segunda-feira, 7 de outubro de 2019

CAFÉ DO ARAÚJO




                                                                por Rosângela Sousa*

Na casa de meus queridos pais
Todos sempre apreciaram café
Cresci presenciando na roda
Tomar o preto, regra de fé.

De não ter nenhum vício
Mamãe sempre se vangloriava
Mas se sua bebida não ingeria
De dor de cabeça se queixava.

Papai, víamos, a mamãe venerava
Mas o amor do contraste se nutria
O café para ele era doce e frio
E tinha que ser fraco, ele dizia.

A mamãe detestava este modo
Assim, a bebida a lhe enternecer 
Tinha que forte e amarga estar
E, mais ainda, bem quente ser.

Um dia tive gastrite confirmada
Que do café me roubou o prazer
Posto que o médico foi enfático
Esta bebida você pare de beber.

Logo para mim que deste preto
O mais decisivo e agradável feito
Era sempre propiciar entre nós 
Encontro familiar mais que perfeito.

Oscar também sempre se deliciou
Com o insuperável sabor do café
De tão presente, em casa instalou
O aconchegante Canto do Tio Quelé.

Mesmo com tantos motivos
Para aquela bebida voltar a tomar
Fiquei firme até recentemente
E, pasmem, consegui me segurar.

Ocorre que no meu trabalho
Uma colega, dileta formosura
Resolveu com café me agraciar
Me oferecendo com rara doçura.

Junto a um cheiro inconfundível
Trouxe incontestável primor
Era uma deusa a me oferecer
Uma xícara recheada de amor.

A seguir argumento irretocável
Daquela garota fenomenal:
­­- Como esnobar o que até hoje
Só o meu marido tem igual?

Diante de tamanha cortesia
Ou incontestável nobreza
A minha relutância sucumbe
Para realçar a delicadeza.

E ao àquela bebida ingerir
E seu singular sabor provar
Pensei: - Que marido feliz
Por aquela mulher o brindar.

E assim desde àquele dia
Com frequência voltei a degustar
Do carinho que a Helena até então
Só ao marido resolvia premiar.

Pois um dos encantos da Helena é
Com o café do Araújo nos brindar
Mais que o café a atenção
Ela transparece no olhar.

Para finalizar esta declaração
Outra colega decidiu me desafiar
A toda esta história esclarecer
Seu nome é Socorro, pode anotar.

Por tão singela solicitação
Não tenha dúvida querida
Amei deixar este registro
Na UGSUAS, por toda a vida.

Afinal, por ser costume bem atual
Ele está em evento moderno
Por se manter desde os ancestrais
O café é simplesmente eterno.



          (Teresina, 06/10/2019)


(*) Rosângela Sousa é poetisa, Membro da Academia Piauiense de Poesia (ACAPP), Diretora de Gestão do SUAS / SASC – PI, Coordenadora da Comissão de Políticas - CEAS – PI e Coordenadora do Programa Criança Feliz/SASC – PI.







4 comentários:

  1. Boa noite,
    Adivinhem a que Araújo este poema se refere? Ao próprio editor deste blog. Obrigada pela inspiração!!!!

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  2. Chico Acoram Araújo7 de outubro de 2019 às 22:26

    Dr. Araújo, a poeta Rosângela Sousa faz parte do nosso grupo de cordelistas que se aos sábados na Livraria Entre Livros. Recentemente, Rosângela publicou seu livro de poesias na Academia Piauiense de Letras.

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  3. Meu amigo Acoram, este blog se sente profundamente honrado em poder publicar trabalhos de intelectuais da sua qualidade, da Dra. Rosângela, do Dr. Elmar Carvalho e do Dr. Francisco Almeida. Vocês dão maior brilho ao espaço.

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