sexta-feira, 24 de setembro de 2021

A CULPA É DO “PÉ DE PANO”.

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Bruno Giordano de S. Araújo (*)

Durante muito tempo tive dúvidas sobre a origem epistemológica da expressão “pé-de-pano”. Claro que entendia sobre qual era o assunto toda vez que aparecia em conversas mais maldosas, mas a dúvida sempre persistiu. Seria um termo nordestino ou reconhecido em todo nosso território nacional? Enfim, como era algo esporádico, não demandava minha atenção o suficiente para uma pesquisa e nem para uma reflexão.

Porém, das rodas de adolescentes e conversas de bar, quem diria que passaria a escutá-la com uma frequência crescente no Banco onde trabalhava. E não, o meu emprego não se situava em um antro de perdição onde reinava Reginaldo Rossi o Waldick Soriano. Muito pelo contrário, era bem quieto e calmo. Mas, na maioria das vezes que eu trazia o assunto “Seguro de Vida” para a mesa de negociação, os clientes sempre alegavam não querer deixar dinheiro para o “Pé-de-Pano”.

                Esse tipo de argumento era tão simples e tão superficial, que eu não acreditava no que estava ouvindo. Alguns falavam com tanta veracidade nos olhos que imediatamente eu me perguntava se o cliente já tinha sofrido com a existência de um triângulo amoroso em sua vida. Mas investigando um pouco mais, via que era apenas a rejeição ao que consideravam um “engodo do Banco”. Outra maneira de chegar a uma negativa era “já que eu vou morrer, quem ficar que se vire”. Sem a justificativa anedótica, essa era apenas egoísmo.

E assim, com tantas opiniões negativas sobre o produto em questão, fui me deixando contaminar sobre a ineficiência de um Seguro de Vida. Foi então que me deparei com uma Sitcom (sim eu adoro um “enlatado americano”) onde os um dos personagens, claramente mesquinho, afirmava ter na carteira o dinheiro suficiente para, caso fosse assaltado, o bandido ficasse satisfeito e ele não se sentisse motivado a lutar para evitar o prejuízo. E aquilo, por mais cômico que fosse, era a pura verdade. Tendemos a proteger aquilo pelo qual estamos dispostos a lutar.

A primeira coisa que se faz ao comprar um carro novo é o seguro (talvez a segunda, se estiver contanto o emplacamento). Ao se adquirir o bem, o cliente tende a querer fazer a proteção daquele patrimônio, justamente para se for assaltado, não querer travar uma luta com um biltre pela posse do veículo. Há quem faça também o seguro de equipamentos necessários para a sua profissão, uma vez o seu ganha-pão depender daquilo. E no momento que enfrenta a necessidade de proteger o seu bem mais precioso, opta por não pensar no “e se” que estamos expostos pelo simples fato de estarmos vivos.

Duas reflexões são necessárias para tomar uma decisão racional: 1. O que eu estou protegendo com isso? (Apenas a minha vida? A escola de meus filhos? O meu estilo de vida? Uma velhice digna para meus pais?)  2. Estou disposto a lutar por essas pessoas? Se a resposta for positiva para as duas, desculpe te informar, mas está precisando de um Seguro de Vida.  

Não estamos falando apenas de enriquecimento dos “sobreviventes”, estamos falando de organização e planejamento de vida. Num planejamento de vida e financeiro eficiente, uma das etapas é a blindagem patrimonial. Isso quer dizer que, imediatamente alavancamos (desculpe o economês) o nosso patrimônio para o patamar que queremos chegar ao aderir a um Seguro de Vida. De maneira mais simples, seria o seguinte: Se o sonho seria ter um patrimônio de R$1 milhão (com essa inflação precisamos aumentar esse sonho), ao contratar o seguro, imediatamente o seu patrimônio estará garantido. Então caso aconteça algo no correr do caminho, aquele planejamento ainda assim irá se concretizar. E se nada de ruim acontecer, o planejamento também irá se concretizar. Lembrando que uma transmissão patrimonial passa por processos extremamente lentos e custosos. Um planejamento sucessório dá liquidez para que a família não passe necessidades no seu momento de maior sofrimento.

Ao enfrentar um assunto tão doloroso que é a nossa mortalidade nos deparamos com o que fica, que é o nosso LEGADO. Qual Legado gostaríamos de deixar? A de um pai/mãe/filho atencioso ou a de uma pessoa que só se preocupou com o padrão de vida do Pé-de-pano?

 

(*) Bruno Giordano de Sousa Araújo, é advogado, Assessor de Investimentos e sócio da empresa Perfil Investimentos, empresa credenciado da XP Investimentos.