terça-feira, 10 de maio de 2016

Ciclos da Caatinga

Fotografia do autor


*Paulo Gustavo Alencar é poeta cordelista e engenheiro agrônomo.


Mata branca dos Tapuias
Campo dos bois mandingueiros
Com tons, cores e visagens
Fechada para os Vaqueiros
Dos versos do Patativa
Da melosa com seus cheiros

Mata verde do retorno
Da asa branca e o avoante
Da terra fértil e chã
Clamando que nela plante
Semente, Honra e Justiça
Bases para ir avante

A mata seca, dormente
Apresenta a esperança
Do sono que acordará
Pra mostrar sua pujança
Exemplo pra nós humanos
Exigindo uma mudança

Caatinga seca da vida
Do sertanejo, um forte
Se existe desavença
É o latifúndio da morte
Que na indústria da seca
Reproduz seu passaporte

Amor, paixão e coragem
Amizade e compaixão
São bases do sertanejo
Pra enfrentar o rojão
Falta enfrentar as causas
Que destroem nosso sertão

A Caatinga do Gonzaga
Do Acauã e Juazeiro
Todo junho sempre mostra
Como é ser um festeiro
Mas falta se revoltar
Contra um tal de grileiro

Se preparar pro domínio
De ciência, crença e medo
Enfiar num saco só
O coronel e parceiro
Deixando chupando cana
O aristocrata e herdeiro

Caatinga da vida nova
Que se recicla sem pena
Mostrando pra o sertanejo
Que o errado é o sistema
Penoso qual o lamento
Do canto da Seriema.

PG Alencar (07/05/2016)



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