| O céu na Virada de ano em São Luís do Maranhão |
Luiz Thadeu Nunes e
Silva (*)
“A vida é feita de escolhas. E, a
cada escolha, por mais insignificante que pareça, traz consigo consequências
que não podemos prevê. Ninguém pode evitar o impacto de suas decisões.
Caminhamos por terreno incerto, e a cada passo, moldamos o nosso destino, quer
queiramos ou não. A única certeza é que o passado não pode ser desfeito, e o
futuro é a soma de cada um desses passos”, cito José Saramago, em Ensaio sobre
a cegueira.
Há momentos em que a vida pede
menos mapas e mais confiança.
Quando o chão deixa de ser firme,
o rio aparece. E, com ele, a travessia.
Confiar no invisível não é fechar
os olhos, é abrir a escuta. É perceber que nem tudo precisa ter forma para
guiar. Às vezes, o que conduz é feito de silêncios, intuições e sinais sutis -
como estrelas dentro de um corpo que não se explica, apenas se sente.
Os caminhos certos não se impõem,
se revelam. Eles surgem como atalhos, exigindo coragem para abandonar o óbvio e
seguir o chamado interno. Não são caminhos fáceis, mas verdadeiros. E quando
são verdadeiros, sustentam.
Sempre que necessário, comece de
novo. Ano que começa, oportunidade de recomeços. Em 2026 temos, gratuitamente,
365 novas oportunidades de fazer coisas novas, e isso é bárbaro, mágico,
fascinante. Seja um novo emprego, um
novo lugar, novas amizades ou um novo amor. A vida é movimento, e o ato de
caminhar é um mistério que ultrapassa a simples mecânica do movimento. Cada
passo é um pacto silencioso com o desconhecido, uma afirmação de coragem diante
do que não se vê. Ao caminhar, confiamos no chão que ainda não tocamos, no
espaço que ainda não conhecemos. Um passo ao acaso é, portanto, mais do que um
gesto físico: é a materialização da entrega, o salto que separa a segurança da
possibilidade. O mundo não é um mar calmo de evidências, mas um oceano instável,
imprevisível e cheio de mistérios.
Sempre que necessário, caro
leitor, amiga leitora, permita-se reescrever sua história, abrir novas portas e
fechar capítulos que já não fazem sentido. Mudar requer coragem. A vida é feita
de recomeços, e, às vezes, o passo mais difícil é o primeiro: deixar para trás
o que te feriu, o que te fez duvidar de si mesmo, o que te fez construir muros
ao invés de pontes. Aprendi que o mundo trata bem quem gosta do mundo, quem se
atreve, quem não teme o novo.
Aprender a calar quando o mundo
quer que grite é sabedoria. Quando não houver nada de bom a dizer, escolha o
silêncio como resposta. Fique quieto quando a ira quiser tomar conta de você;
não se torne escravo dela. Palavras ditas na fúria são facas na alma, feridas
que o tempo dificilmente apaga, e trazem sofrimentos.
Mantenha a calma, quando a
situação não for da sua conta, aprenda a preservar sua energia. Nem todos
merecem o privilégio de seu esforço ou atenção.
Fique atento ao seu entorno.
Deixe que alguém te ame, não apenas pelo que você mostra ao mundo, mas pelo que
você é em essência. Permita-se ser vulnerável, ser cuidado, ser compreendido.
Não tema mudar de rumo, quando o caminho que se caminha não leva a lugar
nenhum. A vida é troca de energia. Não adianta oferecer um oceano para quem não
nos dá nem um copo d’água. Em 2026 cultive a reciprocidade e compartilhe
momentos únicos com quem valoriza sua profundidade.
Amor verdadeiro não exige
perfeição; ele se fortalece nos detalhes, nos erros, nas cicatrizes que
carregamos ao longo do tempo. Felizes os que encontram o amor no outro. Amor é
construção, e não precisa ser pesado.
Reserve tempo para fazer o que
gosta: ler, ouvi música, contemplar entardeceres, tomar café ou vinho, cultivar
um jardim. Faça amor demoradamente, gozando cada instante. Esteja pleno nestes
momentos.
Abrir o coração pode parecer
arriscado, e é, mas é nesse risco que mora a liberdade de sentir plenamente, de
ser visto e acolhido. Não se prive de viver o que merece. Começar de novo não é
um sinal de fraqueza, mas de coragem. Deixar que alguém te ame é aceitar que,
por vezes, precisamos de uma mão amiga, de um abraço forte, de um amor que seja
porto seguro. De um novo amor que motive, que apoie, que lhe faça vibrar.
Não fira, não magoe, não
provoque. Se poupe, não gaste energias com questiúnculas. Não se apequene
diante das adversidades, que serão muitas em 2026.
Defenda sua paz sem gritos, sem
conflitos. Apenas se retire por um momento e volte quando a tempestade passar.
O mundo já carrega peso suficiente de raiva e caos. Não seja quem o aumenta.
Seja quem o alivia.
Aprenda que algumas pessoas vão
estar ao seu lado por longa caminhada, participarão dos melhores momentos de
sua vida. Outras irão te abandonar pelo caminho, sem nem querer dizer o motivo.
Mas você terá que se acostumar com isso; o importante é seguir em frente. Saiba
que o para-brisa é maior do que o retrovisor.
“Ano novo, vida nova”, dizia
minha saudosa mãe, Maria da Conceição.
Recomece com leveza, com
esperança e com a certeza de que você é digno de ser amado, exatamente como é,
pelo que você é. O amor, quando verdadeiro, não é uma escolha de quem se
aproxima, mas um reflexo de quem você é e, do quanto você ainda pode florescer.
Um brinde a nós que estamos aqui: firmes e forte, na caminhada diária chamada
Vida.
Um 2026 pleno de boas energias,
realizações, conquistas e vitórias. Sabendo sempre que sem Deus nada de bom
acontece. Floresça, seja sempre primavera. Que Papai do Céu nos abençoe.
(*)
Luiz Thadeu Nunes e Silva é Engenheiro Agrônomo, jornalista, escritor e Globetrotter, autor do livro “Das muletas fiz asas”.
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