sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Conectado pelo mundo.

Entrevista do autor ao jornal El Pais

 

Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

 

Chove forte lá fora. Mala e mochila prontas. Faço check-out no hotel onde estou hospedado em Tegucigalpa, Honduras. Em viagem pela América Central, a cada três dias mudo de hotel, mudo de país. Nesta viagem optei em percorrer essa parte das Américas de ônibus. Assim aproveito mais as belas paisagens e o interior dos países visitados. Paisagens que lembram meu Nordeste.

Chega o Uber que pedi pelo aplicativo do celular. No trajeto aumenta a chuva. É temporada de chuvas por essas plagas. Finalmente chego ao ônibus que me levará a um novo país, El Salvador.

Desde o início da viagem visitei: Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador. Me fascina viajar pela América espanhola. Visito os seis últimos países que faltavam para conhecer todos os 20 que compõem a América Central. Dos 37 países que formam as três Américas, ficam faltando as três Guianas para fechar o continente. Nesta viagem ultrapasso 150 países visitados em todos os continentes da terra.

No ônibus, conecto o celular ao Wi-Fi, vejo a solicitação de uma entrevista para o principal portal de notícias de São Luís do Maranhão, minha cidade. As perguntas são repassadas pelo jornalista Neto Cordeiro, por mensagens de texto; vou respondendo aos poucos. Ao final envio as fotografias para ilustrar a matéria.

Em outra mensagem, pedido de nova entrevista, desta vez para o jornal El País, de Tegucigalpa. No dia anterior, tudo corrido, não tive tempo para uma entrevista presencial com a jornalista Azucena Maldonado, do jornal hondurenho.

Novas perguntas, todas em espanhol. Lanço mão do Google tradutor, para me comunicar com a jornalista do periódico El País. Novas fotografias me são pedidas.

Após oito horas de viagem, desembarco em San Salvador, a bonita e moderna capital de El Salvador. Com ares de cidade norte-americana. A parte moderna de San Salvador lembra muito as pequenas cidades estadunidenses.

Com problema no aplicativo do celular, ligo para meu filho Frederico, que está em São Luís, passo as coordenadas de onde estou e as do hotel para onde vou. Em pouco tempo, Frederico me retorna, por WhatsApp, falando o modelo e a placa do caro, que vem apanhar-me. Em minutos chega o motorista Daniel Guzman, que me conduz ao hotel. Daniel é Chef de cozinha e motorista de aplicativo nas horas vagas. Me pergunta de onde sou, digo-lhe que sou brasileiro. Me pergunta o que vim fazer em San Salvador. Falo que estou dando um giro pelo mundo, mostro-lhe o livro “Das muletas fiz asas”. Ele pesquisa no Google sobre minhas andanças. Curioso, Daniel quer saber por onde andei, quais lugares mais gostei. Ele também gosta de viajar. Tem amor pelo Brasil, gostaria de conhecer nosso imenso país.

No hotel, abro o celular, mostro ao recepcionista o número da reserva. Tudo confirmado, vou para o apartamento. Banho tomado, sento para escrever este artigo, pelo celular, que enviarei para a redação dos jornais para publicação.

Em seguida começa minha aula, on line, de Jornalismo. Com colegas espalhados por diferentes cidades do Brasil, estou em um quarto de hotel, em San Salvador, América Central, assistindo aula com a tutora Carla Chierricatti, em BH, MG.

Vejo novamente as mensagens; uma em especial. É o amigo Francisco Brandão, do Porto, Portugal, pedindo para retornar uma ligação, queria contar-me uma novidade. Acabara de ler o livro “Das muletas fiz asas”. Fico grato e feliz com suas gentis e generosa palavras. A alegria de quem escreve é o retorno de quem lê.

Nas redes sociais amigos e parentes se matando por dois mentecaptos, substrato de pó de traque, que estão mais bem posicionados na reta final nas eleições presidenciais. Estou bem longe das querelas e quiproquós. No silêncio do apto, sorrio dessa sandice. Tanta insanidade para nada. Ainda tem uma semana para os tolos se matarem por políticos mequetrefes e inferiores ao cargo que tanto brigam.

Em qualquer lugar minimamente civilizado, onde as leis funcionam esses dois senhores não seriam candidato a nada, quiçá a presidente da república.

A entrevista do periódico El País foi publicada, na quinta-feira, 22/09, com o título “Luiz Thadeu Nunes, el viajero que hijo alas de sus muletas”.

Já mudei de país, deixei El Salvador e cheguei na Guatemala.

Nem nos meus maiores devaneios seria capaz de imaginar, que no outono da vida, estaria viajando pelo mundo, cursando jornalismo, sendo entrevistado em espanhol por onde ando escrevendo para 22 jornais e blogs. Tudo graças ao bom Deus, e às maravilhas da tecnologia, que nos conecta, aproxima, encurta distâncias, facilita nossas vidas.

(*)Luiz Thadeu Nunes e Silva, Engenheiro Agrônomo, Palestrante, cronista, escritor e viajante: autor do livro, “Das muletas fiz asas”; o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 149 países em todos os continentes da terra.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Doces Reminiscências

Bela Emília em frente à casa da autora


 

Benedita M. Barros Araújo Lima (*)

Interessante como as nossas boas memórias ficam guardadas, quase que escondidas, em nossos subconscientes. No final de semana passado fomos ver umas plantas para o nosso jardim e, lá chegando, nos deparamos com um pé de Bugari e logo o Raimundo foi separando a plantinha para levarmos. Imediatamente me vi pensando no quanto minha sogra gostava daquela planta e que por inúmeras vezes fui presenteada, por ela, com uma flor cheirosa de Bugari. Como eu gostava daquele gesto! E era incrível porque ela não era conhecida como alguém muito sentimental. Mas ela de fato o era. Então, ao ver aquela plantinha logo quis ter uma delas para colocá-la na entrada de nossa casa aqui em Parnaíba. Certamente, a cada vez que as flores de Bugari derem o ar de sua graça e estiverem exalando o seu cheiro, virá à nossa mente, como que uma saudação da nossa querida mãe Quinha, D. Chiquinha ou mamãe para os seus filhos. Com certeza, serão sempre lindas memórias!

O pé de Bugari em formação

Quando terminamos a construção da nossa casa, uma outra plantinha também fez parte do projeto de jardinagem, a Bela Emília, conhecida por nós como Lilás. Essa é mais uma planta que nos traz à memória outras grandes mulheres que fizeram parte de nossas vidas: nossa avó materna (Zezé), tia Felicinha e nossa mãe Teresinha. A tia Felicinha sempre contava a história de que aquela planta chegou pela primeira vez a Presidente Dutra pelas mãos de nossa bisavó Maria e então essa plantinha passou a fazer parte da história da família. E eu quis que ela estivesse na frente de minha casa. Quantas agradáveis reminiscências de pessoas amadas, que pelas suas singelas atitudes, como a de gostarem da natureza, das belezas criadas pelo Senhor, nos trazem à memória lindos momentos vivenciados com elas... Certamente, inúmeros aprendizados tivemos com essas benditas mulheres.

Mas como atitudes singelas têm peso tão significativo? Sentimentos sempre serão algo profundo, que não temos como explicá-los, apenas sentimos e sentimos e continuamos gostando de senti-los...

 


(*) Benedita M. Barros Araújo Lima, é juíza de direito aposentada.