sábado, 24 de fevereiro de 2024

Na vida tudo é arte

Criador e Criatura - arte de Michelangelo (Teto da Capela Sistina)
 

Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

Com o tempo descobri que tudo na vida é arte. E, nisso acredito. Atos, fatos e comportamento. O que e como você está fazendo? Como você se porta diante dos problemas. O jeito que você ama alguém. A maneira como você fala. Até seu sorriso e personalidade. No que você acredita; e em todos os seus sonhos. A maneira como você escolhe se relacionar. Como você arruma a casa. Sua lista de compras. A comida que você faz. Sua escrita. A forma como você se sente. Enfim, todas as suas escolhas são formas de arte. O bom humor, a autoestima, e a gratidão, também são formas de arte. O bom humor é hábito para os fortes. Para aquele que cultiva a alegria de viver; aquele que dá sempre mais do que recebe. A autoestima é a certeza que você está sendo sua melhor versão. Que você tem muito a oferecer, que você faz a sua parte. A gratidão é o mais nobre de todos os sentimentos. Arrisco-me a dizer que maior até que o amor, pois você pode deixar de amar, mas ser grato transcende tempo e circunstâncias. A gratidão é o sentimento de almas nobres. A vida se renova, toda vez que enchemos nosso coração de paz e resolvemos ter gratidão pelas coisas conquistadas e pelas bênçãos alcançadas.

É vida nova, toda vez que renascemos dos nossos temporais e nos reinventamos diante dos dias nublados.

Quando descobrimos, em meio à nossa "bagunça" e loucura de viver, aquele sentimento de paz que o tempo nos traz, sabemos que estamos no caminho certo.

Quando nos abrimos para outras possibilidades de viver e nos olhar: é vida nova, é reconstrução. É renovação, é mudar o olhar.

Quando desaceleramos o passo somente pra sentir as gotas que o céu derrama: é renovação, é vida reinventada. É nas coisas simples que a vida se mostra mais viva.

E quando, finalmente, aprendemos a nos doar, abraçar com amor, e amar as pessoas como elas são, é transformação. E, como as estações, florescemos.

Podemos escolher focar na dor ou no amor, sempre será uma escolha nossa. Aprendi que “ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater por eles é opcional”. Essa frase é um mantra para mim. É uma questão minha se agiganto ou não os problemas.

“Você não pode evitar que os problemas batam à sua porta. Mas não há necessidade de oferecer-lhes uma cadeira para sentar”; cito Cora Coralina para dizer que não precisamos desperdiçar energia pensando sobre problemas, quando o certo é focar na solução. Lembre-se que se você não pode resolver agora, por que perder energia pensando nisso?

A autocura está a nossa disposição, só precisamos decidir pôr em prática o amor, o perdão e a gratidão com disciplina.

Caro leitor, amiga leitora, permita-me o devaneio deste texto. Mas, diante do cipoal de problemas que nos assolam, neste início de ano: Brasil se desmilinguido, por causa de dirigentes aquém dos cargos que ocupam, sem amor e/ou compromisso com o país; dengue grassando e matando; crise climática, o planeta derretendo; violência por toda parte; detentos de alta periculosidade fugindo de cadeia dita de “segurança máxima”; a morte precoce e já esperada de Alexei Navalny pelo sanguinário Wladimir PUTIN; guerras inclementes e bestiais pelo mundo. Diante de tantas atrocidades é na arte que busco refúgio. A arte nos salva. Cito meu conterrâneo Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”.

Como sonhador esperançoso, faço da escrita uma válvula de escape, para falar desta coisa mágica chamada vida, que nos mantém ativos, nos conduzindo e ensinando teimosamente a arte da bem-aventurança diante das intempéries, pois nada é para sempre.

Desejo que você se descubra todos os dias, valorize a sua caminhada, coloque os sonhos no varal, e seja capaz de inventar um motivo qualquer para desabotoar o riso. Todo tempo é tempo de ser feliz.  “O que a vida quer da gente é coragem”, João Guimarães Rosa.

(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências. 

Um comentário:

  1. Uma boa crônica. Uma observação sobre o antepenúltimo parágrafo, o Brasil está se reconstruindo.
    "Desmilinguido" estava.

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