quarta-feira, 29 de maio de 2019

Fragmentos da Memória de Uma Viagem a Portugal e Itália (Parte 8)

Panorâmica de Florença(Duomo e Campanille)
FLORENÇA

José Pedro Araújo
D
e Lucca a Florença são pouco mais de 76 km pela belíssima e segura autoestrada E76. Nosso ônibus levou pouco mais de uma hora de viagem para chegar até aos subúrbios da cidade em que o Renascimento foi deflagrado, causando um verdadeiro terremoto nas artes. A princípio, passamos pelo parque industrial na periferia, com suas fábricas de instalações modernas, diferenciando totalmente do que veríamos no centro histórico da cidade. Depois, quando nos aproximávamos mais da região central, as belas construções foram aparecendo. Pouco tempo depois chegamos ao nosso hotel, o Villa Gabrielle D’Annunzio, um quatro estrelas belíssimo e confortável que ocupa um velho monastério reformado. Cercado pelo verde, o aconchegante hotel apresenta uma variedade de belas esculturas e outras obras de arte desde os jardins com uma grande variedade de flores e arbustos bem cuidados. E em meio a estes, algumas estátuas de valor histórico foram implantadas sobre pedestais. E o melhor: fica localizado a menos de três quilômetros do centro histórico da bela Firenze.
Cansado da viagem de um dia inteiro, com passagem por belas e históricas cidades italianas, ainda tínhamos que cumprir uma última e especial etapa: o aniversário da Ana Lúcia Almeida era nesse dia 27/03. Só deu tempo fazer o check-in, tomar um banho e trocar de roupas, e logo estávamos atrás de um restaurante próximo ao hotel para a merecida comemoração. Estávamos é força de expressão, pois não aguentei o tranco nesse dia. Estava com os pés em desgraça e não consegui sair do quarto depois do banho. Helena e eu, e também a Benedita, aproveitamos o conforto da bela acomodação e tratamos de refazer as forças para um dia deslumbrante pelo centro histórico da belíssima capital da Toscana. Henrique, Ana, Fernando, Lair, Jônatas e Wilana partiram resolutos atrás de um local aonde pudessem homenagear a aniversariante com pompa e circunstancia. E não demoraram a encontrar um belo ristorante com boa comida e vinho de boa cepa.  Por falta de condições físicas, e uma boa dose de preguiça, perdi o Special Happy End para aquele dia.
Para mim, Florença está entre as cinco melhores cidades que cheguei a conhecer. Foi amor à primeira vista. Tudo o que pensei sentir por Veneza, aconteceu na bela e encantadora cidade toscana. Caminhar pelas ruas sinuosas da cidade é um programa que supera qualquer outro. E não nos fizemos de rogado, não agimos com parcimônia. Café da manhã tomado, partimos para conhecer as atrações que a cidade tinha para nos oferecer. Eram muitas. Tantas que não se consegue visitá-las em menos de uma semana. E nós só tínhamos dois dias para isso. Tivemos que escolher o melhor do melhor, o crème de la crème, e partimos para uma panorâmica pelo seu centro histórico cheios de curiosidade e o coração transbordante de alegria.
O coletivo nos largou na margem do Rio Arno, as nove da matina. Fazia um sol belíssimo, mas o clima mantinha-se bastante frio para os nossos padrões. Saímos dali em busca da Piazza di Santa Croce, para visitar a basílica de mesmo nome. A Chiesa di Santa Croce é também um Panteão, uma vez que nela estão sepultadas mais de 250 personalidades notáveis da cidade. Sua estrutura, antes inteiramente gótica, sofreu alterações ao longo do tempo, e hoje o seu exterior é revestido por colorido mármore de Carrara. Do seu lado esquerdo, chama a atenção uma estátua de Dante Alighieri.
De lá fomos conhecer a estonteante Piazza dela Signoria, a praça central da cidade. Lá fica o seu centro administrativo, o Palazzo Vecchio, antiga residência da família Médici. A praça é também o centro social da cidade, com belas fontes e um sem número de estátuas espalhadas pelo seu quadrilátero. Em frente à velha sede do poder civil, acha-se uma bela cópia da estátua de David de Michelangelo, em tamanho real, uma das obras de arte mais admiradas e fotografadas em todos os tempos. O original, que hoje se encontra abrigada no Museu da Academia, esteve neste lugar por muitos anos, até ser substituída, para evitar mais desgastes. Piazza della Signoria é um museu ao ar livre, tantas são as suas obras de artes.
Partimos dali para conhecer a Ponte Vecchio, sobre o rio Arno, um dos cartões postais da cidade, que apresenta estrutura coberta e uma infinidade de lojas ao longo de todos os seus 84 metros de extensão, ocupadas, especialmente, por joalharias. A ligação do Palazzo Vecchio com a ponte é feita pelo Corredor de Vasali, também conhecido como o Percurso do Príncipe. Por esta passarela coberta passava o príncipe e sua família rumo ao rio para o banho. Trafegavam eles protegidos das intempéries e de algum ataque inimigo. Foi construído em 1565, por Francisco I. Não dá para visitar Florença sem ir conhecer este monumento ao desperdício, mas de uma beleza histórica sem par.
No trajeto para visitar a Catedral de Florença, ou Duomo di Firenze, passamos ainda por diversos pontos de atração e lojas com suas vitrines que atraem mais às mulheres do que qualquer obra antiga. O Mercado da Palha, com o seu Javali da sorte, é um dos pontos que passamos ao longo do caminho. E fomos surpreendidos por um dos feirantes que, ao ver o Jônatas vestido com a camisa do Fluminense, começou a entoar o hino do clube a plenos pulmões. Era um carioca que havia adotado a cidade há quinze anos e tinha como profissão a arte da venda em espaços públicos, o tradicional camelô.
A visita ao Duomo é um caso a parte. O conjunto composto pelo Batistério, A Chiesa de Santa Maria del Fiore e o Campanário de 114 metros de altura, é um espetáculo que deslumbra e emociona. Não há como descrever isso aqui em tão curto espaço. A obra é a junção de vários estilos arquitetônicos, passando do neogótico, renascentista, para a Gótica italiana, e a finalmente a gótica pura. O conjunto da obra produziu algo que transcende a tudo o que já havia visto até então. Tanto pela beleza plástica, quanto pela sua conservação.
A qualidade e conservação da obra não têm paralelo em qualquer outro lugar já visitado nessa viagem, ou que ainda veríamos dali para frente. O Batistério de São João, que compõe o trio maravilhoso, possui uma obra de inigualável beleza: as Portas do Céu. Obra encomendada por Giotto, no ano de 1329, ao artista Andrea Pisano, é toda feita em bronze, com imagens em alto relevo representando a vida de João Batista e suas virtudes, e levou seis anos para ser concluída. O Batistério imita uma lanterna octogonal e simboliza o Oitavo Dia, o dia da Ascensão de Cristo.
Essas poucas informações são uma espécie de síntese de tudo o que se pode ver em Florença, a cidade mais importante da bela, estonteante e atrativa região da Toscana. Precisamos parar por aqui, pois ainda temos que prosseguir por mais alguns dias nessa viagem de sonhos.



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