna imensa no seio da família, dos amigos, e da igreja presidutrense. Entretanto, ao mesmo tempo, restou-nos aquela certeza e o orgulho de que aquele homem cumpriu fielmente a sua missão na terra.