sábado, 5 de maio de 2018

Crônicas Vividas – OLHO DE BEM-TE-VI

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José Ribamar de Barros Nunes*

Tenho predileção pelos olhos do ser humano. Além do mais valem como janelas da alma, segundo preleciona a sabedoria do povão. Ninguém precisa ser psicólogo ou psicanalista para ler, compreender e interpretar as mensagens que saltam dos olhos e aos olhos.
Um olhar mostra e demostra tudo para quem tem olhos de ver e ouvido de ouvir, como recomendado pelo livro dos livros. Existem pessoas (e é muita gente) que não enxergam longe e não vão além do próprio nariz, enquanto outras vão além do horizonte, chegando até a alvorada.
Brincando com minha filha Martha, digo-lhe que me admira e encanta o olho de bem-te-vi, pequeno e ligeiramente estrábico. Ao contrário, sinto-me meio desconfortado, quase constrangido perante uma pessoa de olhos graúdos, exorbitantes, de cachorro doido. Se severamente estrábicos... quase morro de pena e dó.
Agrada-me lembrar e relembrar com saudade e satisfação de um fato que aconteceu no exame médico de apresentação para o serviço militar. Simplesmente, o clínico proferiu o seguinte diagnóstico: ligeiramente estrábico... Continuando o diálogo com a filha, comento que um estrabismo mínimo e não severo constitui um charme... Observo também que muita gente pensa de igual modo.
Peço escusas aos oftalmologistas, porém, reitero que sou fã do adágio popular, segundo o qual, de médico e louco todo mundo tem um pouco. Gosto mais dos olhinhos do bem-te-vi do que dos olhos graúdos e/ou esbugalhados. Ela aplaudiu, talvez por ter olhos do passarinho, símbolo do Brasil.

(*)José Ribamar de Barros Nunes é autor de “Duzentas Crônicas vividas”.
e-mail: rnpi13@hotmail.com

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