Elmar Carvalho
Poeta, é membro da Academia Piauiense de Letras
Náufrago
de uma tempestade
num copo
dágua,
escuto o
canto da desgraça
como um
chamado de sereia.
Pregado
numa cruz invisível,
de cabeça
para baixo,
tenho os
braços fechados
em sinal
de protesto.
Herói
morto de
um sonho
desfeito,
tenho
como epitáfio
a solidão
e o
esquecimento.
Cantor do
silêncio,
tenho a
lira sem cordas
e as mãos
paralíticas.
Pássaro-símbolo
da liberdade,
tenho as
asas quebradas e a
garganta
afônica.
Mendigo
da solidão,
tenho as
mãos vazias.
Descendente
de troglodita,
sou menos
que um
macaco.
Partícula
de mim mesmo,
sou menos
que uma célula
fragmentada.
Resumo de
mim mesmo
uma
expressão me resume:
o NADA
absoluto.
Parnaíba, 04.09.77
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