A instalação do Batalhão de Engenharia e Construções na
Cidade – No início do período que ficou conhecido como a “época do
milagre brasileiro”, quando o país experimentou um novo surto
desenvolvimentista, os militares escolheram como um dos pilares do seu
planejamento, a abertura de estradas, especialmente nas regiões mais distante
dos polos de desenvolvimento nacional, sul e sudeste. Objetivavam assim, fazer
o que seria a marca registrada do regime militar: a integração nacional, unindo
o país através de grandes eixos rodoviários. Foi com este intuito que decidiram
abrir uma rodovia rasgando o nordeste brasileiro e a floresta amazônica,
partindo de João Pessoa, na Paraíba, e seguindo até os confins do Pará,
denominando-a pomposamente de rodovia Transamazônica.
Esta rodovia nunca
seria concluída, gastando-se centenas de milhões de dólares em uma obra que
ainda hoje reclama pelo descaso e pela malversação dos dinheiros públicos
conferidos a ela. E esta estrada, na parte em que foi aberta na mata fechada,
acabou por facilitar a colonização oficial da região amazônica. Fazia parte de
um plano para ocupar a Amazônia brasileira com o objetivo de evitar que a mesma
caísse nas mãos dos americanos, caso continuasse desabitada. E esse receio era,
e ainda é, uma das grandes paranoias nacionais: o medo de perder esse imenso
território que a diplomacia americana e europeia considera como patrimônio universal.
Desse modo, para
lá foram levadas milhares de famílias, especialmente originárias do sul e do
nordeste do país, que depois foram relegadas à própria sorte, para enfrentando
sozinhas todas as dificuldades de residirem em um lugar isolado, com a falta de
acesso para comercializarem o que conseguiam produzir; enfrentar ainda as
doenças, e os conflitos agrários com os grandes grupos econômicos que
pouco-a-pouco foram se apossando das terras da região.
No nosso Estado,
os militares tiraram do papel o velho projeto rodoviário da estrada Central do
Maranhão, que previa a interligação da capital ao rio Tocantins, rasgando-o de norte
a sul, antiga aspiração dos maranhenses. Foi nesse período que aqui se instalou
uma companhia do 2º Batalhão de Engenharia e Construção, o 2º BEC, com o
propósito de concluir a construção da BR – 226, entre Presidente Dutra e Porto
Franco, promovendo a sua ligação com a rodovia Belém-Brasília.
Foi talvez o
momento de maior atividade econômica vivida até então por este município,
quando aqui aportaram centenas de famílias, promovendo o aluguel de centenas de
casas, estimulando o comércio local e trazendo, enfim, um pouco do progresso
que tomava conta do país, até a região do japão maranhense.
A Companhia do 2º
BEC ocupou a casa e o terreno que pertencia à família Celso Sereno, no centro
da cidade. Ali instalou seu quartel general sob o comando de um
capitão-engenheiro do exército, construiu alojamentos para os soldados e
oficiais, galpões para as máquinas, prédios para escritórios, e até mesmo uma
quadra para a prática de futebol de salão foi erigida por eles. Neste local,
aliás, promoveram-se grandes torneios desse esporte, ocasião em que os jovens
da cidade enfrentavam os militares, fazendo com que a comunidade se aglomerasse
ali para assistir às disputas esportivas. Isto serviu para aproximar os
militares recém-chegados à população da cidade. E, desta aproximação, muitas
jovens presidutrense se uniram a estes militares, e aos civis que desempenhavam
o papel administrativo e acompanhavam os soldados na tarefa de construir o
acesso ao Tocantins e Brasília. Essas pessoas, que aqui chegaram, vinham na sua
maioria de terras piauiense. Principalmente de Teresina.
Grandes máquinas
reviravam o solo, rasgando a mata virgem em direção ao sudoeste do estado,
derrubando árvores centenárias, transpondo riachos, rios e lagoas, erguendo
pontes, construindo o que mais tarde receberia o nome de BR-226. O sertão
começava finalmente a receber, com séculos de atraso, a via de acesso à capital
que tanto necessitava, unindo os maranhenses do norte, região litorânea, com os
do sul, alto sertão, por meio terrestre.
Presidente Dutra
teve contato ainda com alguns profissionais da área de saúde que nunca haviam
posto os pés por aqui, como os odontólogos, bioquímicos e farmacêuticos, jovens
oficiais que cumpriam seu dever cívico com a pátria, atuando dentro das suas
profissões na área de saúde, como ainda ocorre hoje em dia. Trouxe também
postos de trabalho para muitos jovens locais, empregando-os na área
administrativa, iniciando um processo de geração de emprego e renda que nunca
mais pararia, mesmo após a saída dos militares para Barra do Corda e Grajaú.
Nesse período
ainda, os militares, que administravam o país com mão de ferro, desempenharam
um papel importante na área de segurança, pacificando o município com suas
patrulhas diárias, pondo freio ao grave costume da violência que sempre nos
acompanhou. Viveríamos um período de tranquilidade de que nos ressentimos muito
quando o batalhão se mudou daqui para Barra do Corda com o intuito de cumprir
com o seu mister.
Nesse período,
muitas moças da cidade acompanharam seus maridos, formando suas famílias longe
do torrão natal, como acontece sempre nesses casos, espalhando os
presidutrenses pelo país afora.
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