José Pedro Araújo
Chegamos esta semana de uma viagem
a lugares em que já estive por três vezes: Curitiba; e duas vezes: Foz do
Iguaçu. Voltarei mais vezes, se oportunidade tiver. São lugares que me
apaixonam pelas tantas belezas naturais que possuem, mas também pela eficiência
com que o homem tem cuidado das coisas por lá. Curitiba, por exemplo, com seus
parques bem cuidados – uma infinidade deles, prova de bom gosto e respeito pelo
ser humano que precisa deles para curarem-se do cansaço e das mazelas diárias, desfrutando
o clima bem ameno e o ar puro – é a segunda capital com maior altitude do
Brasil – mas, sobretudo, pela capacidade administrativa dos seus governantes, e
pela educação e capacidade de trabalho do seu povo, tornando a cidade um
exemplo para os demais estados do país.
Ao chegarmos a Curitiba ao meio
dia, um choque: saímos dos trinta e seis graus de Teresina, para os oito graus
da cidade sulista, e com uma sensação térmica de cinco graus. Até já convivemos
com temperaturas bem mais baixas do que aquela, mas, talvez em decorrência do
choque térmico que tivemos, demos entrada no hotel e não saímos mais de lá
naquele resto de dia. Aconteceu a mesma coisa com a quase totalidade do grupo
formado por cerca de quarenta e três pessoas. Algumas delas até se aventuraram
a descer para o bar do excelente Hotel Blue Tree para procurar combater o frio
com algumas taças de vinho. Eu preferi tomar chocolate quente no próprio quarto.
Estava me sentido mais confortável sob o edredom. E depois, por ordem médica,
não poderia mesmo tomar um gole de vinho que fosse. Não tive alternativa,
portanto.
No dia seguinte, bem mais
aclimatado com a temperatura, que começava a subir, partimos para um passeio
pela bela cidade. Curitiba te oferece a oportunidade de embarcar em um desses
ônibus que são encontrados em cidades europeias (os mais notórios são os da
empresa Sightseeing), com um segundo andar panorâmico. E que te permite descer
em cinco pontos escolhidos, para depois apanhar outro até o próximo ponto de
descida. Como passam a cada meia hora, termina sendo este um dos meios de
transporte escolhido pela maioria dos turistas. Desta vez fizemos diferente. Como
já havíamos tomado este tipo de transporte na vez anterior (escolhemos na época
visitas o Jardim Botânico, Mercado Municipal, Bosque João Paulo II, Museu Oscar Niemayer, Ópera
do Arame/Pedreira Paulo Leminski), demos prioridade ao Mercado Municipal (fomos
em busca da tâmara com castanha-do-Pará que a minha mulher Helena tanto apreciou),
e a Ópera do Arame (um belíssimo anfiteatro onde outrora existia uma pedreira,
e que da outra vez encontráramos fechado para reformas).
Queríamos demorar mais tempo em
cada um desses lugares antes de procurar o restaurante Outback para nos deliciarmos
com um prato de Koocaburra Wings. Existem dezenas de pratos mais sofisticados
ali, mas estava com saudades do mais simples deles, composto por sobreasas de
frango à milanesa e por um delicioso molho blue cheese e aipo crocante. É
servido ali como tira-gosto, bem sei, mas visto não estar bebendo nada, queria
aproveitar uma parte da brincadeira, enquanto meus amigos esvaziavam suas taças
de chopp e comiam outras delícias servidas no local, e a Helena degustava um
belo prato de carne.
Depois de bater pernas pela
cidade, aproveitando o seu clima, sorvendo aquele ar refrescante, precisávamos regressar
ao hotel para descansar um pouco. À noite, estávamos com reserva para o Bagdá
Café, um restaurante e casa de espetáculo que executa shows de música árabe e
dança do ventre. A casa, chefiada por um iraquiano muito simpático, é muito
apertada, com espaço para apenas noventa pessoas. Mas, talvez por isto, o
ambiente se mostre tão intimista. Foi
uma noite muito animada, ocasião em que o casal de amigos Roberto e Ana Maria
comemoraram seus trinta e nove anos de casados.
Curitiba também é uma cidade
conhecida pela sua ótima gastronomia. Restaurantes famosos como o Madalosso, ou
o Don Antonio, entre tantas outras casas estreladas, no atrativo e bucólico
bairro de Santa Felicidade, servem uma comida italiana de ótima qualidade e
atraem também pelo luxo do ambiente e a rapidez no atendimento. Nesta vigem
estivemos no Don Antonio (outra vez) e confirmamos a excelência do seu
atendimento. O luxuoso restaurante, é também uma casa de repasto à altura de
quem gosta de comer muito. Ali se paga um valor fixo e pode-se extravasar na
gulodice até não mais aguentar.
Santa Felicidade, aliás, é um
bairro um pouco afastado do centro, que conta com mais de trezentos restaurantes,
a maioria dedicado à culinária italiana. Antes do jantar, estivemos também na
Vinícola Durigan, um lugar excelente para quem aprecia bons vinhos, mas também
para quem gosta de prová-los, juntamente com queijos e massas, antes de realizar
a compra. Tão bom que foi essa a segunda vez que passamos por lá. Desta vez, para
nosso prazer, fomos recebidos por um artista que nos brindou com a excelente e
apaixonante música italiana cantada ao vivo.
Por sua vez, para aquelas pessoas
que gostam de uma boa aventura, há um passeio de dia inteiro à cidade Morretes,
cidade histórica que antecede ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense. É
um dos passeios mais procurados. Principalmente no trem que liga a cidade de
Curitiba ao Porto já citado. É, de fato, uma breve e deslumbrante descida pela
Serra do Mar, com paisagens estonteantes e de tirar o fôlego em todo o seu
percurso. Imperdível, eu diria. Tão famoso quanto o passeio de trem, é também
um prato da culinária paranaense servido na cidade litorânea, o barreado. Mas
esse não bateu bem com o meu paladar. A mistura de carne cozida (por horas) com
uma farinha de péssimo gosto, não me caiu nas graças nenhum pouco. Eu poderia muito
bem ter passado sem esse almoço que estragou um pouco a fama da cidade que tem atraído
tantos turistas ao estado.
Encerro esta crônica dizendo que
essas viagens de setembro, que têm se realizado ano após ano, desde o período
em que nos integramos o grupo da Ana Maria e do Roberto Ferreira, foi uma
maneira que o casal encontrou de comemorar o seu casamento sempre cercados por
um grupo de amigos, e fora da cidade de Teresina. Ana Maria, uma perfeita
agente de viagem informal, organiza tudo com muita competência e
dedicação, de modo que as coisas sempre acontecem dentro da maneira planejada e
sem um deslize.
São viagens muito agradáveis e
alegres, e acontecem desde o tempo em que se realizavam de ônibus, geralmente
por todo o Nordeste. Depois, com o tempo, cresceu o grupo, e também o desejo de
se conhecerem lugares mais distantes. E por conta disto, passaram a serem feitas
por via aérea. E logo um animado componente do grupo denominou as viagens
terrestres de Transatur. Enquanto as mais distantes, e que tem o seu
deslocamento por via aérea, ganhou o epíteto de Transachick. Uma alusão, acredito,
ao fato de o casal comemorar lua-de-mel nessas ocasiões.
A nota triste deste ano, aconteceu
devido à ausência do nosso companheiro Antonio Carvalho, um dos mais animados
membros do grupo, e pai da organizadora do périplo, falecido pouco mais de
um mês antes do início dela. Aliás, foi o próprio Antonio Carvalho quem pediu à
filha que repetíssemos a viagem a Curitiba, cidade em que reside seu irmão
Edson, a quem gostaria de rever e confraternizar com ele em um belo almoço do
grupo no Clube de Campo Santa Mônica, um belíssimo espaço de setenta e três
hectares instalado bem próximo à cidade. O almoço se realizou sem a presença do
seu idealizador. E desta vez, apesar do empenho do Edson em nos receber inequivocamente
bem, não foi a mesma coisa. Reclamavam todos do calor que fazia no local. Um
sofisma para o fato real de estarmos sentindo muita falta do nosso querido
companheiro de viagem.
Ultimamente, o grupo tem viajado
por países como o Chile, o Uruguai e a Argentina. Para o próximo ano, as discussões já estão acontecendo. O casal comemorará quarenta anos de casado,
e as escolhas estão girando em trono de Portugal, terra do pai do Roberto,
Itália ou Espanha. Será a Ultachik 40.
Uma certeza, eu e a minha
companheira de viagens Helena, temos: será mais uma viagem fantástica.
Irmão de alma, você disse tudo, excelente crônica! Parabéns ...
ResponderExcluirObrigado, grande abraço.
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