Jean Carlos Gonçalves*
O Projeto Hidroagrícola do Flores fora um
desdobramento do Plano Geral do Mearim e Afluentes (criado em 1978), o qual
previa uma série de obras para resolver o problema das enchentes
e consequentes prejuízos ocasionados às populações ribeirinhas
ao longo do curso do rio Mearim [...].
Outros fins oficialmente declarados do Projeto
Flores seria a implantação de núcleos agrícolas às margens do Flores, a partir
da utilização de tecnologia de irrigação, como forma de beneficiar pequenos
produtores, e, por conseguinte a promoção do desenvolvimento sustentável da
região. Também era previsto o aproveitamento do potencial hídrico para a
produção de eletricidade.
No entanto, sua prioridade mais urgente seria
solucionar o problema das enchentes, especialmente nas cidades do vale do
Mearim – Pedreiras, Trizidela do Vale, São Luiz Gonzaga, Bacabal, Vitória do
Mearim e Arari. Estas, a cada inverno mais rigoroso, se deparavam com
verdadeiras calamidades.
Em relação ao problema, o Jornal Pequeno publicou
uma matéria intitulada: “Presidente João Goulart autorizou a Construção da
Barragem do Rio Mearim – ATENDIDO PELO PRESIDENTE A SOLICITAÇÃO DE EURICO
RIBEIRO E DEMAIS TRABALHISTAS”, dias antes do Golpe de 1964, no qual este
presidente foi deposto:
“Procedente
do Rio de Janeiro, encontra-se, nesta cidade, o vereador Artur Lacerda de Lima,
integrante da bancada do PTB do legislativo municipal de Pedreiras. O edil
sertanejo participou da reunião dos deputados Cid Carvalho, Luís Coelho,
Alberto Aboud, Eurico Ribeiro e o engenheiro Remi Archer, com o presidente João
Goulart no Palácio das Laranjeiras, quando foi examinada a tragédia das
enchentes e a ajuda do governo Federal às vítimas do flagelo.
Nesse encontro do chefe da nação com os membros do bloco petebista na Câmara Baixa do País, foram traçadas as medidas imediatas de socorro às populações dos vales do Mearim e do Parnaíba, atingida pelas inundações. Diante da dramática situação o deputado federal Eurico Ribeiro, inclui no orçamento da República a verba de 400 milhões de cruzeiros, além de outros auxílios através dos seguintes órgãos SPEVEA, SUDENE e DNOS, destinados à construção de uma grande barragem no rio Mearim, evitando que se repitam os anos, o doloroso drama das enchentes, que assolam rica região do Estado, devastando lavouras e habitações, arrastando tanta gente humilde ao sofrimento, a fome e o desespero. A referida obra, velho anseio do povo do fecundo Vale do Mearim. O vereador Artur Lacerda de Lima conseguiu do Ministério da Agricultura, por intermédio dos deputados Cid Carvalho, 25 milhões de cruzeiros, para o auxílio à lavoura de Pedreiras, destruídas pela enchente. Conseguiram também, junto ao ministério da saúde uma ambulância para transportar enfermos aos hospitais e a instalação do SAPS naquela cidade ribeirinha. Onde funcionará também dentro em breve uma agencia do Banco Nacional de Crédito Cooperativo. Para assistência econômica aos homens do campo. Chegará domingo a São Luís o deputado Federal Eurico Ribeiro, em companhia do deputado Cid Carvalho aonde os dois parlamentares petebistas irão a Pedreiras para examinar a situação das enchentes naqueles naquele município. Deverá visitar também a princesa do Mearim o engenheiro Remiu Archer e o presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, que está sendo esperado hoje nesta capital. ”(JORNAL PEQUENO, 26/03/1964).
Nesse encontro do chefe da nação com os membros do bloco petebista na Câmara Baixa do País, foram traçadas as medidas imediatas de socorro às populações dos vales do Mearim e do Parnaíba, atingida pelas inundações. Diante da dramática situação o deputado federal Eurico Ribeiro, inclui no orçamento da República a verba de 400 milhões de cruzeiros, além de outros auxílios através dos seguintes órgãos SPEVEA, SUDENE e DNOS, destinados à construção de uma grande barragem no rio Mearim, evitando que se repitam os anos, o doloroso drama das enchentes, que assolam rica região do Estado, devastando lavouras e habitações, arrastando tanta gente humilde ao sofrimento, a fome e o desespero. A referida obra, velho anseio do povo do fecundo Vale do Mearim. O vereador Artur Lacerda de Lima conseguiu do Ministério da Agricultura, por intermédio dos deputados Cid Carvalho, 25 milhões de cruzeiros, para o auxílio à lavoura de Pedreiras, destruídas pela enchente. Conseguiram também, junto ao ministério da saúde uma ambulância para transportar enfermos aos hospitais e a instalação do SAPS naquela cidade ribeirinha. Onde funcionará também dentro em breve uma agencia do Banco Nacional de Crédito Cooperativo. Para assistência econômica aos homens do campo. Chegará domingo a São Luís o deputado Federal Eurico Ribeiro, em companhia do deputado Cid Carvalho aonde os dois parlamentares petebistas irão a Pedreiras para examinar a situação das enchentes naqueles naquele município. Deverá visitar também a princesa do Mearim o engenheiro Remiu Archer e o presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, que está sendo esperado hoje nesta capital. ”(JORNAL PEQUENO, 26/03/1964).
A "Barragem do Mearim" citada acima é a
mesma do Flores, pois teria sido, o já falecido, deputado federal Eurico
Ribeiro o primeiro político maranhense a levantar o problema das enchentes e
sugerido o barramento do rio Flores e o Mearim como solução. Através do projeto
nº. 2976, publicado no Diário do Congresso Nacional em 20 de maio de 1961.
Evidentemente, motivado pela catastrófica cheia de 1961, ressaltando ainda, que
a enchente de 1933 marcou sua vida, pois seu pai residente na cidade de
Pedreiras, “perdera quase tudo que possuía: uma usina de beneficiamento de
arroz e algodão e uma loja de tecidos, ferragens e miudezas.” (RIBEIRO,
1986).
Para Vaz em, “O Projeto Flores: Solução e
Problema”, o:
“Projeto
Flores é a denominação dada a uma etapa do Plano Geral do Mearim e Afluentes,
elaborado em 1978. O Plano visava à construção de várias barragens no rio
Mearim e seus afluentes, a fim de conter as cheias deste rio, evitando a
situação de calamidade vivida pelas populações ribeirinhas a cada inverno
rigoroso. Ao mesmo tempo, buscava melhorar a situação do transporte através do
Mearim e proporcionar condições de aproveitamento do seu potencial agrícola e
energético.
O
Projeto Flores foi a etapa inicial do Plano, compreendendo a construção de uma
barragem na confluência dos rios Mearim e o seu afluente Flores e a implantação
de projetos de agricultura irrigada ”.(VAZ, p. 8).
Segundo a Assessória de Comunicação Social da
Secretaria de Desenvolvimento e Irrigação – SRD, os estudos da Barragem do
Flores foram iniciados em 1964. Naquela época o Departamento Nacional de Obras
e Saneamento – DNOS procurava uma maneira mais viável para controlar
definitivamente os problemas causados pelas cheias, nos vários municípios ao
longo do Mearim. Paralelamente, os estudos técnicos identificavam naquela
região, solos férteis com elevada aptidão para o uso com tecnologia de
irrigação.
Mas, durante uma década os estudos de levantamento
ocorreram em ritmo muito lento, e, somente a partir da histórica cheia de 1974,
a qual mais uma vez arrasou a cidade de Pedreiras é que o Governo Federal
passou a ser pressionado para intensificar as ações que viessem de fato
resolver o problema. Porém, somente em dezembro de 1977 é que o Ministro do
Interior Maurício Rangel Reis, através de correspondência, presta
esclarecimentos ao ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República
general Golbery do Couto e Silva, sobre a elaboração de um plano geral dos
recursos naturais do vale do Mearim e afluentes:
“Senhor
Ministro,
Refiro-me
ao Aviso nº1340, datado de 14 de outubro do corrente ano, através do qual Vossa
Excelência encaminhou-me expediente do Senhor Deputado Eurico Ribeiro (ARENA),
no sentido de ativação dos estudos da bacia dos rios Mearim e Flores.
O
DNOS, no âmbito do convênio celebrado com a PORTOBRÁS, ‘para a elaboração do
estudo e projeto geral de aproveitamento e controle dos recursos de águas e
solos das bacias dos rios Mearim, Grajaú, e Pindaré, no estado do Maranhão’,
contratou a elaboração de um plano geral de controle e aproveitamento dos
recursos de água e solos dos vales do rio Mearim e afluentes”. (RIBEIRO, 1986).
Neste fragmento pode-se claramente perceber o
engajamento do deputado Eurico Ribeiro na busca de solucionar o flagelo dos
ribeirinhos do Mearim.
Contudo, para compreender melhor o processo de
gestação do Plano Geral do Mearim e Afluentes, e, por conseguinte, do Projeto
Flores, se faz necessário uma análise do modelo de política econômica adotada
pelos governos militares. Mas tal análise merece uma postagem específica.
O que buscamos demonstrar aqui foi um breve
histórico de como foi gestado o Plano Geral do Mearim e seus Afluentes, projeto
cujo desdobramento fora a construção da Barragem do rio Flores. A obra de maior
impacto na história de TUNTUM.
(*)
Jean Carlos Gonçalves, é professor, cronista e historiador.
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