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O Duomo de Milão(foto do autor)
José Pedro Araújo
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A PARTIDA PARA A ITÁLIA
A
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cordamos no dia seguinte tomados
por uma saudade enorme da bela Lisboa, mas com o coração aflito para
conhecermos o famoso “país da bota”, a bela e decantada Itália. De volta ao
luxuoso aeroporto de Lisboa, embarcamos num voo da TAP para dar prosseguimento
ao nosso rápido giro pela Europa. Nosso destino era Milão, a capital da moda
italiana. A proposta era passar uma tarde e noite na cidade, tempo muito curto,
infelizmente. E de lá seguirmos de ônibus no sentido de Roma, nossa parada
final em terras italiana.
MILÃO
Foi uma viagem
relativamente curta até Milão. Durou pouco mais de duas horas e meia, ocasião
em que sobrevoamos a Espanha, parte da França, até chegarmos ao espaço aéreo
dos descendentes de Caruso. Pouco depois, coração apertado por estarmos prestes
a conhecer La Bella Itália, descíamos no aeroporto da Milão. Malpensa é um
aeroporto moderníssimo que dista cerca de 50 km do centro da cidade. A
curiosidade era muito grande e a sensação de estarmos pisando solo Etrusco
fazia nossos corações transbordarem de emoção. Demoraríamos pouco ali na capital
da região da Lombardia, norte da Itália, de onde partiríamos no dia seguinte para
fazer um virtuoso arco rodoviário conhecendo outras cidades importantes,
transitando por várias outras regiões, até chegarmos, como já esclarecemos, à
bela Roma.
Apreciando a
paisagem da janela do ônibus que nos apanhou no aeroporto Malpensa, partimos
para o nosso hotel, o Una Scandinavia, situado próximo a uma via expressa, quase nos subúrbios da
cidade. Sem perda de tempo, concluímos nosso check in em tempo recorde, trocamos de roupa mais rapidamente ainda
e logo estávamos ocupando uma Van que nos levaria para o centro da cidade.
Nosso destino era o coração de Milão, a estonteante Piazza del Duomo, ao lado
da também famosíssima Galeria Vittorio Emanuelle II, a meca das grifes
italianas, próxima ao não menos famosos Teatro Scala. Somente ao desembarcarmos
ao lado da famosa galeria foi que nos demos conta de que o relógio já marcava
duas e meia da tarde e nós não havíamos almoçado ainda. Foi uma discussão
acirrada: almoçamos ou vamos logo conhecer as belezas do lugar. Logo alguém
avistou uma lanchonete da rede Mac Donald’s e propôs uma rápida refeição antes
de começar a nossa breve visita ao centro da cidade. Concordamos de pronto com
a ideia. Não gostaríamos de perder tempo com... comida.
Proposta
aceita, refeição rapidamente realizada, começamos o nosso périplo. A tal
galeria Vitorio Emanuelle é realmente algo de um refinamento a toda prova. Construída
nos idos dos de 1865, é o mais antigo centro comercial da Itália. Seu espaço
central é recoberto por uma cúpula com vitrais belíssimos e um piso de mosaico
com vários e maravilhosos desenhos, em especial do Touro que simboliza a
cidade. Naquele espaço nababesco convivem lojas da Versace, Doce e Gabbana, Prada,
Gucci e Armani, entre outras feras da moda mundial. Pena que nossas carteiras
não pudessem suportar os preços ali praticados. Até mesmo entrar em uma loja
daquelas nos constrangia. Saímos de lá como entramos, de mãos abanando, e
rapidamente nos dirigimos para a vizinha Catedral da Cidade, o Duomo.
A Catedral de
Milão é a sede da Arquidiocese e sua construção teve inicio em 1386, na idade
média, portanto. Sem dúvidas o Duomo merece a fama que tem. Belíssimo prédio em
estilo gótico passou por alterações em sua fachada ao longo dos séculos, sem
que o charme e a beleza sofresse o mais leve arranhão. Não há como não se
encantar e se emocionar com a visão daquele templo erguido em homenagem ao
cristianismo. Difícil mesmo é não se perder em meio àquele mar de turistas de todas
as nacionalidades que ocupam cada centímetro da praça que abriga a famosa
Catedral. Lugar para sentar, descansar as pernas, nem pensar. Tudo está ocupado
pela avalanche de turistas, a maioria de olhinhos puxados, descendentes de
orientais. Se no passado os japoneses já ocupavam o primeiro lugar no mundo em
termos de turismo, agora, com a chegada dos chineses, o mundo foi tomado por
uma maré de semblantes oriental ainda maior. E essa visão estaria fadada a
acontecer durante todo o nosso percurso. Para registrar as ocasiões, ficava
quase impossível não enquadrar algum oriental em nossas fotografias.
Todavia,
as pernas precisavam de descanso e, finalmente, decidimos procurar assento em
um dos cafés existentes na Galeria Vitorio Emanuelle II. Estávamos dispostos a
gastar uns poucos euros tomando uma cervejinha enquanto descansávamos. Um dos
companheiros de viagem, ressabiado com o preço das coisas, logo se apossou de
um cardápio e começou a compulsá-lo, procurando pelo preço da cerveja. De
repente, não mais que de repente, ele apontou assustado para o preço da
minúscula garrafinha de cerveja que mal dava para encher um copo. O que vimos
naquele cardápio provocou uma reação em cadeia: levantamo-nos a um só tempo, com
que picados por um enxame de abelhas e
fomos logo procurando a saída. Os outros amigos já estavam se distanciando o
mais que puderam daquele ambiente que cobrava inacreditáveis doze euros por uma
garrafinha minúscula de cerveja. O cansaço nas pernas e a dor nos pés que
aguardasse por ocasião que atacasse menos os nossos bolsos. Aliás, durante toda
a viagem verificamos que os italianos cobram mais pelo assento do que propriamente
pelos produtos que vendem. Ai que saudade de casa!
O
tempo passou rápido naquela curta tarde de primavera, nosso primeiro dia em
chão italiano. Foi apenas um pequeno aperitivo do que viria nos dias que se
seguiriam. Já era noite quando nos recolhemos ao nosso hotel, e lá jantamos e
conhecemos o grupo ao qual nos juntaríamos. Agora, ao invés de nove pessoas,
formaríamos uma trupe numerosa que ocuparia todos os lugares de dois belos
ônibus de turismo. Permaneceríamos juntos, doravante, por longos oito dias, até
a nossa parada final, em Roma, ocasião em que cada um retornaria a sua cidade
de origem.
Finalizo a
descrição da nossa estadia em Milano, afirmando que o grupo de turistas que se
juntou ao nosso, era composto por brasileiros de vários estados, com exceção de
um Argentino e um Português, que, contudo, eram casados com brasileiras e
residiam no Brasil.
Começamos bem.
A breve parada em Milão encantou a todos, abriu com chave-de-ouro as portas da
velha bota. O sonho de conhecer a Itália estava sendo realizado com pompa e
circunstancia.
Fomos dormir
naquele dia com a gostosa sensação de que o futuro nos reservaria belos dias no
velho continente. Estávamos certíssimos, é o que veremos a seguir.
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