quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Em 2026, permita-se florescer

 

O céu na Virada de ano em São Luís do Maranhão

Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

“A vida é feita de escolhas. E, a cada escolha, por mais insignificante que pareça, traz consigo consequências que não podemos prevê. Ninguém pode evitar o impacto de suas decisões. Caminhamos por terreno incerto, e a cada passo, moldamos o nosso destino, quer queiramos ou não. A única certeza é que o passado não pode ser desfeito, e o futuro é a soma de cada um desses passos”, cito José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira.

Há momentos em que a vida pede menos mapas e mais confiança.

Quando o chão deixa de ser firme, o rio aparece. E, com ele, a travessia.

Confiar no invisível não é fechar os olhos, é abrir a escuta. É perceber que nem tudo precisa ter forma para guiar. Às vezes, o que conduz é feito de silêncios, intuições e sinais sutis - como estrelas dentro de um corpo que não se explica, apenas se sente.

Os caminhos certos não se impõem, se revelam. Eles surgem como atalhos, exigindo coragem para abandonar o óbvio e seguir o chamado interno. Não são caminhos fáceis, mas verdadeiros. E quando são verdadeiros, sustentam.

Sempre que necessário, comece de novo. Ano que começa, oportunidade de recomeços. Em 2026 temos, gratuitamente, 365 novas oportunidades de fazer coisas novas, e isso é bárbaro, mágico, fascinante.  Seja um novo emprego, um novo lugar, novas amizades ou um novo amor. A vida é movimento, e o ato de caminhar é um mistério que ultrapassa a simples mecânica do movimento. Cada passo é um pacto silencioso com o desconhecido, uma afirmação de coragem diante do que não se vê. Ao caminhar, confiamos no chão que ainda não tocamos, no espaço que ainda não conhecemos. Um passo ao acaso é, portanto, mais do que um gesto físico: é a materialização da entrega, o salto que separa a segurança da possibilidade. O mundo não é um mar calmo de evidências, mas um oceano instável, imprevisível e cheio de mistérios.

Sempre que necessário, caro leitor, amiga leitora, permita-se reescrever sua história, abrir novas portas e fechar capítulos que já não fazem sentido. Mudar requer coragem. A vida é feita de recomeços, e, às vezes, o passo mais difícil é o primeiro: deixar para trás o que te feriu, o que te fez duvidar de si mesmo, o que te fez construir muros ao invés de pontes. Aprendi que o mundo trata bem quem gosta do mundo, quem se atreve, quem não teme o novo.

Aprender a calar quando o mundo quer que grite é sabedoria. Quando não houver nada de bom a dizer, escolha o silêncio como resposta. Fique quieto quando a ira quiser tomar conta de você; não se torne escravo dela. Palavras ditas na fúria são facas na alma, feridas que o tempo dificilmente apaga, e trazem sofrimentos.

Mantenha a calma, quando a situação não for da sua conta, aprenda a preservar sua energia. Nem todos merecem o privilégio de seu esforço ou atenção.

Fique atento ao seu entorno. Deixe que alguém te ame, não apenas pelo que você mostra ao mundo, mas pelo que você é em essência. Permita-se ser vulnerável, ser cuidado, ser compreendido. Não tema mudar de rumo, quando o caminho que se caminha não leva a lugar nenhum. A vida é troca de energia. Não adianta oferecer um oceano para quem não nos dá nem um copo d’água. Em 2026 cultive a reciprocidade e compartilhe momentos únicos com quem valoriza sua profundidade.

Amor verdadeiro não exige perfeição; ele se fortalece nos detalhes, nos erros, nas cicatrizes que carregamos ao longo do tempo. Felizes os que encontram o amor no outro. Amor é construção, e não precisa ser pesado. 

Reserve tempo para fazer o que gosta: ler, ouvi música, contemplar entardeceres, tomar café ou vinho, cultivar um jardim. Faça amor demoradamente, gozando cada instante. Esteja pleno nestes momentos.

Abrir o coração pode parecer arriscado, e é, mas é nesse risco que mora a liberdade de sentir plenamente, de ser visto e acolhido. Não se prive de viver o que merece. Começar de novo não é um sinal de fraqueza, mas de coragem. Deixar que alguém te ame é aceitar que, por vezes, precisamos de uma mão amiga, de um abraço forte, de um amor que seja porto seguro. De um novo amor que motive, que apoie, que lhe faça vibrar.

Não fira, não magoe, não provoque. Se poupe, não gaste energias com questiúnculas. Não se apequene diante das adversidades, que serão muitas em 2026.

Defenda sua paz sem gritos, sem conflitos. Apenas se retire por um momento e volte quando a tempestade passar. O mundo já carrega peso suficiente de raiva e caos. Não seja quem o aumenta. Seja quem o alivia.

Aprenda que algumas pessoas vão estar ao seu lado por longa caminhada, participarão dos melhores momentos de sua vida. Outras irão te abandonar pelo caminho, sem nem querer dizer o motivo. Mas você terá que se acostumar com isso; o importante é seguir em frente. Saiba que o para-brisa é maior do que o retrovisor.

“Ano novo, vida nova”, dizia minha saudosa mãe, Maria da Conceição.

Recomece com leveza, com esperança e com a certeza de que você é digno de ser amado, exatamente como é, pelo que você é. O amor, quando verdadeiro, não é uma escolha de quem se aproxima, mas um reflexo de quem você é e, do quanto você ainda pode florescer. Um brinde a nós que estamos aqui: firmes e forte, na caminhada diária chamada Vida.

Um 2026 pleno de boas energias, realizações, conquistas e vitórias. Sabendo sempre que sem Deus nada de bom acontece. Floresça, seja sempre primavera. Que Papai do Céu nos abençoe.

(*)


Luiz Thadeu Nunes e Silva é Engenheiro Agrônomo, jornalista, escritor e Globetrotter, autor do livro “Das muletas fiz asas”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário