![]() |
Pisa - Muralha com portal de acesso à torre(Foto do autor) |
PÁDUA/PISA/LUCCA
José Pedro Araújo
PÁDUA
S
|
anto Antônio está sepultado na
catedral de Padova(Pádua), como todos sabem. E por isso, a cidade faz parte do
roteiro da maioria dos pacotes do tipo “Conheça a Itália”. Acordamos cedo,
pois, mesmo andando de ônibus fretado, tínhamos horário marcado para embarcar.
Por isso, café reforçado e devidamente agasalhado no estômago, embarcamos às
7:00 horas da matina no nosso Bus. A
manhã estava fria, e por isso o amigo Fernando já amanheceu o dia reclamado do
clima. Acho que ser magro, em situações como esta, é uma desvantagem. E o
Fernando ainda tinha que retirar as luvas a cada cinco minutos para fazer uma
foto da Lair. Era um bota e tira, que ele acabava por perder pelo menos uma
delas, quase todos os dias. A propósito disto, aprendi algo importante com as
mulheres. O porquê de elas nunca repetirem nem um dos componentes que compõe a
sua vestimenta daquele dia: não podem aparecer nas fotos em locais diferentes
trajando a mesma roupa. E isso é uma preocupação e tanto. Por isso, carregam
malas e mais malas para acomodar as inúmeras roupas, cachecóis, casacos,
sapatos, sapatos, sapatos... e tudo o mais.
Enquanto isso
- voltando para nossa viagem - meu experiente amigo, Henrique, afirma que leva,
no máximo, três calças Jeans para os doze dias de viagem. Ele prefere utilizar
a mala para acomodar o que comprará na viagem.
Sábia decisão, mesmo achando que ele diz isso de brincadeira, pois o vejo
sempre trajando roupas limpas e novas.
De Veneza para
Padova são somente 37 km. E nós fizemos esse trecho em pouco mais de meia hora,
trafegando em uma rodovia muito bem conservada, pista duplicada, trânsito
relativamente tranquilo. E como os ônibus são proibidos de trafegarem pelo
centro da maioria das cidades italianas, deixamos o nosso cerca de quinze
minutos da Basílica de Santo Antônio de Pádua e fizemos o trajeto a pé e sob
intenso frio. Cidade medieval, daquele tipo que ainda possui as suas muralhas
de proteção, tivemos pouco tempo para visitar a cidade e gastamo-lo na visita a
catedral. O ambiente escuro do interior do templo, sua arquitetura vetusta,
além do silêncio interior, faz com que o passado volte ao nosso encontro
trazendo a história daquele religioso que têm tanta importância para grande
parte dos brasileiros, pois é ele um dos três santos festeiros que embalam as
festas juninas, além de ser incensado e muito requisitado - como o santo
casamenteiro - pelas moças com dificuldade para arrumar um marido.
Por tudo isso,
posso afirmar que vale a pena uma visita à basílica de Santo Antônio. Aliás,
fiquei sabendo pelo nosso guia, que Portugal e Itália travaram verdadeira
guerra verbal pela posse dos despojos do santo. Como Santo Antônio era nascido
em Portugal, deveria ser sepultado lá, diz nossos patrícios. Enquanto, para os
italianos, ele havia escolhido Pádua como a sua morada, portanto, deveria
permanecer lá. E assim ficou até os dias de hoje.
Padova possui
a segunda universidade mais antiga da Itália, com quase 800 anos de existência.
Possui ainda um acervo com as melhores obras de Giotto, além de uma belíssima
praça com muitas e belas estátuas sobre pedestais, conhecida como Piazza dela
Pacce Ythazac Rabin. Passamos pelo meio dela, contemplado aquele belo cenário, pois
o estacionamento do nosso ônibus ficava próximo. Ainda tivemos tempo para um
lanche, e logo voltamos para a estrada. A viagem só estava no começo e ainda
tínhamos outros lugares para visitar antes da chegada a Florença. Próximo
destino Pisa.
PISA
D
|
e Pádua a Pisa são 293 km por
estrada de ótima trafegabilidade. A paisagem que vemos pela janela do ônibus é
um tônico à nossa visão e não nos permite ficar um instante de olhos fechados.
Atravessamos belos campos agrícolas, e vilarejos de cartão postal pelo caminho.
As casas rurais, a maioria construídas de blocos de granito, possuem dois
pavimentos, sendo o térreo para acomodar os petrechos de trabalho, os animais e
as silagens, quando inverno chega e não permite que os bichos pastem mansamente
em pleno campo. E o andar superior para acomodar a família. Dá para ver que são
confortáveis, diferentemente do que vemos aqui no nosso país, especialmente no
nosso estado.
Em Pisa, no
que pese ser também uma bela cidade medieval, uma coisa atrai a maioria dos
viajantes: a Torre Inclinada. Ou Torre de Pisa. Quando lá chegamos, estava ela
ainda interditada para uma das suas costumeiras reformas e melhoria na sua
sustentação. Por isso, passamos a visitar o seu entorno, fazer as costumeiras
fotos como se estivéssemos segurando-a para não tombar, essas coisas.
O pequeno
quadrilátero em que fica situada a Catedral, a torre inclinada, que é, na
verdade, um campanário, e o Batistério, é uma atração, tanto pela história que
encerra, como pela beleza das construções revestidas em mármore branco. A torre
atrativa é a mais nova das três construções, e começou a ser edificada no ano
de 1.173, medindo 56,70 metros na sua parte maior, dada à inclinação. E possui
294 degraus na sua escadaria interna. A torre, a construção mais interessante,
começou a ficar inclinada pouco depois da sua construção, tornando-se, com
isto, uma das imagens mais conhecidas no mundo.
É, de fato, um
lugar imperdível, e conhecê-lo é uma obrigação para aqueles que gostam de uma
viagem cujo propósito é aumentar seus conhecimentos. Observar aquela torre com
14.500 toneladas de peso, inclinada daquela forma desde muitos séculos - e sem
que viesse a tombar definitivamente -, é uma experiência que ficará para sempre
na mente dos que tem a primazia de contemplar aquela obra de engenharia que, a
princípio, foi mal executada. Mas que, até hoje, no que pese dizer-se que ela
se inclina um pouco mais a cada ano, ainda continua lá para quem quiser
apreciá-la.
Tivemos que
fazer o nosso almoço em um dos templos da modernidade gastronômica mundial, um
fast food: o Mcdonalds. Papei um Big Mac em lugar de uma pasta italiana. E
fomos em frente. Lucca estava a nos esperar.
LUCCA
D
|
eixamos a rodovia E70 e seguimos
pela Strada Estatale 1 por 18 km apenas, até a cidade medieval de Lucca.
Fizemos o percurso em menos de meia hora e estacionamos fora da cidade, bem
próximo às muralhas quase intactas da cidade. Mais uma vez, ficamos encantados
com tudo o que vimos. Luca é uma cidade de menos de 90.000 habitantes, situada
na região da bela Toscana, que atrai milhares de turistas anualmente, tanto
pela sua incomparável beleza estética, mas também pela sua história. A
propósito, como Lucca existem várias pequenas cidades na região que são uma
atração a parte. E quase todas, diferentemente de Lucca, que está situada em um
local plano, ficam encarapitadas no alto de algum monte íngreme.
Deixamos o
ônibus estacionado em frente ao seu principal portal de acesso, e fomos a pé
apreciando a beleza dos edifícios históricos, a atratividade das vitrines bem
chamativas, e subimos a estreita rua até a Praça da Chiesa di San Miguel in
Forum, uma bela construção do século VIII. Enquanto estávamos entretidos com um
caixa eletrônico, tentando liberar alguns euros para suprir as nossas
necessidades, Henrique, Jônatas e Fernando foram para outro lado atrás de um boteco
para matar a sede e apreciar a principal bebida da região, o Licor Stregga. Gostaram
do sabor, mas não do preço. Optaram por uma dose de Whisky, não menos barata. Mas,
pelo menos, desse conheciam o sabor.
Enquanto
procurava por eles, dei com a praça que homenageia o músico Giácomo Puccini, com
uma bela estátua de bronze, a Pizza Cittadela, na sua terra natal. De volta, depois
de apreciar o maestro em sua poltrona granítica, encontrei os companheiros que
procurava já voltando para se juntar ao grupo de mulheres que também haviam
dado por terminado o seu passeio pelas lojas da pequena cidade.
A visita foi
curta, mas o suficiente para ficarmos apaixonados pela bela cidade medieval que
viu nascer um dos maiores artistas italianos, criador de Madame Batterfly,
Turandot e La Bohéme, entre tantas outras. Mas estava na hora de pegar a
estrada novamente, e seguir para Firenze. Tínhamos pouco menos de 80 km para
percorrer antes que a noite nos pegasse na estrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário