“Barras ...
Barras do Marataoan ...
Dos cânticos de pássaros
e cântaros e címbalos de águas
em cantatas e cascatas
no rocio róseo-violáceo da manhã.
Barras das sete barras
- candelabro de sete braços de prata
líquida a escorregar macia
no dorso duro das pedras (...)”
(Versos iniciais do poema “Barras das Sete Barras” do poeta Elmar Carvalho).
Chico Acoram (*)
1 - Minha terra tem matas abundantes;
Paraíso das águas és, Oh Barras!
Tens a flora e uma fauna exuberantes.
Tens os cantos dos pássaros, cigarras
E as seis barras de rios deslumbrantes
Que desfilam nas matas em fanfarras
Escrevendo poesias e canções
Alegrando assim nossos corações!
2 - Meu torrão tem poetas renomados
Como um David Caldas, os irmãos
João/Celso Pinheiro, ainda aclamados;
Tito Filho, o cronista, em cujas mãos
Retratou Teresina em exaltados
Textos bem-feitos sobre os cidadãos,
Cantos desta cidade, seus encantos,
Suas ruas, e todos os recantos.
3 - Outros vates ilustres das fazendas,
Das ribeiras do meu Marataoã
Se tornaram estrelas estupendas
Na seara das letras desta chã,
Como Hermínio, esse líder das contendas
Do repente e cordel, que d’uma sã
Mente fez o corpóreo livro “Lira
Sertaneja”, que a gente o admira.
4 - Desse clã dos Castelo Branco são
Excelentes poetas: o Leonardo
De Carvalho, o avô, de vocação
P’ra pelejas políticas, um bardo
Talentoso, foi homem de expressão;
Pai Miguel de Carvalho, felizardo
Em cultura, poeta, professor,
Bem versado em gramática, e orador.
5 - Sua avó, por Judite conhecida,
Mais algumas das filhas, poesias
Escreveram em carta dirigida
Ao pai preso e exilado, em covardias
Do governo do Rei, sem merecida
Compaixão e quaisquer das garantias
Foi metido em prisões de Portugal
Por razão de não ser, ao Rei, leal.
6 - Teodoro Castelo Branco, vate
Importante no seio da poesia
Popular, e homem do melhor quilate,
Nosso Hermínio puxou, em demasia,
O seu tio, que gostava do combate
Nas arenas de guerra, assim queria,
E depois retornar p’ra suas matas,
Pois gostava dos campos e cascatas.
7 - Minha terra querida tem poetas
Importantes no rol dos imortais
Acadêmicos com suas seletas
Poesias, e escritores perenais
Dentre os quais, e segundo os exegetas,
São: Matias Olímpio, e seus iguais
Antenor Rêgo Filho, o professor
Dilson Lages que é um escritor.
8 - Menciono, também, o antologista
Consagrado e escritor Wilson Carvalho
(dos) Gonçalves, figura idealista
Da cultura e das letras, de trabalho
Invejável dum grande beletrista,
E longevo que nem o pau carvalho;
O escritor Fenelon Castelo Branco,
Outro ilustre barrense de dom franco
9 - E conceito bastante elogiado,
Seja um bom magistrado ou escritor,
Jornalista ou poeta renomado;
José “Lima Rebelo” foi cultor
Do Direito e um grande advogado,
Sobretudo, eminente educador,
Diretor da Instrução Parnaibana,
Catedrático em letras e de humana.
10 - Mas não posso deixar de destacar
Um poeta e escritor d’alma barrense.
“Barras das Sete Barras” – vem de Elmar
(dos) Carvalho; contudo, há quem bem pense
Que o escriba nasceu neste lugar,
Mas o ilustre é um campo-maiorense,
Pois o pai é de Barras Marataoã,
Seu Miguel (dos) Carvalho, alma cristã.
11 - Ele próprio declara, por herança,
É barrense de todo coração,
Relembrando, ainda jovem, fez andança
Pelas Barras, e muita gratidão
O poeta tem por essa lembrança
Com o povo gentil deste torrão
E agradece a acolhida, a deferência
Recebida com muita reverência.
12 - Minha terra, também, de lá nasceu
Um pintor, desenhista e professor,
É Lucílio Albuquerque, e mereceu
Elogios e aplauso e mui louvor,
Pois o mundo assim bem reconheceu
Como um grande barrense de valor
Das pinturas das telas, retratista,
Foi também excelente paisagista.
12 - Barras é conhecida em todo canto
Como terra dos sete governantes
Espalhados por tudo que é recanto.
São ilustres barrenses tão brilhantes:
Taumaturgo Azevedo foi, portanto,
Um gestor de atuações bem conflitantes,
O primeiro barrense nomeado
Governar, na República, este Estado.
13 - Taumaturgo, também, governador
Do Amazonas atuou por algum tempo
Nesse cargo importante com temor
Do inimigo cruel que a contratempo
O levou a perder, sem um clamor,
O comando do Estado, onde em meio-tempo
Deodoro ausentou da Presidência
Da República, é preso sem clemência.
14 - Em razão de um robusto relatório
Que mandou publicar lá na cidade
Do meu Rio de Janeiro, um “declatório”
Descrevendo com muita claridade
O que fez em Manaus, e do notório
Caso de falcatrua e iniquidade
De políticos “craques” em roubar,
Taumaturgo foi preso em conspirar.
15 - Depois, foi nomeado Coriolano
De Carvalho pra ser governador
Do Piauí, mas no cargo além de um ano
Não ficou em razão do seu labor
Com a pública coisa, pois foi lhano,
Adotando medidas para por
As finanças do Estado equilibradas,
Entretanto, as ações são criticadas.
16 - Foi Fileto (dos) Pires (e) Ferreira.
Militar, deputado federal,
Um barrense de ação bem altaneira,
Destacou-se um político leal,
Foi amante das artes; sem canseira
Terminou a ereção monumental
Do Teatro Amazonas; com mandato
Encerrado, ao quartel volta imediato.
17 - Sigismundo Gonçalves, um barrense
De destaque no campo do Direito
Brasileiro, foi um piauiense
Magistrado, de muito bom conceito,
Que chegou a ministro, e que bem pense
Da Suprema Justiça, e foi eleito
Senador pelo Estado Pernambuco,
E Governo na terra de Nabuco.
18 - Outros filhos de Barras atuantes
Deste Estado podemos destacar
Com orgulho os ilustres governantes
Artur de Vasconcelos, o exemplar
Mor Matias Olímpio, e o nunca dantes
E depois mandatário a governar
O Piauí, cerca de mais de dez anos,
Foi Leônidas Melo, o “Homem de Planos”.
19 - Conhecida de terra de imortais
Bons poetas e muito senadores,
Barras já teve grandes marechais
De elevado conceito e com louvores
Na política como nos anais
Desse Exército de homens vencedores,
Dentre os quais se destacam Taumaturgo
De Azevedo, um “notável demiurgo”.
20 - Foi Firmino (dos) Pires (e) Ferreira
Que na guerra lutou no Paraguai
Com bastante coragem na trincheira,
Nos combates mortais se sobressai;
Vencedor da batalha traiçoeira
E sangrenta é ferido, mas não sai
Da vanguarda, e que por essa razão
Se graduou General de Divisão
21 - E os barrenses que foram senadores?
O Firmino (dos) Pires (dos) Ferreira,
Joaquim Pires, e os dois bons professores:
O Matias Olímpio, de carreira
Ilibada, com atos promissores;
E Leônidas Melo, de altaneira
Profissão da área médica, político,
De avançada visão e senso crítico.
22 - Destacados como homens imortais,
Barras é um celeiro de escritores
E poetas inscritos nos anais
Do importante “Sobrado” dos cultores
Beletristas, das artes culturais
Do Piauí, seja como precursores
Ocupantes/patronos de cadeiras
São quatorze daqui destas ribeiras:
1 – João Pinheiro (1877-1946). Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 2 da APL);
2 – Celso Pinheiro – (1877-1950). “O milionário do verso”. Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 10 da APL;
3 – Breno Pinheiro - (1899-1957). Segundo Ocupante da Cadeira nº 8 da APL;
4 – David Moreira Caldas - (1836-1879). Patrono da Cadeira nº 4 da APL;
5 – Dilson Lages Monteiro - (1973). Quarto e atual Ocupante da Cadeira nº 21 da APL;
6 – Fenelon Ferreira Castelo Branco - (1874-1925). Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 3 da APL;
7 – Gregório Taumaturgo de Azevedo - (1853-1921). Patrono da Cadeira nº 29 da APL;
8 – Hermínio de Carvalho Castelo Branco – (1851-1889). Patrono da Cadeira nº 2 da APL;
9 – José de Arimathea Tito - (1887-1963). Primeiro Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;
10 – José de Arimatéa Tito Filho – (1924-1992). Segundo Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;
11 – José Pires de Lima Rebelo – (1885-1940). Segundo Ocupante da Cadeira nº 22 da APL;
12 – Matias Olímpio de Melo – (1882-1967). Primeiro Ocupante da Cadeira nº 20 da APL. Presidente da APL;
13 – Teodoro de Carvalho e Silva Castelo Branco – (1829-1891). “O poeta caçador”. Patrono da Cadeira nº 6 da APL;
14 – Wilson Carvalho Gonçalves – (1923-2021). Quinto Ocupante da Cadeira nº 12 da APL.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Francisco Carlos. O menino, o rio e a cidade. Teresina: 2021.
CARVALHO, Elmar. Barras - terra dos governadores e de poetas e intelectuais (Crônica publicada no Blog do Elmar Carvalho). Teresina: 2014.
CHAVES, Monsenhor. Obra Completa. Teresina: 2013.
GONÇALVES, Wilson Carvalho. Antologia da Academia Piauiense de Letras. Teresina: 2018.
RÊGO FILHO, Antenor. Barras, histórias e saudades. Teresina: 2007.
(*) Chico Acoram, é poeta cordelista, cronista, funcionário
público federal e autor do livro “O menino, o rio e a cidade.
Chico Acoram, é nosso ex-colega de trabalho Francisco Carlos.
ResponderExcluirGrande Chico Carlos, homem que tem intimidade com as letras.
Sucesso, amigo!👏
Muito obrigado, amigo. Meu nome é Francisco Carlos Araújo (pseudônimo de Chico Acoram), funcionário do INCRA, e atualmente cedido para AGU, onde desenvolvo atividades de cálculos agrários.
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