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Em frente ao Castelo de Sirmioni, as belas do nosso grupo |
LAGO DE GARDA E VERONA (Itália)
José Pedro Araújo
A
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pós Café da Manhã reforçado, porque
o futuro de um viajante que desconhece a estrada é um voo cego. Embarcamos em
um dos dois ônibus que nos levaria a Veneza, aonde chegaríamos ao final do dia.
Nosso grupo seguiu junto no mesmo veiculo, e seria assim em toda a viagem que
teria como parada final a velha cidade de Roma. Junto conosco estava também o
nosso guia português. Era um gordinho falante, engraçado, mas, muito exigente
quanto aos horários, e competente nas suas atribuições, repassando incansavelmente
informações importantes sobre o trajeto. O ônibus também era um veiculo muito
confortável, dirigido por um profissional competente e muito discreto, fato que
nos passou muita confiança.
É um exercício
gostoso ficar olhando pelas amplas janelas a paisagem que vai se descortinando
à medida que o Busão come distância.
Interessante também é verificar as mudanças que vão se processando de uma
região a outra do trajeto. A autoestrada é de excelente qualidade e passa ao
largo de uma infinidade de cidades de pequeno, médio e grande porte, com suas
igrejinhas com o campanário sempre igual, apontando para um céu límpido e
banhado por raios amarelados do sol nascente. Parecia até que todos os espaços
estavam ocupados com essas cidades que não cessavam de aparecer no nosso campo
de visão à medida que avançávamos em direção ao Lago de Garda, o maior da
Itália.
Chegamos às
suas margens ainda no começo da manhã, e desembarcamos na bela Sirmioni,
província de Brescia. Viagem curta pela A4 – Milano-Venezia, apenas 137 km
rodados. Indescritível, é a palavra mais simples que podemos usar para
descrever a visão que tivemos daquela cidadezinha tão aconchegante e cheia de
encantos. Aqui também o moderno foi fundido ao antigo e quase o suplantou. No
espaço reservado para o estacionamento dos ônibus encontramos já uma grande quantidade
desse meio de transporte, sinal de que iriamos encontrar muitos turistas aqui
também. Alertados de que o nosso tempo era curto para apreciarmos as belezas do
lugar, aceleramos as passadas em busca do nosso alvo: a beira do famoso lago,
ao lado do castelo de Scaliger.
No caminho
sobrava pouco tempo para apreciarmos o casario, os jardins, as quitandas e
lanchonetes convidativas para um café. “Lá mais afrente vocês vão encontrar
algo mais convidativo”, nos alertou o guia. Depois de poucos minutos de
acelerada caminhada avistamos algo que nos chamou atenção pelo inusitado nome: Terme Fonte Boiola. Ou Termas Fonte do Boiola.
Todo mundo quis pousar na frente daquilo que parecia ser uma brincadeira. Mas,
era sério. Tinha até mesmo um hotel com o mesmo nome da fonte térmica. Seguimos
em frente e logo estávamos às portas do castelo. Construído a partir de 1277, a
construção é uma das principais atrações da cidade, com suas torres e fortins
edificados, certamente, para defender o lugar de invasões inimigas. O Lago de
Garda é um espetáculo à parte. A beleza de suas águas azuis é brindada com um
acréscimo de alto luxo: a bela visão das montanhas Trentino.
Ainda era
possível ver resquícios de neve nos picos mais elevados, lá ao fundo. Sirmioni
é apenas uma das muitas cidades e vilas que se situam no contorno do grande
lago. Possui pouco mais de 6.200 habitantes, ocupando uma área territorial de
33 km2. O casario da idade média, construído em pedra lavrada, contrasta com
prédios de arquitetura contemporânea no entrono da marina repleta de
embarcações. Situa-se, ainda, em Garda as ruinas de uma construção erigidas no
século Um antes de Cristo, as Grutas de Catulo. Nosso tempo não foi suficiente
para chegarmos até lá. Tempo mesmo só tivemos para um rápido cafezinho e uma
ida ao banheiro em uma charmosa Spagheteria. Aliás, como depois tivemos
oportunidade de confirmar em todo o trajeto, usar o banheiro só pagando. E o
cafezinho, contudo, pode gerar o direito de usá-los pelo mesmo valor que
desembolsaríamos sem apreciá-lo.
Era hora de
seguir em frente. O único senão de uma viagem desse tipo é a ditadura instalada
pelos guias de turismo. Também, já pensaram como seria sem eles! Até juntar
todo mundo, a noite já teria chegado. E nós tínhamos hora marcada com a Julieta
e com o Romeo, em Verona. Finalizo a descrição da nossa estada em Sirmioni com
a informação de que a divisa das regiões da Lombardia e do Vêneto é uma linha
imaginária que corta o Garda no sentido longitudinal. Assim, já entramos logo
na região do Vêneto, em busca da sonhada Veneza. Antes uma passadinha pela
inesquecível Verona.
VERONA
Verona é
daquelas cidades que a gente nunca mais esquece e que, devotadamente, fazemos
promessa de voltar um dia pare revê-la. Mais uma vez deixamos nosso ônibus em
local apropriado para estacionamento e seguimos a pé pelo centro da cidade.
Seguimos acompanhando as muralhas medievais perfeitamente conservadas até a
Praça da Prefeitura, em frente ao Coliseu de Verona, a segunda arena em tamanho
na Itália. Pareceu-me mais bem conservada do que a arena de Roma, o Coliseu.
Fotos tiradas, imagens incrustadas na retina, seguimos nosso caminho em busca
da Casa de Giulietta. No trajeto de quase dez minutos deixei minha câmera
ligada no modo filmagem e segui filmando... meus pés, e o chão sagrado da
medieval Verona, até próximo a casa da famosa musa de Shakespeare.
Transitando
por uma viela repleta de turistas, chegamos ao nosso destino tendo que fazer
força para arranjar um espaço até a entrada da casa famosa. Ao entrar em um
pátio estreito e apinhado de gente, lá avistamos uma estátua em bronze da grande
musa. E à direita, no alto, um balcão por onde a bela Giulietta recebia o amado
Romeo para tórridas noites de amor. Difícil não se emocionar com a visão de
tudo aquilo. A lenda do amor impossível de Giulietta Capuletti e Romeo Montechi
evoca os nossos mais profundos e sagrados sentimentos. A visita, como já se
tornou praxe, termina com os homens segurando com uma das mãos o seio da bella, representado em tamanho
avantajado em bronze polido. E as mulheres, mais recatadas, apenas posam ao
lado da estátua. Dizem que o gesto de por a mão sobre o seio da musa traz sorte
no amor.
Chama atenção
também uma grade de ferro cheia de cadeados presos a ela, simbolizando
duradoura união a quem deixa um fixado para sempre nela. Do mesmo modo, as
paredes da entrada da casa estão cheias de rabiscos com declarações de amor e
desenhos de corações com os nomes de muitos amantes. Esperamos que essas
demonstrações possam, de fato, eternizar as relações amorosas de tantos quantos
já repetiram aqueles gestos. Depois disto, sobrou tempo apenas para degustar um
almoço em um ristorante aconchegante
encrustado no pátio de um dos palácios seculares existentes na cidade, na Piazza delle Erbe. Comida boa, o serviço
de atendimento foi melhor ainda, pois encontramos um brazuca para facilitar a nossa vida. Ciao, Verona! Até outra
oportunidade, que esperamos não demorar muito.
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