terça-feira, 27 de junho de 2017

Presidente Dutra, uma amor que nunca fenece!

Imagem by Adonias Soares



(José Pedro Araújo)

Pensei em muitas maneiras de começar este texto. Poderia iniciá-lo afirmando que ele pretende ser uma homenagem à passagem do 73º aniversário da minha cidade natal, o meu velho e querido Curador, e falar do imenso amor que lhe devoto.  Poderia também começar esta peroração falando do conflito de datas que existe sobre o real dia do seu nascimento, uma vez que o Decreto-Lei de elevação da vila à categoria de município foi assinado e publicado no dia 30 de dezembro de 1943, mas a data da sua instalação, foi somente no dia 28 de junho de 1944. E que foi esse segundo momento importante, exatamente aquele que foi escolhido para a data festiva do seu aniversário. Ou até poderia falar sobre o pavilhão que desfralda as cores do município, e que traz outra data, 28 de junho de 1976, dia que suponho ser aquele em que foi assinado o Decreto Municipal que instituiu a bandeira como um dos símbolos da cidade.

Mas, pensando bem, vou começar por uma polêmica que acredito ser uma invencionice de alguém que queria dar à cidade um ponto de partida para a sua história, retirando da sua mente fértil e, talvez, bem intencionada, algo do tipo: tudo começou com a... Estou me referindo àquele começo da história que está registrado pelo IBGE, e que depois foi adotado por muitos como sendo o verdadeiro começo do nosso amado município. Creio até mesmo que foi uma invenção de alguém da própria empresa de estatística, que a criou e a imortalizou. E a história passou a ser contada assim: “No século XIX, os cunhados José de Souza Carvalheiro e José de Souza Albuquerque, buscando local onde pudessem se fixar, partiram de Codó, desbravando a região. Abriram picadas, seguindo por trilhas de caças e identificando os acidentes geográficos, tendo como orientação apenas a trajetória do Sol. Assim, conseguiram localizar as brejeiras de São Bento, São Joaquim do Caxixi e Corrente, hoje pertencentes a Tuntum, os dois primeiros e a Barra da Corda, o último”. Convenhamos, não é um bom começo, uma vez que nenhum dos lugares descritos (brejeiras de São Bento, São Joaquim do Caxixi ou Corrente), faz parte hoje do nosso município. Se nunca residiram na região que passou a ser conhecida como Curador, por que dar-lhes o título de fundadores? E por que credito essa história a alguém do próprio IBGE, órgão responsável pelo diagnóstico e pelas estatísticas sociais do país, bem como pela delimitação de seus municípios? Simplesmente porque por ocasião da elaboração das informações que deveriam fazer parte da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, ficou determinado que os escritórios da empresa descreveriam a história de todos os municípios brasileiros. O Curador, que até aquela data permanecia sem um começo conhecido ou crível, ganhou a história contada acima. Não gostavam da ideia de que tudo havia começado com um curandeiro desconhecido, alguém sem nome e sem endereço.

De outro modo, mas seguindo esse mesmo diapasão, mais recentemente alguém pensou em destinar um nome ao personagem que primeiro habitou em terras do velho Curador, exatamente o nosso Curandeiro. E pespegou nele o nome de Abel Martins. Acredito também em invenção, e com o mesmo propósito daqueles que criaram a história que diz que os cunhados José de Souza Carvalheiro e José de Souza Albuquerque foram os criadores da povoação que mais tarde ficaria conhecida como Curador. No meu livro “Viajando do Curador a Presidente Dutra – história, personalidades e fatos”, observei que um cidadão com esse nome havia residido, por aquela época, em Colinas, àquele tempo conhecido como Picos, e que até mesmo chegara a dirigir os destinos da cidade ao se tornar seu intendente. Defendi ainda que alguém com aquele perfil jamais poderia ter sido o nosso bravo e desconhecido Curandeiro. Prefiro acreditar na possibilidade de o primeiro habitante da região, após a saída dos indígenas, habitantes originais, ter sido um dos moradores de Codó que praticava o curandeirismo, como de resto muitos da sua região o faziam, e ainda o fazem. Justifico a minha tese dizendo que naquele mesmo período havia sido deflagrada insidiosa campanha contra os praticantes do chamado “terecô”, causando uma verdadeira debandada de muitas pessoas que fugiam para não ser presa ou exposta a execração pública. Acredito, portanto, que o nosso primeiro nativo tenha sido um homem que adotava o uso de ervas ou da medicina natural para o tratamento das mazelas e doenças do corpo. É apenas uma tese a espera de conformação histórica. Mas poderia ser até mesmo o tal índio que muitos acreditam. Os mais antigos sempre acharam ter sido um velho índio quem primeiro se estabeleceu às margens da famosa lagoa que deu nome à povoação, e que passou a ser conhecida como “Lagoa do Curador”, em sua homenagem. A história oral afirma que muitas pessoas se dirigiam à região em busca de tratamento de saúde junto ao velho pajé. É uma tese perfeitamente aceitável, uma vez que não existia na região central do estado, por aquele tempo, médicos para prestar atendimento à população carente, mas dispersa.

Poderia ainda ... acho que já tergiversei demais para dizer: PARABÉNS, PRESIDENTE DUTRA! FELIZ ANIVERSÁRIO! Que o próximo ano da sua história seja o da resgate da cidadania, da segurança dos seus habitantes, e da paz tão ansiada!

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