sábado, 16 de dezembro de 2023

A NOITE DE AUTÓGRAFOS NO CURADOR FOI IMPACTANTE

 

Minhas netinhas: Bela, Alice, Lavínia e Gabriela
(Foto de autoria de Caroline S. Araújo)

José Pedro Araújo (*)

Já repeti, até quase a exaustão, o que me levou a escrever um livro sobre a história da ocupação das terras centrais da região conhecida como Japão maranhense. Mas vou repetir, para que alguém que não tenha lido algum dos textos em que fiz referência a este fato, ou mesmo ouvido o que eu dizia oralmente em alguma das minhas conversas sobre o tema.

Essa história começou assim: estava, certo dia em uma rodada de conversa com o meu irmão Jônatas e outros amigos do velho Curador, quando o tema sobre a história da região veio à baila. E na continuação da conversa, alguém tocou no ponto nevrálgico do assunto, ao afirmar que a memória da cidade estava apenas no formato oral e que vinha desaparecendo rapidamente com o falecimento dos nossos pioneiros. Foi nesse ponto da conversa que o meu irmão me desafiou a escrever sobre a história da região. E por mais que eu alegasse não ser versado no assunto, que gostava era de escrever crônicas e até mesmo alguns textos de ficção, ele continuou insistindo. Para não encompridar muito o assunto, antecipo logo que terminei me dobrando ao desafio, afinal, a gelada que consumíamos já estava elevando o nível do meu otimismo aos píncaros. Saí de lá com a promessa de preparar um livrinho sobre a história do nosso torrão natal, e com o compromisso de que haveria de conseguir o patrocínio para a publicação do opúsculo.

No dia seguinte – sempre tem um dia seguinte para os seguidores da deusa Ninkasi – arrependi-me de ter feito a promessa e levei a história do meu arrependimento para o meu irmão. Mas ele não aceitou o meu retrocesso e me cobrou o cumprimento da palavra dada. Bom, o certo é que fui à luta e me debrucei nas pesquisas para levantar os fatos verdadeiros que culminaram com a colonização e ocupação da região em que o velho Curador se insere.

Em 2007, publiquei, com uma aceitação gloriosa da população de Presidente Dutra, a primeira edição do livro que intitulei “Viajando do Curador a Presidente Dutra – história, personalidades e fatos”, pois contar a história de um lugar é uma viagem no tempo. A noite de autógrafos, que aconteceu na sede da AABB na cidade, foi um grandioso sucesso. Mas o que me deixou mais contente naquele dia já tão distante, foi ver a felicidade estampada no rosto que cada um dos nossos munícipes ali presentes. Mostravam-se imbuídos daquela certeza de que agora as lutas e o suor derramado pelos nossos pioneiros não cairiam em absoluto esquecimento, estando agora registrado para a posteridade. E isso, como não poderia deixar de ser, me deixou imensamente feliz e com aquele sentimento de ter retirado dos meus ombros um peso enorme, dada à responsabilidade da missão a que havia me proposto.

Contudo, em razão do peso e da responsabilidade já descrita no parágrafo anterior, prometi para mim mesmo que aquela primeira edição seria também a última. Mal sabia eu que as coisas não funcionam bem assim. Que elas escapam do nosso querer e que, quando nos damos conta, estamos debruçados sobre novas pesquisas a cada dia que o Criador nos concede.

E foi assim que, logo nos dias que se seguiram ao lançamento do nosso humilde trabalho, voltamos a pesquisar sobre o tema, pois acreditávamos que muitas coisas ainda precisavam ser descobertas e trazidas à luz. E assim, os dias foram passando e novos fatos foram surgindo; muitos documentos foram encontrados, muitos testemunhos foram obtidos, e várias lacunas foram supridas na montagem da história real do nosso amado Curador.

Sabedor de que eu continuava com o hábito de continuar com as minhas pesquisas, meu irmão voltou à carga e disse-me que achava que já era hora de lançar uma edição revista e ampliada do livrinho com a história da região. Não havia como desprezar a proposta, pois até podia contar novamente com o apoio dos beneméritos Jônatas Barros de Araújo/Wilana Carvalho de Araújo, Paulo Sérgio Ferreira Falcão/Maria Neusa Falcão, José Alves de Carvalho/Hilarilda Carvalho Torres, Dr. Orlando Sousa Pinto Filho/Kárita de Guadalupe Gomes, Raimundo Alves de Carvalho e Fabiana da Silva Carvalho. E dos novos parceiros, Dr. Elian Oliveira Barros/Dra. Rosy Ane Barros, e Arão Oliveira Barros/Elenice Fonseca Barros. Devo admitir que, dessa vez, não foi preciso muitos argumentos da parte dele. Afinal, eu já vinham meditando nessa possibilidade, dada à necessidade de atualizar algumas informações e, até mesmo, fazer alguns ajustes em algumas situações que estavam necessitando de complemento ou mesmo de alteração. E se eu já estava com um calhamaço de documentos em mãos, faltava ainda transformar tudo em texto, coisa que demanda muito tempo e trabalho. O fato é que levei este último ano trabalhando na montagem da nova edição do livro. Finalmente, dia 7 do mês em curso, estávamos mais um vez na terrinha para o seu lançamento.

Estranhamente, eu estava mais preocupado do que na vez anterior, por acreditar que aqueles que haviam se dedicado à leitura da primeira edição, esperavam alguma coisa bem melhor do que o que havia feito nela. Não sei se conseguiu isso, mas a receptividade dos meus conterrâneos foi estupenda. Por sua vez, os patrocinadores do livro também responderam prontamente ao chamado e ensejaram que apresentássemos um livro com algo em torno de duzentas páginas a mais, e com um nível de qualidade material muito melhor.

Portanto, no dia 7 deste mês de dezembro do sagrado ano de 2023, o auditório da Câmara de Vereadores da cidade estava lotado. A imprensa, capitaneada pelos jornalistas Paulo Andrews e Léo Souza, deu cobertura total ao acontecimento e a noite de autógrafos se transformou em um evento dos mais concorridos na cidade. A minha mulher, Assistente Social Helena de Sousa Lima Araújo, partícipe e vítima ao mesmo tempo – fiquei com o comportamento instável – que também havia se jogado de cabeça na tarefa de me ajudar na montagem do livro ainda no ano corrente, observou que a plateia se mostrava muito feliz naquela noite para receber a segunda edição do livro Viajando do Curador a Presidente Dutra. Que isso era um bom sinal. E que magnífico evento cultural conduzido pelo cerimonialista, poeta Orfileno Gomes! Quão gratificante foi assistir a minha irmã, juíza aposentada e presidutrense Benedita Araújo Lima desfiar a sua competência e oratória na apresentação do livro.  Como o povo da minha terra tem sido condescendente com esse projeto de escriba. Obrigado, Presidente Dutra!

Na solenidade de lançamento da primeira edição do livrinho ainda não contava com as minhas quatro netinhas esbanjando alegria na família. Agora, fiquei imensamente feliz em ver três das quatro princesas do vovô, correndo alegremente por entre os presentes, inundando o ambiente com seus sorrisos cantantes. Parentes e amigos também vieram de longe para abrilhantar a festa em que se transformou o lançamento desta edição. Meus filhos e minhas noras, que também haviam colocado suas mãos na massa e somaram comigo na cansativa tarefa, também estavam exultantes em ver que a solenidade organizada pela minha cunhada Wilana Carvalho de Araújo estava acima da altura dos nossos merecimentos.

O espaço em que se deu o evento, o novo auditório da Câmara Municipal, mostrou-se mais que adequado aos nossos propósitos e por isso agradecemos imensamente ao presidente daquela casa, Ricardo Lucena, e aos vereadores André Jardins e Raimundo Nava pela disponibilidade e empenho de fazer com que a Casa do Povo se transformasse também no espaço ideal para a solenidade de relançamento do nosso livro. Ao prefeito de Presidente Dutra, Raimundo Carvalho, representado no ato pelo advogado Lucas Castro, pelo apoio ao nosso projeto. Agora, só nos resta esperar que o resultado do trabalho seja adotado pelas escolas e bibliotecas da região na difusão da história do nosso município de Presidente Dutra.

Ademais, como já falei anteriormente, quão grande é o prazer de ter nascido em um lugar que tem o venturoso nome de Curador. Senti-me como os pioneiros que buscavam o nosso Curandeiro para tratar dos males do corpo naquela encruzilhada que se formou na região da Santa Maria do Japão em meados do século dezenove. E quanta ajuda me prestaram os meus conterrâneos. Aliás, em matéria de ajuda, olho para trás e vejo a multidão de pessoas que ombrearam comigo a fim de que esse projeto chegasse a bom termo. Esposa, noras, filhos, netos, irmãos, cunhadas e cunhado, amigos, conhecidos, além dos mantenedores deste livro, formamos uma só corrente na execução deste trabalho. Nunca estive sozinho!  

(*)José Pedro Araújo é engenheiro agrônomo, funcionário público federal aposentado, historiador, cronista, romancista, e coordenador do blog Folhas Avulsas.


4 comentários:

  1. Helena de Sousa Lima Araújo16 de dezembro de 2023 às 12:21

    Ótimo texto, bela solenidade.

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  2. Meu amigo, eu não estive presente na cerimônia de lançamento da segunda edição do seu livro, mas encomendei o meu exemplar que já chegou ao meu endereço, devidamente, atografado, portanto já estou lendo, atenciosamente, a mais recente edição do seu livro, Viajando de Curador à Presidente Dutra e tenho certeza de que vou somar aos meus parcos conhecimentos da história do meu torrão natal mais essa nova edição que, certamente, vou usar como fonte de pesquisa a exemplo do que fiz com a primeira.

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  3. # Onde se lê, atografado, leia autografado.

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  4. Parabéns José Pedro por mais essa edição e que venha outras mais para nos engrandecermos mais ainda.

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