sábado, 2 de março de 2024

O Turismo na Região dos Cocais

Cavernas na Serra do Creoli

 

(José Alcenor Vieira de Araújo - JAVA)*

Você sabia que o Calumbi, Povoado situado no município de Presidente Dutra do Maranhão, fica numa das regiões mais belas e privilegiadas do Maranhão? Se não sabe, eu tenho o imenso prazer em dizer a você que ali você pode encontrar desde cavernas, barragens, rios, relevo e uma bela paisagem natural de fazer inveja a qualquer ponto turístico do Planeta, pois na Região dos Cocais maranhense você pode conhecer o seguinte:

Cavernas das Furnas

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), por meio do geógrafo e pesquisador Cláudio Castro, acompanhado de um grupo de alunos, está realizando no município de Presidente Dutra e região, uma pesquisa que revela o mundo cárstico nos arenitos. Com os estudos, que foram iniciados em 2021, o professor pretende revelar o que o Maranhão tem de cavernas e o que elas contêm de singular. Ele acredita que elas podem oferecer para o estado um grande potencial turístico pela beleza que existe no município e adjacências, sem falar nas novas espécies que ainda podem ser descobertas, bem como recursos arqueológicos e a natureza que a população precisa conhecer.

"Esses estudos que estamos fazendo para conhecimento do Maranhão e do mundo são extremamente importantes nessa região, por ser um divisor de águas das bacias dos rios Itapecuru e Parnaíba, eu consigo ter um subsídio muito forte para outras pesquisas que virão no futuro”, disse Cláudio.

O pesquisador, que é docente do curso de Geografia da UEMA, explica que escolheu Presidente Dutra para realizar suas pesquisas porque o município está se desenvolvendo, rapidamente, recebe o transporte da soja, a pecuária cresce muito e, ali, estão se instalando novas instituições de ensino superior.

“É importante perceber o avanço da cidade que está em franco crescimento no campo e na área urbana, bem como saber que existe o elemento caverna nesse universo, por isso, é fundamental conhecer essas cavernas”, declara o pesquisador. “E por que Presidente Dutra?" Continua Cláudio, “não só por este quadro apresentado, mas por estar na divisa da bacia do Itapecuru com o Parnaíba”, explica. Conforme esclarece o professor, “ali constam formações distintas da geologia, da geomorfologia, do relevo das duas bacias hidrográficas. Além dessas cavernas do município de Presidente Dutra já as encontramos também na bacia do rio Parnaíba, temos notificações de outras unidades na bacia do rio Itapecuru, onde prosseguiremos as pesquisas futuramente”, ressalta.

O professor Cláudio Castro enfatizou que, como os estudos visam alcançar um resultado de extrema relevância para a sociedade, a fauna, a flora e as cavernas em particular, além de serem uma formação de relevo dentro de uma geologia, abrigam vidas de uma fauna exclusiva de cavernas que precisam ser conhecidas pelas suas peculiaridades, bem como por terem sido abrigos dos antepassados dos povos originários que já habitavam essas localidades antes da chegada dos colonizadores.

"Portanto, temos que conhecer todo esse universo, a fim de que possamos fazer uma pesquisa de base, topografá-lo, identificá-lo e cadastrá-lo", esclarece o professor Cláudio.

A Barragem do Rio Flores

Barragem do Flores 

É uma barragem localizada na cidade de Joselândia, a 276 km de São Luís do Maranhão e a 15 minutos do Calumbi com capacidade para 1 bilhão e 400 milhões de metros cúbicos d'água. O rio Flores é um dos principais afluentes do rio Mearim, o qual oferece aos turistas uma das mais belas paisagens de uma das bacias hidrográficas do Maranhão, bem como uma flora e fauna compostas por uma vegetação e animais, respectivamente, típicos da região.

 

A Serra da Raiz

Serra da Raiz(foto de Pedro Helder)    


A Serra da Raiz fica a uns 8 Km do Calumbi. Do topo dessa serra, segundo as pessoas que já estiveram lá, você pode ver a torre da igreja São Sebastião que fica na praça central de mesmo nome na sede do município de Presidente Dutra do Maranhão. Nesse relevo o visitante ainda pode encontrar árvores nativas da região tais como o ipê roxo, amarelo e vermelho entre outras espécies da região. Era no cume desse monte que no passado os índios e caçadores do Calumbi e adjacências se encontravam para caçar tatus, veados, pacas e cutias. Hoje esse tipo de atividade está proibido pelo Instituto do Meio Ambiente devido à extinção de algumas espécies nativas dessa parte do Maranhão

A Serra Verde

Serra Verde

É um outro relevo que fica ao Norte do Calumbi coberto por uma mata densa e verdejante como o próprio nome diz. Nessa linda paisagem natural ainda podem ser encontrados exemplares de madeiras nobres como o mogno, aroeira, peroba-rosa, itaúba, maçaranduba, angelim, jatobá, pau-ferro, ipê amarelo, vermelho e roxo, além de uma rica fauna que abriga em seu seio muitas espécies típicas da floresta tropical. Nos anos 1990 foi encontrada uma reserva de gás natural nessa localidade.

Como se pode ver a Região dos Cocais do Maranhão além de bela é também muito próspera econômica e culturalmente. Portanto, quando você estiver de férias, vá ao Maranhão e leve também a sua família para conhecer as Cavernas das Furnas, a Barragem do Rio Flores, a Serra da Raiz, a Serra Verde e a segunda maior subestação hidrelétrica do Brasil que está localizada a menos de 15 minutos do Povoado do Calumbi na sede do município de Presidente Dutra, uma cidade banhada e ornada pelos rios que constituem a mesopotâmia da mesorregião maranhense. Enfim, após sua visita aos pontos turísticos dessa linda região do Maranhão, não esqueça de ir ao CASVA (Centro de Apoio Social Vieira de Araújo) e deixe ali a sua doação para receber a gratidão dessa instituição que zela pela saúde, educação, cultura e preservação do meio ambiente local.

(*) (José Alcenor Vieira de Araújo - JAVA) é presidutrense, farmacêutico, poeta, cronista e músico diletante.

 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O fiscal intelectual

Fotografia de autoria desconhecida

 

Raimundo de S. Lima(*)


Um senhor trabalhava na fazenda de meu pai como fiscal da extração do pó de carnaúba. Naquela época a indústria da cera de carnaúba era muito lucrativa. Além dos trabalhadores que derrubavam as palhas, fazendo verdadeiro malabarismo com enormes bambus e suas respectivas foices, havia os chamados aparadores de palha que, com facas peixeiras afiadas, cortavam os talos rentes às palmas, permitindo, assim, a confecção dos feixes, que seriam transportados em lombo de animais até a casa grande, onde deveriam ser riscadas para facilitar a secagem. Atrás dos aparadores, estava a figura do fiscal que recolhia as palmas que caíssem em lugares de difícil acesso, ou que tivessem sido negligenciadas pelos que estavam na linha de frente. Após a secagem, as palhas eram escanchadas sobre cavaletes de madeira, momento em que eram malhadas com cacetes para a extração do pó, matéria prima para o fabrico da cera. Da palha do olho da carnaubeira extraía-se um pó claro que, por sua vez, transformava-se em cera flor (amarela), verdadeiro ouro vegetal, em face do seu valor econômico. Voltando à figura de nosso fiscal, era homem franzino e já avançado na idade e gostava de ser visto como pessoa letrada. Em suas conversas ele sempre intercalava as frases com a palavra “aliás”. Certa feita eu percebi que duas moças da fazenda, escondidas por detrás de uma porta, estavam ouvindo a conversa dele com meu pai. Perguntei-lhes o motivo da curiosidade, ao que responderam que estavam ouvindo o velhinho falante. Como se vê, uma palavra a mais em nosso vocabulário pode fazer toda a diferença e elevar-nos à condição de intelectuais perante aqueles que nos ouvem.

(*) Raimundo de S. Lima é advogado, juiz aposentado, escritor e cronista.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Na vida tudo é arte

Criador e Criatura - arte de Michelangelo (Teto da Capela Sistina)
 

Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

Com o tempo descobri que tudo na vida é arte. E, nisso acredito. Atos, fatos e comportamento. O que e como você está fazendo? Como você se porta diante dos problemas. O jeito que você ama alguém. A maneira como você fala. Até seu sorriso e personalidade. No que você acredita; e em todos os seus sonhos. A maneira como você escolhe se relacionar. Como você arruma a casa. Sua lista de compras. A comida que você faz. Sua escrita. A forma como você se sente. Enfim, todas as suas escolhas são formas de arte. O bom humor, a autoestima, e a gratidão, também são formas de arte. O bom humor é hábito para os fortes. Para aquele que cultiva a alegria de viver; aquele que dá sempre mais do que recebe. A autoestima é a certeza que você está sendo sua melhor versão. Que você tem muito a oferecer, que você faz a sua parte. A gratidão é o mais nobre de todos os sentimentos. Arrisco-me a dizer que maior até que o amor, pois você pode deixar de amar, mas ser grato transcende tempo e circunstâncias. A gratidão é o sentimento de almas nobres. A vida se renova, toda vez que enchemos nosso coração de paz e resolvemos ter gratidão pelas coisas conquistadas e pelas bênçãos alcançadas.

É vida nova, toda vez que renascemos dos nossos temporais e nos reinventamos diante dos dias nublados.

Quando descobrimos, em meio à nossa "bagunça" e loucura de viver, aquele sentimento de paz que o tempo nos traz, sabemos que estamos no caminho certo.

Quando nos abrimos para outras possibilidades de viver e nos olhar: é vida nova, é reconstrução. É renovação, é mudar o olhar.

Quando desaceleramos o passo somente pra sentir as gotas que o céu derrama: é renovação, é vida reinventada. É nas coisas simples que a vida se mostra mais viva.

E quando, finalmente, aprendemos a nos doar, abraçar com amor, e amar as pessoas como elas são, é transformação. E, como as estações, florescemos.

Podemos escolher focar na dor ou no amor, sempre será uma escolha nossa. Aprendi que “ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater por eles é opcional”. Essa frase é um mantra para mim. É uma questão minha se agiganto ou não os problemas.

“Você não pode evitar que os problemas batam à sua porta. Mas não há necessidade de oferecer-lhes uma cadeira para sentar”; cito Cora Coralina para dizer que não precisamos desperdiçar energia pensando sobre problemas, quando o certo é focar na solução. Lembre-se que se você não pode resolver agora, por que perder energia pensando nisso?

A autocura está a nossa disposição, só precisamos decidir pôr em prática o amor, o perdão e a gratidão com disciplina.

Caro leitor, amiga leitora, permita-me o devaneio deste texto. Mas, diante do cipoal de problemas que nos assolam, neste início de ano: Brasil se desmilinguido, por causa de dirigentes aquém dos cargos que ocupam, sem amor e/ou compromisso com o país; dengue grassando e matando; crise climática, o planeta derretendo; violência por toda parte; detentos de alta periculosidade fugindo de cadeia dita de “segurança máxima”; a morte precoce e já esperada de Alexei Navalny pelo sanguinário Wladimir PUTIN; guerras inclementes e bestiais pelo mundo. Diante de tantas atrocidades é na arte que busco refúgio. A arte nos salva. Cito meu conterrâneo Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”.

Como sonhador esperançoso, faço da escrita uma válvula de escape, para falar desta coisa mágica chamada vida, que nos mantém ativos, nos conduzindo e ensinando teimosamente a arte da bem-aventurança diante das intempéries, pois nada é para sempre.

Desejo que você se descubra todos os dias, valorize a sua caminhada, coloque os sonhos no varal, e seja capaz de inventar um motivo qualquer para desabotoar o riso. Todo tempo é tempo de ser feliz.  “O que a vida quer da gente é coragem”, João Guimarães Rosa.

(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências.