Por: Orfileno Gomes (*)
Ao rever fotos de um passado não
tão distante do Antigo Mercado Público do município de Presidente Dutra - Ma,
deparei-me com uma imagem emblemática da "Feira Municipal". Este
espaço icônico, localizado entre a Rua Coronel Sebastião Gomes e a Praça
Senador Vitorino Freire, ocupa uma área aproximada de 60.000 m².
A Feira Municipal era ocupada por
todos os feirantes da cidade e da região, em uma atividade comercial
itinerante. A preparação do majestoso espaço começava na sexta-feira para a
grande feira, que ocorria até as 19h do sábado. Nada era fixo; tudo era desmontável,
e a área era limpa, servindo como espaço de lazer para os munícipes do entorno
da praça.
Durante as gestões dos prefeitos
Agripino Campos e Jurandir Carvalho, entre 1989 e 1996, ocorreu a chamada
"farra do boi". Uma análise mais apurada do período revela a
impopularidade parcial de suas administrações, marcada pela falta de rigor na
aplicação da lei e no cumprimento do Código de Postura Municipal, permitindo a
invasão do espaço público.
Em ocasiões distintas, durante
meu trabalho jornalístico, tive a oportunidade de conversar com ambos os
gestores sobre a ocupação urbana da área da feira em sua totalidade. Em nossas
conversas esclarecedoras, compreendi que não houve "omissão" por
parte dos gestores mencionados, mas sim a falta de mecanismos ou meios
adequados para coibir a invasão do logradouro público. Com o passar do tempo,
essa situação tornou-se um problema complexo e de difícil resolução.
Durante os sete anos de ocupação
inicial, mais de três gerações negociaram, sob a luz da gestão pública, cada
pedaço de lote a preços elevados no mercado de compra e venda de imóveis sem
titularidade. Atos de ilegalidade e imoralidade!
Apesar da desorganização
estrutural em vários aspectos, o Poder Público Municipal tem demonstrado uma
certa relutância em abordar a questão da "imexível" feira, talvez
devido ao impacto que a "concessão do voto" possui como moeda de troca.
A busca por um projeto de urbanização para a feira não foi uma prioridade em
gestões passadas, e acredito que as administrações presentes e futuras também
evitarão lidar com esta questão complexa, que atualmente parece não ter uma
solução viável.
(*)
Orfileno Gomes, é poeta, administrador de empresas, jornalista, advogado e concluinte do Curso de Medicina.
Prezado amigo José Pedro, agradeço imensamente a publicação desta singela crônica! Forte abraço!
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