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Veneza à partir do alto do Campanário(foto Wilana Araújo) |
VENEZA
(II)
José
Pedro Araújo
Voltamos para
a Praça de San Marco. Ainda teríamos outra experiência única: fazer um passeio
de Gôndola pelos inúmeros canais da cidade aquática. O grupo foi dividido,
tomamos duas belíssimas Gôndolas, ricamente decoradas e impulsionadas pelos
gondoleiros venezianos vestidos com o seu traje característico: calça de tergal
escura, camisa com listas horizontais nas cores banca e com listas azuis ou
vermelhas. Uma sorte: o nosso gondoleiro era dos que gostavam de cantar. Até me
arrisquei e o acompanhei no Sole Mio. Peço desculpas, pois estava empolgado,
depois de degustar algumas taças de Champanhe on board. Enquanto isso, o nosso
gondoleiro (no rio Parnaíba seriam chamados Vareiros, uma vez que não usam
remos, e sim varas, para impulsionarem os barcos) nos levava por canais
estreitíssimos situados entre prédios que, em decorrência da baixa maré,
mostravam na sua estrutura e o peso dos séculos nas suas fundações deterioradas.
Essas construções,
aliás, são mais um exemplo da inteligência humana que, se levada na direção do
bem, faz coisas maravilhosas. Os edifícios têm a sua base assentada em estacas
de madeiras que são fincadas no solo argiloso e mole até encontrar terreno
firme. E a madeira utilizada é encontrada na própria região, e nunca apodrecem.
Belo passeio!
Mais uma etapa foi cumprida com muito prazer. Estávamos quitando uma promessa
de criança. No final, nem o mau humor do nosso gondoleiro (aí mostrou a sua
verdadeira face europeia) que insistia para que deixássemos a Gôndola
rapidamente, afim de que ele pudesse embarcar novos sonhadores (Prego, prego!
gritava ele, aflito), empanou o brilho daquele passeio maravilhoso.
De volta ao
embarcadouro, rumamos para a praça famosa para novas fotos. Feliz, Wilana pedia
a cada instante: “saca la foto!”. E a Lair não parava de reclamar que o
Fernando quase não tirava fotografias dela. E o pior era que era verdade: ainda
no começo da viagem, ele só havia feito umas 600 poses com ela. A Helena logo
se assenhorou do meu quepe de comandante veneziano e passou a posar em todas as
fotos com ele, enquanto a Ana Lúcia partia célere em busca de um autêntico gelato
italiano.
Nessa altura,
perdemos o Henrique de vistas. Visitamos a vetusta igreja de San Marcos,
fizemos as fotos tradicionais no seu interior, admiramos a sua bela
arquitetura, seus afrescos impressionantes, e logo voltamos à praça para um
gostoso café. Foi nesse instante que descobrimos o porquê de tantas cadeiras e
mesas vazias, em meio a um mar de turistas: o preço do cafezinho tomado de pé,
era bem inferior ao que se tomava aboletado em uma daquelas cadeiras coloridas.
Mas meus pés
já estavam reclamando muito, e eu tive que escolher uma das mesas, apesar do
preço. Um alerta: o cafezinho italiano vem em uma xicara minúscula, e ainda é
servido apenas pela metade. Só dá para um gole. Escolhi a xícara grande do
cappuccino. E nele me demorei mais de meia hora. Era preciso dar tempo aos pés.
Quando
estávamos terminando o café, o Henrique apareceu com a Ana. Disse-nos que tinha
subido ao alto do campanário e que a vista lá de cima valia a pena. Fomos todos
para a fila da bilheteria. Subimos pelo elevador os seus 98,6 metros. A vista
que nos esperava era algo estonteante. Lá do alto temos uma visão de 360 graus
da cidade, ou seja, vemos Veneza em toda a sua inteireza, a sua plenitude.
Imperdível! Valeu cada centavo de euro gasto e o tempo que levamos na fila.
Uma coisa que
eu não sabia na época da viagem. Os sinos do Campanile de San Marco foram feitos na mesma oficina que forjou os da
bela igreja matriz de São Sebastião, em Presidente Dutra: a Fundição Fratelli
Barigozzi, em 1955, vários séculos depois de ter fundido as campânulas de San
Marco .
De volta ao
rés do chão, fomos em busca de um Dolce Gelato e saímos a apreciá-lo enquanto
caminhávamos pela praça. Não queríamos perder um só minuto do pouco tempo que
ainda nos restava ali. E depois, tinha aquela história: tomar o gelato em pé
era mais barato. Caminhando pela praça, aconteceu algo inusitado para nós: um
pombo, dos milhares que vivem por ali, veio sentar no ombro do Jônatas,
querendo uma bicada do seu sorvete. A Piazza de San Marco tem tudo a ver com
eles.
Terminamos o
dia andando pelas vielas da cidade, e reencontramos o nosso amigo Henrique, que
não víamos desde que o viramos à saída do campanário. Estava empolgado a
admirar uma autêntica Ferrari em uma loja da escuderia. Foi um choque ver
aquele artefato que, no final das contas, era o maior exemplo da modernidade
automobilística, em uma loja encrustada em uma viela estreita e sinuosa da
velha e milenar Veneza. Já noite, voltamos de Vaporetto para o nosso hotel em
Mestre. No dia seguinte voltaríamos a tomar o nosso ônibus. Nosso próximo
pernoite seria em Firenze, outro símbolo da beleza e da inteligência dos
arquitetos italianos.
Mas, antes,
ainda conheceríamos outras cidades pelo caminho. E vimos cada coisa, cada
monumento!
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