quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Igreja Cristã Evangélica é desde 1954 um patrimônio de Piracuruca, fruto da obra missionária dos irlandeses Wesley e Winnie Gould.

F. Gerson Meneses(*)

             Fica aqui a homenagem e reverência a esses grandes missionários, que no verdadeiro sentido da palavra, souberam com muita fé e perseverança transpor todos os obstáculos impostos pela sociedade religiosa da época. Deixaram o seu legado, cumprindo com maestria a missão de divulgar o evangelho de Deus -Francisco Gerson Menezes”.

 

 Uma cidade de extrema tradição católica, principalmente por ter no seu berço uma lenda que envolve os Irmãos Dantas e a construção da histórica Igreja de Nossa Senhora do Carmo, datada de 1743. De fato, Piracuruca foi um dos mais relevantes centros católicos da região. Esse portanto, foi o cenário do grande desafio delegado e executado com bravura pelos missionários irlandeses Wesley e Winnie Gould, ao vir para Piracuruca em 1954.

Nascido na Irlanda do Norte em 22 de novembro de 1920, Wesley Gould chegou no Brasil no início de 1949, veio trabalhar em obra missionária inicialmente em Santa Inês - MA, onde evangelizou indígenas, após passar um período também em Altamira-PA ele voltou para a Irlanda e lá casou-se em 1952 com a enfermeira Winnie Gould. Já casados, Wesley e Winnie Gould vieram novamente para o Brasil em 1954, dessa vez direto para Piracuruca, na “Missão aos Campos não Evangelizados” onde permaneceram por 13 anos, até 1967.

Wesley e Winnie na chegada a Piracuruca

O jovem Wesley

 


Ao chegar em Piracuruca, compraram uma casa em uma ótima localização, no início da Avenida Aurélio Brito. Começaram então o trabalho de evangelização, com cultos realizados em um dos compartimentos da casa. Nos quatro primeiros anos em Piracuruca (1954 a 1958), tiveram uma grande dificuldade, dada à resistência liderada pelos padres católicos da época. Mesmo com tantas dificuldades e rejeições, a população começou a se aproximar para participar dos cultos e também em busca de ajuda. Winnie, como enfermeira, dava orientação e até doava medicamentos, já Wesley atuava como dentista prático. Ambos prestavam atendimentos para as pessoas carentes que os procuravam. Assim, foram adquirindo a simpatia do povo da cidade, inclusive das autoridades. Em 1962, Wesley inicia construção do grande templo da Igreja Cristã Evangélica, ao lado da casa que tinha comprado, entregando para a comunidade em 28 de julho de 1963.

A partir de Piracuruca, a obra missionária de Wesley e Winnie Gould foi crescendo na região, iniciando por São José do Divino e principalmente a cidade de Batalha-PI. Em 1967, terminou o ciclo missionário de Wesley e Winnie Gould em Piracuruca, foram então transferidos para Dom Pedro - MA, depois para Teresina-PI e finalmente Igarapé-Mirim-PA. Após aposentar-se Wesley e sua esposa voltaram para a Irlanda do Norte. Wesley faleceu em 28 de junho de 2017, aos 96 anos.

A seguir, o legado fotográfico deixado pelos missionários Wesley e Winnie Gould, uma riqueza em imagens históricas que mostram o cenário encontrado por eles ao chegarem em Piracuruca.

Wesley e Winnie em Piracuruca, local onde hoje é a Avenida Aurélio Brito

 

Pastor Wesley, d. Winnie Gould com o Pr. Lucimar Rocha

 

Local dos primeiros cultos da Igreja Cristã Evangélica em Piracuruca

 

Casa Pastoral, torre de madeira com amplificadores e inicio da construção do templo


Fotos históricas da região do templo da ICE em Piracuruca-PI:

  
Avenida Aurélio Brito sem pavimentação      
A casa pastoral e Templo já construído

 

Esquina da Avenida A. Brito com a Pça. Irmãos Dantas 

 


 

 

WESLEY EM ATIVIDADE PASTORAL:

 

Wesley evangelizando no interior do município

  

 Batismo nas águas do Rio Piracuruca, ao fundo a antiga ponte de madeira

Primeiros membros da Igreja Cristã Evangélica em Piracuruca 
Batismo nas águas, em Batalha-PI


 

 

OUTRAS FOTOS HISTÓRICAS:

Pavimentação da Avenida Aurélio Brito, ao fundo a Igreja Cristã Evangélica de Piracuruca

 

Inauguração do templo da Igreja Cristã Evangélica em Piracuruca, em 28 de julho de 1963

 

Templo da Igreja Cristã Evangélica em Piracuruca, foto de 2003
Foto: F Gerson Meneses

 

Templo da Igreja Cristã Evangélica em Piracuruca, foto de 2007

 

 

PASTOR WESLEY, D. WINNIE E DESCENDÊNCIA:

Wesley e Winnie no inicio da maturidade

 

Wesley e Winnie Gould na velhice

 

A filha Ester e o genro, Philip

 

Netos de Wesley e Winnie Gould, filhos de Ester

 

Wesley e Winnie Gould na senectude

O principal vínculo de Wesley e Winnie Gould no Brasil foi a região de Piracuruca, fica aqui a homenagem e reverência a esses grandes missionários, que no verdadeiro sentido da palavra, souberam com muita fé e perseverança transpor todos os obstáculos impostos pela sociedade religiosa da época. Deixaram o seu legado, cumprindo com maestria a missão de divulgar o evangelho de Deus.

 

(*) F Gerson Meneses, é professor do IFPI, historiador, ambientalista e grande incentivador cultural e esportivo da cidade de Piracuruca e região.

(**) Matéria publicada originalmente no Portal Piracuruca.com

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

ATRAVESSANDO O RUBICÃO

                                                             Imagem do Google
 

José Ribamar de Barros Nunes*.

O comportamento do ser humano é complexo e polêmico. Existem dezenas, talvez centenas, de modos e maneiras de expressá-lo e também de mostrar ou sugerir como conduzi-lo, dominá-lo, vencê-lo.

Sou fã incondicional dos ensinamentos da escola da vida real, aquela que não tem férias, feriado nem recesso. Todo santo dia ela dá ao eterno aprendiz liçõezinhas ou liçãozonas. Não falha um dia sequer.

Hoje, destaco uma expressão simples, simplória, popular: atravessei o Rubicão. Significa que a pessoa se libertou dos acidentes de percurso, dificuldades permanentes ou aleatórias que assaltam o caminho de todos nós. É atribuída ao Imperador Júlio César na realização de suas empreitadas. Modernamente, Mirian Goldenberg se expressa assim: Fora, vampiros emocionais. Aperte o botão da liberdade, da felicidade...

Vale a pena atravessar o Rubicão. Depois disso é só continuar a caminhada inexorável em busca da Aurora Boreal, ouvindo bem-te-vis saudando a gente ou borboletas pousando suavemente no ombro. Assim caminha a humanidade e a banda vai passando, tocando coisas de amor...

 

(*) José Ribamar de Barros Nunes, é cronista e assessor parlamentar aposentado.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

MEU CORAÇÃO ESTÁ SANGRANDO


 

Regia Vitória Feitosa*

 

Como escrever num momento desses? Como me furtar a isso? Meu coração está sangrando, há cinco dias que consigo parar de chorar. Ele era o último de três irmãos, e o único que fez parte da minha vida. Ely saiu de casa quando eu tinha apenas quatro anos, tornei a vê-lo aos dezoito anos, sempre viveu distante, então não criamos vínculo afetivo-fraternal. João Paulo casou-se quando eu tinha nove anos, ficando somente Boanerges, com quem passei resto de minha infância e parte da adolescência. Mas Presidente Dutra era nosso ponto de referência, e sempre nos encontrávamos. Tivemos nossos “arranca-rabos”, nossas divergências, porém nada que rompesse esse vínculo.

Boanerges passou muito tempo longe de Deus. Piorou, quando Ivanilde faleceu e, quarenta e cinco dias após, perdeu Ely naquele trágico acidente, entregando-se totalmente à bebida. Deus, todavia, em sua infinita misericórdia, deu-lhe uma nova esposa, que cedo aceitou o Senhor Jesus e empenhou-se em tirá-lo do vício. Acho que ele faleceu sem saber de todos os tratamentos pelos quais passou, para deixar o fumo e a bebida. Conseguiu. A partir de então, seu vício era um computador, onde trabalhava dia e noite nos seus projetos de construção civil. Tornou-se um homem caseiro, saía somente para administrar as obras que lhe contratavam.

Por várias vezes Boanerges esteve entre a vida e a morte. Certa vez recebeu uma descarga elétrica, quando subia a um poste no sítio onde então morava. Por sorte passou alguém naquela hora que ajudou sua esposa, socorrendo-o. Quebrou vários dentes nesse acidente. Outra vez, construindo a casa de um cunhado, caiu da construção e um vergalhão lhe traspassou à altura das costelas. Mais uma vez Deus o livrara de ter um órgão vital perfurado. E em todas essas circunstâncias eu o fazia entender que Deus o livrara porque ele não estava preparado, falava-lhe das misericórdias de Deus para com sua vida.

Mas quem conviveu com Boanerges nos últimos tempos sabe que ele mudou. Sua Bíblia estava sempre em cima de sua mesa de trabalho. E quando Dona Lindalva reclamava que ele não ia à igreja, Osmarina dizia : “se você subir ao seu escritório, verá que ele está fazendo sua leitura diária e ouvindo seus hinos” – centenas deles, em seu PC.

Eu creio na regeneração do ser humano. Creio sobretudo no poder do sangue de Cristo, nosso Redentor, e no Espírito Santo, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) . Creio nas misericórdias do Senhor que são a causa de não sermos consumidos, mas que se renovam a cada manhã (Lm 3.22-23) . Creio no poder da oração, e foi tudo o que fizemos durante todos esses anos em favor da vida de Boanerges. A última coisa que mamãe fez, ao se despedir de Boanerges, foi pedir que ele se ajoelhasse ao lado de sua cama e orou com ele. Creio que Deus ouviu as orações de mamãe, papai, tia Raquel, Tia Francisca, as minhas orações e de tantos quantos intercediam por sua vida. Creio que hoje ele está com o Pai. Deus deu nova chance a Antonio Filho, ao Jaime, e também ao Boanerges, a voltarem ao primeiro amor.

Nesse momento quero agradecer as mensagens e telefonemas recebidos, são bálsamo para a dor lancinante que agora sinto. Obrigada a Dalva, pelo texto enviado, você, perto ou longe, sempre se faz presente nessas horas. Obrigada a Joel, meu pastor, amigo, primo-irmão, por “estar junto” mesmo distanciado em razão dessa pandemia. A todos aqueles que estiveram presentes, que se irmanaram com a nossa dor. Sei que não vai passar assim tão fácil, mas Deus nos dará forças para vencer mais essa. Um dia estaremos todos naquele lar, onde não haverá dor, nem tristeza, porque o Senhor enxugará toda lágrima (Ap 21.4). Temos que dizer como Jó: “O Senhor o deu, o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Temos que repetir o que disse o profeta Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta e campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação”. (Hc 3.17-18). Que Deus abençoe a todos!

(*) Regia Vitória Feitosa é presidutrense, funcionária da Justiça Federal e ex-professora da UFPI