quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Magalhães de Almeida - O Desbravador dos Sertões

Comitiva no povoado Olhos D'água, entre Pedreiras e o Curador

Comitiva em viagem de Regresso


José Pedro Araújo

Em uma das primeiras crônicas publicadas neste espaço, em 2015, tratamos sobre a importância do Governador Magalhães de Almeida para os sertões maranhenses em virtude de ter ele eleito como eixo principal da sua administração, a abertura de estradas para fazer a interligação entre os rios Parnaíba e Tocantins. Operoso e destemido, fez ele o reconhecimento dessas estradas pessoalmente em uma viagem que já descrevemos em outro texto já publicado. Pela importância que aquela viagem histórica tem para o município de Presidente Dutra, republicamos o texto na sua íntegra.

“O Comandante José Maria Magalhães de Almeida governou o Maranhão de 01 de março de 1926 a 01 de março de 1930, e desenvolveu no seu governo um espetacular plano de abertura de estradas.  Como apregoou na época, aproximou a capital do sertão. As fotografias postadas acima são do ano de 1928, e foram tiradas pelo Deputado Federal Arthur Magalhães, irmão do Presidente do Estado (nome atribuído ao administrador estadual durante o Estado Novo), um dos membros da comitiva governamental em viagem de inauguração e/ou reconhecimento das estradas. Magalhães de Almeida transformou os caminhos existentes por todo o Maranhão em estradas de rodagem, construindo mais de 4.278 km durante o período do seu governo. Foi um feito extraordinário em um estado que ainda usava seus rios navegáveis, ou semi-navegáveis, para acesso ao interior.

Magalhães de Almeida era um administrador irrequieto e destemido que percorreu todo o interior do estado por diversas vezes, durante o período em que administrou o Maranhão. Nesse périplo de reconhecimento e inaugurações que realizou em 1928, por exemplo, partiu de São Luís às 22 horas para fazer o trajeto de São Luís, Coroatá, Pedreiras, Curador, Barra do Corda, Carolina, Riachão, Balsas, Loreto, Mirador, Colinas, Curador, novamente, Codó e São Luís. Levou apenas 5 dias para concluir o percurso. E em todas as cidades por onde passou, participou de solenidades e foi aplaudido pela população local, demorando-se algum tempo em todas elas. Já transitou também em estradas recém-construídas e com boa pista para o tráfego de automóveis, como os que se pode ver nas fotos acima. Mas essa foi a terceira vez que ele fez esse mesmo percurso. Em 1926, percorrendo ainda caminhos pessimamente construídos, levou 49 dias na viagem. No ano seguinte, 1927, já aproveitando os trechos de estrada recentemente construídos, demorou-se 14 dias para fazer o mesmo trajeto.

Passou duas vezes pelo Curador, nessa viagem de 1928, e encantou-se com o desenvolvimento do povoado de crescia a passos rápidos. O redator da viagem, Clarindo Santiago, expressou-se assim, a respeito do que viu na Vila do Curador: “A povoação cresce dia a dia, em ruas extensas, representando tipicamente um desses aglomerados irregulares formados em torno de uma riqueza da terra. Curador está a 37 km da Matta (D. Pedro), e é um núcleo que, pelo seu desenvolvimento, requer já a sua separação da Barra do Corda, constituindo-se em um município independente. O povo cerca o carro Presidencial, e, enquanto mulheres e crianças vem admirar a efígie de Santa Teresinha colocada junto ao dispositivo do velocímetro como padroeira da excursão, Frei Heliodoro, um simples, inteligente e operoso missionário, faz ao povo, junto às paredes do templo em construção, o panegirico do Presidente Magalhães de Almeida”. Apesar das palavras alvissareiras do orador, levaríamos mais 15 anos até a publicação do Decreto Lei que elevou o Curador à condição de município emancipado.

Na primeira foto acima, a comitiva oficial descansa e posa junto à população do povoado Olhos D’água, situado entre Pedreiras e o Curador. Na segunda fotografia, o povo da Mata do nascimento (D. Pedro), saúda a comitiva presidencial”.


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