Comitiva no povoado Olhos D'água, entre Pedreiras e o Curador |
Comitiva em viagem de Regresso |
José Pedro Araújo
Em
uma das primeiras crônicas publicadas neste espaço, em 2015, tratamos sobre a
importância do Governador Magalhães de Almeida para os sertões maranhenses em virtude
de ter ele eleito como eixo principal da sua administração, a abertura de estradas
para fazer a interligação entre os rios Parnaíba e Tocantins. Operoso e
destemido, fez ele o reconhecimento dessas estradas pessoalmente em uma viagem
que já descrevemos em outro texto já publicado. Pela importância que aquela
viagem histórica tem para o município de Presidente Dutra, republicamos o texto
na sua íntegra.
“O
Comandante José Maria Magalhães de Almeida governou o Maranhão de 01 de março
de 1926 a 01 de março de 1930, e desenvolveu no seu governo um espetacular
plano de abertura de estradas. Como apregoou na época, aproximou a
capital do sertão. As fotografias postadas acima são do ano de 1928, e foram
tiradas pelo Deputado Federal Arthur Magalhães, irmão do Presidente do Estado
(nome atribuído ao administrador estadual durante o Estado Novo), um dos
membros da comitiva governamental em viagem de inauguração e/ou reconhecimento
das estradas. Magalhães de Almeida transformou os caminhos existentes por todo
o Maranhão em estradas de rodagem, construindo mais de 4.278 km durante o
período do seu governo. Foi um feito extraordinário em um estado que ainda
usava seus rios navegáveis, ou semi-navegáveis, para acesso ao interior.
Magalhães
de Almeida era um administrador irrequieto e destemido que percorreu todo o
interior do estado por diversas vezes, durante o período em que administrou o
Maranhão. Nesse périplo de reconhecimento e inaugurações que realizou em 1928,
por exemplo, partiu de São Luís às 22 horas para fazer o trajeto de São Luís,
Coroatá, Pedreiras, Curador, Barra do Corda, Carolina, Riachão, Balsas, Loreto,
Mirador, Colinas, Curador, novamente, Codó e São Luís. Levou apenas 5 dias para
concluir o percurso. E em todas as cidades por onde passou, participou de
solenidades e foi aplaudido pela população local, demorando-se algum tempo em
todas elas. Já transitou também em estradas recém-construídas e com boa pista
para o tráfego de automóveis, como os que se pode ver nas fotos acima. Mas essa
foi a terceira vez que ele fez esse mesmo percurso. Em 1926, percorrendo ainda
caminhos pessimamente construídos, levou 49 dias na viagem. No ano seguinte,
1927, já aproveitando os trechos de estrada recentemente construídos,
demorou-se 14 dias para fazer o mesmo trajeto.
Passou
duas vezes pelo Curador, nessa viagem de 1928, e encantou-se com o
desenvolvimento do povoado de crescia a passos rápidos. O redator da viagem,
Clarindo Santiago, expressou-se assim, a respeito do que viu na Vila do
Curador: “A povoação cresce dia a dia, em ruas extensas, representando
tipicamente um desses aglomerados irregulares formados em torno de uma riqueza
da terra. Curador está a 37 km da Matta (D. Pedro), e é um núcleo que, pelo seu
desenvolvimento, requer já a sua separação da Barra do Corda, constituindo-se
em um município independente. O povo cerca o carro Presidencial, e, enquanto
mulheres e crianças vem admirar a efígie de Santa Teresinha colocada junto ao
dispositivo do velocímetro como padroeira da excursão, Frei Heliodoro, um
simples, inteligente e operoso missionário, faz ao povo, junto às paredes do
templo em construção, o panegirico do Presidente Magalhães de Almeida”. Apesar
das palavras alvissareiras do orador, levaríamos mais 15 anos até a publicação
do Decreto Lei que elevou o Curador à condição de município emancipado.
Na
primeira foto acima, a comitiva oficial descansa e posa junto à população do
povoado Olhos D’água, situado entre Pedreiras e o Curador. Na segunda
fotografia, o povo da Mata do nascimento (D. Pedro), saúda a comitiva
presidencial”.
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