segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Viajar, o doce ofício (3) – FOZ DO IGUAÇU





José Pedro Araújo

Não sei por cargas d’água criei verdadeira ojeriza por Foz do Iguaçu sem nunca ter ido lá. Talvez porque só se falava naquela cidade por conta das compras de importados no Paraguai, sem nunca se fazer referência à cidade paranaense propriamente. Pelo menos em épocas passadas. E isso acabou por criar uma falsa ideia em mim de que não se falava em Foz por se tratar de uma cidade sem atrativos, ponto de passagem apenas de quem ia às compras no país vizinho.
Certa vez, estava em Curitiba para participar de uma Congresso, quanto alguns colegas vieram a mim para me convidar para irmos à Foz com o objetivo de fazer compras no Paraguai. Queriam aproveitar a sexta-feira, já que a nossa passagem de volta estava marcada apenas para o sábado. Fariam o bate-volta, sairíamos de madrugada e, à noite, já estaríamos de volta para Curitiba. Não achei a ideia interessante, uma vez que ir a Foz nunca foi uma das minhas predileções, por tudo o que eu já afirmei linhas acima. Preferi ficar na capital paranaense e aproveitar aquele último dia para conhecê-la melhor.  E assim foi que deixei de conhecer a cidade que hoje me encanta.
Em 2017, anos depois do fato que narrei acima, um grupo de amigos que viaja sempre juntos todos os anos, discutia qual o roteiro daquele ano. E a escolhida foi justamente a cidade de Foz do Iguaçu. Rebelei-me na hora, mas fui voto vencido; a maioria esmagadora do grupo queria porque queria ir para lá. Conformei-me. E fiz muito bem, pois, no que pese todos os senões que eu fazia por aquela cidade sulista, adorei a viagem para lá. O que me fez mudar de ideia? Conto agora.
Foz do Iguaçu é uma cidade com pouco mais de 250.000 habitantes que possui ares de metrópole, com suas ruas e avenidas muito bem cuidadas, com uma rede hoteleira de fazer inveja a muitas capitais do país, e um clima, que, de acordo com o período que se viaja para lá, pode ser muito agradável, ótimo para conhecer as suas belezas naturais, que são muitas. A começar pelas incensadas Cataratas, algo de uma beleza que encanta até mesmo àqueles que possuem outras opções na ordem de sua predileção. Pensando bem, a natureza foi pródiga com aquela região, reservou para aquele cantinho do Brasil algo de encher os olhos, adoçar a vida e alegrar o coração. E como foi pródiga! Tudo ali é de uma beleza sem igual. Irretocável. E o melhor é que, diferentemente do costuma acontecer, a mão humana contribuiu para deixar tudo ainda melhor. Construiu trilhas e ergueu passarelas que te fazem desfrutar daquilo com todo o conforto e segurança.
Possui ainda outros lugares para se visitar, atrativos para um passeio em regra. O Parque das Aves, é um deles. Local de uma beleza cativante, é opção tanto para crianças quanto para adultos. O contato com aquela natureza quase intocada, aquele pedaço de mata Atlântica luxuriante, o canto dos pássaros que habitam o lugar (são 150 espécies), como araras, papagaios, tucanos, guarás, entre tantas outras, encanta pela sua algaravia, e te leva a pensar, sobretudo, que estás passeando por uma floresta encantada, como aquelas dos contos infantis.
Depois tem outros locais, como a mesquita árabe, ou mesmo o Templo Budista com seus Budas espalhados por um jardim encantador. Mas o que atrai mais, além das Cataratas, que fique bem claro, é a facilidade de se penetrar no Paraguai ou na Argentina, países que ficam a menos de meia- hora de viagem desde o centro da cidade.
Pois bem, gostei tanto do lugar que voltei outra vez no início deste mês de setembro. E fiz quase o mesmo roteiro de dois anos atrás. Fui às Cataratas, tomei banho com os borrifos de suas águas monumentais ao transitar pelas suas passarelas a poucos metros das quedas-d’água de milhões de litros, e faria isso outras vinte vezes se tivesse oportunidade para isto.  
O passeio pelo Duty Free Puerto Iguazu, no lado argentino, também foi repetido, apesar de contestar com veemência a prática local de ensacar e lacrar as bolsas das senhoras, numa gritante falta de respeito e desconfiança com as pessoas que vão lá apenas com o propósito de comprar os produtos que lá são oferecidos e deixar seus dólares com eles. Apesar disto, pesquisando bastante, até dá para adquirir alguma coisa por preços convidativos, a começar pelos que estão em promoção.
Mas do que gosto mesmo na Argentina é de ir à noite à cidade de Puerto Iguazu, a poucos quilômetros de distância de Foz, e escolher um de seus botecos ou restaurantes para confraternizar com a minha parceira e com os companheiros de viagem. Uma experiência que recomendo. Sobretudo para quem aprecia uma boa carne, um bom vinho ou uma cerveja como acompanhamento. O Argentino é meio pedante, como já estamos cansados de saber, e, às vezes, temos que agir com certa energia para que nos trate como clientes que de fato somos. Como aconteceu desta vez em um dos restaurantes, ocasião em que um garçom desavisado tratou mal um dos colegas de viagem querendo lhe impor um ritual de atendimento por ele criado. Foi rechaçado com veemência e passou a nos tratar como verdadeiros e usuais clientes do seu estabelecimento. Não tomam mesmo jeito os nossos vizinhos, mesmo dependendo quase que exclusivamente dos brasileiros que vão àquela cidade para lá deixar seus reais valorizados em relação ao peso local.
Localizada na Província de Missiones, a cidade possui hoje uma população de cerca de 105.000 habitantes. Somente para ilustrar a dependência que aquela cidade tem dos turistas brasileiros, ouvimos de um experiente guia, que quando o governo argentino atrelou paritariamente a sua moeda ao dólar, ficou impraticável para os brasileiros consumir algo por lá. E o número de turistas brasileiros caiu verticalmente por lá. O resultado foi que a cidade, como já afirmamos, que depende do turismo em quase a sua totalidade, passou por uma quebradeira sem precedentes na história, com o fechamento de boa parte de seus estabelecimentos comerciais. E resultou disto, que houve uma forte emigração, a ponto de a população local diminuir em mais de cinquenta por cento em poucos anos. E sua economia havia ido ao colapso.
Agora, as coisas voltaram ao que era antes. Até mesmo a empáfia argentina, pelo visto. Mas você não precisa atravessar para o lado de lá para desfrutar de uma bela noitada. Foz, como já afirmei, possui ótimas casas de espetáculo, e excelentes restaurantes, cujo forte são as carnes. Casas de repasto e espetáculo, como a Churrascaria Rafain, por exemplo, que oferece ao cliente um ótimo cardápio eu um show imperdível com o que há de melhor na música dos países sul-americanos. Imperdível.
Em suma, Foz é uma cidade que encanta pelo muito que oferece para quem a procura, mas, sobretudo, pelo profissionalismo e a simpatia da sua gente.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

TUNTUM - E A RICA ZONA CHAMADA: JAPÃO.

Mapa da Província do Maranhão - 1819





Creomildo Creomildo  Carvalhedo Leite*

Sua epopeia é iniciada com o mapeamento da região, para efetuar os trabalhos de abertura da primeira estrada realizada em 1837, contratada pelo Governo da Província Maranhense.

Coube realizar essa façanha hercúlea, conduzida de forma magistral, o Cidadão Diogo Lopes de Araújo Salles, o qual partiu do lugar de sua residência no antigo Arraial de Campo Largo, na beira do Rio Alpercatas ao Rio Mearim na confluência com o Rio das Flores.


Avançando pelo extenso território fértil, um verdadeiro paraíso riquíssimo em todos os aspectos, favorável para diversas atividades econômicas, um tapete verde de florestas virgens, densas e de acesso difícil.

Ricos mananciais, lagoas e córregos e riachos de águas límpidas e potáveis.

As Terras demonstravam ser bastante ubérrima, sua fauna e flora inexploradas e, em si um grande tesouro pronto para ser trabalhado;

Na perscrutação deste grande quadrante espacial, denominado mata do Japão, foi identificado os Riachos: Japão (Riacho Tuntum) e Jacaré cujas correntes desaguam no Rio das Flores;


E, Foi nesta Ribeira do Japão que, em 1849 então Coronel Diogo Lopes de Araújo Salles, tomou posse de áreas devolutas e que, em 1855, as registrou no livro da Freguesia de Santa Cruz da Barra do Corda, e pagou os emolumentos destas propriedades, por ele situada e registrada com os seguintes nomes, conforme cópia de documentos publicados nos Jornais da Província Maranhense, segue descrição abaixo:



1 - Santa Maria do Japão;

2 - Taboa;

3 - Preguiça (e Coco Grande);

4 - Bom Sucesso, por seus Familiares, seu genro José de Mello Albuquerque;

5 - Jacoca, por seus Sobrinhos:

* Antonio de Souza Carvalhedo e

* Anastácio Martins Chaves e

* Francisco Ferreira de Souza;



6 - Tumtumtum, por Francisco de Sousa Mil-Homem.



"Todos estes lugares e muitos outros que hoje (Dia: 18 de agosto de 1891) compõem o magnífico Território do Japão, foram sempre reconhecidos como pertencentes à Comarca de Barra do Corda, assim como sempre respeitados os direitos adquiridos por seus Primeiros Povoadores, verdadeiros beneméritos da Pátria, já há muito falecidos..."

(...)



O escrevinhador e perquiridor de documentos antigos, traz à luz em poucas linhas, notícias da origem e o resgate da história, como tributo e homenagem, a Data Especial: 12 de setembro de 1955, a Emancipação Política e Administrativa de Tuntum;

Há 106 anos, antes da emancipação de Tuntum, já havia sitiantes Povoando e Produzindo no Coração do Território Fértil do Japão, o que significa que, grandes vultos históricos atualmente são ilustres desconhecidos.

A névoa do esquecimento, será dispersa através da luz projetada pelos Arqueólogos da História e o outro lado da moeda virá à tona.

Desejo que esta simples Crônica Histórica, sirva de indagação e inspiração aos entendidos e sábios da arte de escrever, para que mergulhem, ainda mais, neste tema ainda tão desconhecido:



"Território Fértil - Chamado Zona do Japão.



Parabéns e muitas Felicidades aos Tuntuenses!



Um abraço fraterno e festivo deste Carvalhêdo, cujos ancestrais em muito contribuíram com o Sul do Maranhão e sua Povoação.



Palmas - Tocantins, 12 de setembro de 2019.

(*) Creomildo Carvalhedo Leite, é historiador e servidor público da  ADPEC, Estado Tocantins.


sexta-feira, 20 de setembro de 2019

O MARATAOAN

Rio Marataoan na entrada de Barras



                                                                  (Chico Acoram Araújo)


Meu rio, meu belo riacho,
O riacho da Pedra Grande,
Igual a ele jamais acho
Suas águas são como brande.

Quem bebe suas doces águas,
Degusta tal que boa pinga
Onde esquece das suas mágoas
E não morrerá à míngua.

Depois quando ele vai embora
Morar em outros lugares
Voltará que sem demora.

Pois nenhum dos sete mares
Não é meu rio onde que outrora
Naufragaram meus pesares.