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Panorâmica de Florença(Duomo e Campanille) |
FLORENÇA
José Pedro Araújo
D
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e Lucca a Florença são pouco mais
de 76 km pela belíssima e segura autoestrada E76. Nosso ônibus levou pouco mais
de uma hora de viagem para chegar até aos subúrbios da cidade em que o
Renascimento foi deflagrado, causando um verdadeiro terremoto nas artes. A
princípio, passamos pelo parque industrial na periferia, com suas fábricas de
instalações modernas, diferenciando totalmente do que veríamos no centro
histórico da cidade. Depois, quando nos aproximávamos mais da região central,
as belas construções foram aparecendo. Pouco tempo depois chegamos ao nosso
hotel, o Villa Gabrielle D’Annunzio, um quatro estrelas belíssimo e confortável
que ocupa um velho monastério reformado. Cercado pelo verde, o aconchegante
hotel apresenta uma variedade de belas esculturas e outras obras de arte desde
os jardins com uma grande variedade de flores e arbustos bem cuidados. E em
meio a estes, algumas estátuas de valor histórico foram implantadas sobre
pedestais. E o melhor: fica localizado a menos de três quilômetros do centro
histórico da bela Firenze.
Cansado da
viagem de um dia inteiro, com passagem por belas e históricas cidades
italianas, ainda tínhamos que cumprir uma última e especial etapa: o
aniversário da Ana Lúcia Almeida era nesse dia 27/03. Só deu tempo fazer o
check-in, tomar um banho e trocar de roupas, e logo estávamos atrás de um
restaurante próximo ao hotel para a merecida comemoração. Estávamos é força de
expressão, pois não aguentei o tranco nesse dia. Estava com os pés em desgraça
e não consegui sair do quarto depois do banho. Helena e eu, e também a
Benedita, aproveitamos o conforto da bela acomodação e tratamos de refazer as forças
para um dia deslumbrante pelo centro histórico da belíssima capital da Toscana.
Henrique, Ana, Fernando, Lair, Jônatas e Wilana partiram resolutos atrás de um
local aonde pudessem homenagear a aniversariante com pompa e circunstancia. E
não demoraram a encontrar um belo ristorante com boa comida e vinho de boa
cepa. Por falta de condições físicas, e
uma boa dose de preguiça, perdi o Special Happy End para aquele dia.
Para mim,
Florença está entre as cinco melhores cidades que cheguei a conhecer. Foi amor à
primeira vista. Tudo o que pensei sentir por Veneza, aconteceu na bela e
encantadora cidade toscana. Caminhar pelas ruas sinuosas da cidade é um
programa que supera qualquer outro. E não nos fizemos de rogado, não agimos com
parcimônia. Café da manhã tomado, partimos para conhecer as atrações que a
cidade tinha para nos oferecer. Eram muitas. Tantas que não se consegue
visitá-las em menos de uma semana. E nós só tínhamos dois dias para isso.
Tivemos que escolher o melhor do melhor, o crème
de la crème, e partimos para uma panorâmica pelo seu centro histórico
cheios de curiosidade e o coração transbordante de alegria.
O coletivo nos
largou na margem do Rio Arno, as nove da matina. Fazia um sol belíssimo, mas o
clima mantinha-se bastante frio para os nossos padrões. Saímos dali em busca da
Piazza di Santa Croce, para visitar a
basílica de mesmo nome. A Chiesa di Santa Croce é também um Panteão, uma vez
que nela estão sepultadas mais de 250 personalidades notáveis da cidade. Sua
estrutura, antes inteiramente gótica, sofreu alterações ao longo do tempo, e
hoje o seu exterior é revestido por colorido mármore de Carrara. Do seu lado
esquerdo, chama a atenção uma estátua de Dante Alighieri.
De lá fomos
conhecer a estonteante Piazza dela Signoria, a praça central da cidade. Lá fica
o seu centro administrativo, o Palazzo Vecchio, antiga residência da família Médici.
A praça é também o centro social da cidade, com belas fontes e um sem número de
estátuas espalhadas pelo seu quadrilátero. Em frente à velha sede do poder
civil, acha-se uma bela cópia da estátua de David de Michelangelo, em tamanho
real, uma das obras de arte mais admiradas e fotografadas em todos os tempos. O
original, que hoje se encontra abrigada no Museu da Academia, esteve neste
lugar por muitos anos, até ser substituída, para evitar mais desgastes. Piazza
della Signoria é um museu ao ar livre, tantas são as suas obras de artes.
Partimos dali
para conhecer a Ponte Vecchio, sobre o rio Arno, um dos cartões postais da
cidade, que apresenta estrutura coberta e uma infinidade de lojas ao longo de
todos os seus 84 metros de extensão, ocupadas, especialmente, por joalharias. A
ligação do Palazzo Vecchio com a ponte é feita pelo Corredor de Vasali, também
conhecido como o Percurso do Príncipe. Por esta passarela coberta passava o
príncipe e sua família rumo ao rio para o banho. Trafegavam eles protegidos das
intempéries e de algum ataque inimigo. Foi construído em 1565, por Francisco I.
Não dá para visitar Florença sem ir conhecer este monumento ao desperdício, mas
de uma beleza histórica sem par.
No trajeto
para visitar a Catedral de Florença, ou Duomo di Firenze, passamos ainda por
diversos pontos de atração e lojas com suas vitrines que atraem mais às
mulheres do que qualquer obra antiga. O Mercado da Palha, com o seu Javali da
sorte, é um dos pontos que passamos ao longo do caminho. E fomos surpreendidos
por um dos feirantes que, ao ver o Jônatas vestido com a camisa do Fluminense,
começou a entoar o hino do clube a plenos pulmões. Era um carioca que havia
adotado a cidade há quinze anos e tinha como profissão a arte da venda em
espaços públicos, o tradicional camelô.
A visita ao
Duomo é um caso a parte. O conjunto composto pelo Batistério, A Chiesa de Santa
Maria del Fiore e o Campanário de 114 metros de altura, é um espetáculo que
deslumbra e emociona. Não há como descrever isso aqui em tão curto espaço. A
obra é a junção de vários estilos arquitetônicos, passando do neogótico,
renascentista, para a Gótica italiana, e a finalmente a gótica pura. O conjunto
da obra produziu algo que transcende a tudo o que já havia visto até então. Tanto
pela beleza plástica, quanto pela sua conservação.
A qualidade e
conservação da obra não têm paralelo em qualquer outro lugar já visitado nessa
viagem, ou que ainda veríamos dali para frente. O Batistério de São João, que
compõe o trio maravilhoso, possui uma obra de inigualável beleza: as Portas do
Céu. Obra encomendada por Giotto, no ano de 1329, ao artista Andrea Pisano, é
toda feita em bronze, com imagens em alto relevo representando a vida de João
Batista e suas virtudes, e levou seis anos para ser concluída. O Batistério imita
uma lanterna octogonal e simboliza o Oitavo Dia, o dia da Ascensão de Cristo.
Essas poucas
informações são uma espécie de síntese de tudo o que se pode ver em Florença, a
cidade mais importante da bela, estonteante e atrativa região da Toscana.
Precisamos parar por aqui, pois ainda temos que prosseguir por mais alguns dias
nessa viagem de sonhos.
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