quarta-feira, 22 de maio de 2019

Fragmentos da memória de uma Viagem a Portugal e Itália (Parte 7)

Pisa - Muralha com portal de acesso à torre(Foto do autor)


PÁDUA/PISA/LUCCA

José Pedro Araújo

PÁDUA
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anto Antônio está sepultado na catedral de Padova(Pádua), como todos sabem. E por isso, a cidade faz parte do roteiro da maioria dos pacotes do tipo “Conheça a Itália”. Acordamos cedo, pois, mesmo andando de ônibus fretado, tínhamos horário marcado para embarcar. Por isso, café reforçado e devidamente agasalhado no estômago, embarcamos às 7:00 horas da matina no nosso Bus. A manhã estava fria, e por isso o amigo Fernando já amanheceu o dia reclamado do clima. Acho que ser magro, em situações como esta, é uma desvantagem. E o Fernando ainda tinha que retirar as luvas a cada cinco minutos para fazer uma foto da Lair. Era um bota e tira, que ele acabava por perder pelo menos uma delas, quase todos os dias. A propósito disto, aprendi algo importante com as mulheres. O porquê de elas nunca repetirem nem um dos componentes que compõe a sua vestimenta daquele dia: não podem aparecer nas fotos em locais diferentes trajando a mesma roupa. E isso é uma preocupação e tanto. Por isso, carregam malas e mais malas para acomodar as inúmeras roupas, cachecóis, casacos, sapatos, sapatos, sapatos... e tudo o mais.
Enquanto isso - voltando para nossa viagem - meu experiente amigo, Henrique, afirma que leva, no máximo, três calças Jeans para os doze dias de viagem. Ele prefere utilizar a mala para acomodar o que comprará na viagem.  Sábia decisão, mesmo achando que ele diz isso de brincadeira, pois o vejo sempre trajando roupas limpas e novas.
De Veneza para Padova são somente 37 km. E nós fizemos esse trecho em pouco mais de meia hora, trafegando em uma rodovia muito bem conservada, pista duplicada, trânsito relativamente tranquilo. E como os ônibus são proibidos de trafegarem pelo centro da maioria das cidades italianas, deixamos o nosso cerca de quinze minutos da Basílica de Santo Antônio de Pádua e fizemos o trajeto a pé e sob intenso frio. Cidade medieval, daquele tipo que ainda possui as suas muralhas de proteção, tivemos pouco tempo para visitar a cidade e gastamo-lo na visita a catedral. O ambiente escuro do interior do templo, sua arquitetura vetusta, além do silêncio interior, faz com que o passado volte ao nosso encontro trazendo a história daquele religioso que têm tanta importância para grande parte dos brasileiros, pois é ele um dos três santos festeiros que embalam as festas juninas, além de ser incensado e muito requisitado - como o santo casamenteiro - pelas moças com dificuldade para arrumar um marido.
Por tudo isso, posso afirmar que vale a pena uma visita à basílica de Santo Antônio. Aliás, fiquei sabendo pelo nosso guia, que Portugal e Itália travaram verdadeira guerra verbal pela posse dos despojos do santo. Como Santo Antônio era nascido em Portugal, deveria ser sepultado lá, diz nossos patrícios. Enquanto, para os italianos, ele havia escolhido Pádua como a sua morada, portanto, deveria permanecer lá. E assim ficou até os dias de hoje.
Padova possui a segunda universidade mais antiga da Itália, com quase 800 anos de existência. Possui ainda um acervo com as melhores obras de Giotto, além de uma belíssima praça com muitas e belas estátuas sobre pedestais, conhecida como Piazza dela Pacce Ythazac Rabin. Passamos pelo meio dela, contemplado aquele belo cenário, pois o estacionamento do nosso ônibus ficava próximo. Ainda tivemos tempo para um lanche, e logo voltamos para a estrada. A viagem só estava no começo e ainda tínhamos outros lugares para visitar antes da chegada a Florença. Próximo destino Pisa.

PISA
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e Pádua a Pisa são 293 km por estrada de ótima trafegabilidade. A paisagem que vemos pela janela do ônibus é um tônico à nossa visão e não nos permite ficar um instante de olhos fechados. Atravessamos belos campos agrícolas, e vilarejos de cartão postal pelo caminho. As casas rurais, a maioria construídas de blocos de granito, possuem dois pavimentos, sendo o térreo para acomodar os petrechos de trabalho, os animais e as silagens, quando inverno chega e não permite que os bichos pastem mansamente em pleno campo. E o andar superior para acomodar a família. Dá para ver que são confortáveis, diferentemente do que vemos aqui no nosso país, especialmente no nosso estado.
Em Pisa, no que pese ser também uma bela cidade medieval, uma coisa atrai a maioria dos viajantes: a Torre Inclinada. Ou Torre de Pisa. Quando lá chegamos, estava ela ainda interditada para uma das suas costumeiras reformas e melhoria na sua sustentação. Por isso, passamos a visitar o seu entorno, fazer as costumeiras fotos como se estivéssemos segurando-a para não tombar, essas coisas.
O pequeno quadrilátero em que fica situada a Catedral, a torre inclinada, que é, na verdade, um campanário, e o Batistério, é uma atração, tanto pela história que encerra, como pela beleza das construções revestidas em mármore branco. A torre atrativa é a mais nova das três construções, e começou a ser edificada no ano de 1.173, medindo 56,70 metros na sua parte maior, dada à inclinação. E possui 294 degraus na sua escadaria interna. A torre, a construção mais interessante, começou a ficar inclinada pouco depois da sua construção, tornando-se, com isto, uma das imagens mais conhecidas no mundo.
É, de fato, um lugar imperdível, e conhecê-lo é uma obrigação para aqueles que gostam de uma viagem cujo propósito é aumentar seus conhecimentos. Observar aquela torre com 14.500 toneladas de peso, inclinada daquela forma desde muitos séculos - e sem que viesse a tombar definitivamente -, é uma experiência que ficará para sempre na mente dos que tem a primazia de contemplar aquela obra de engenharia que, a princípio, foi mal executada. Mas que, até hoje, no que pese dizer-se que ela se inclina um pouco mais a cada ano, ainda continua lá para quem quiser apreciá-la.
Tivemos que fazer o nosso almoço em um dos templos da modernidade gastronômica mundial, um fast food: o Mcdonalds. Papei um Big Mac em lugar de uma pasta italiana. E fomos em frente. Lucca estava a nos esperar.

LUCCA
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eixamos a rodovia E70 e seguimos pela Strada Estatale 1 por 18 km apenas, até a cidade medieval de Lucca. Fizemos o percurso em menos de meia hora e estacionamos fora da cidade, bem próximo às muralhas quase intactas da cidade. Mais uma vez, ficamos encantados com tudo o que vimos. Luca é uma cidade de menos de 90.000 habitantes, situada na região da bela Toscana, que atrai milhares de turistas anualmente, tanto pela sua incomparável beleza estética, mas também pela sua história. A propósito, como Lucca existem várias pequenas cidades na região que são uma atração a parte. E quase todas, diferentemente de Lucca, que está situada em um local plano, ficam encarapitadas no alto de algum monte íngreme.
Deixamos o ônibus estacionado em frente ao seu principal portal de acesso, e fomos a pé apreciando a beleza dos edifícios históricos, a atratividade das vitrines bem chamativas, e subimos a estreita rua até a Praça da Chiesa di San Miguel in Forum, uma bela construção do século VIII. Enquanto estávamos entretidos com um caixa eletrônico, tentando liberar alguns euros para suprir as nossas necessidades, Henrique, Jônatas e Fernando foram para outro lado atrás de um boteco para matar a sede e apreciar a principal bebida da região, o Licor Stregga. Gostaram do sabor, mas não do preço. Optaram por uma dose de Whisky, não menos barata. Mas, pelo menos, desse conheciam o sabor.
Enquanto procurava por eles, dei com a praça que homenageia o músico Giácomo Puccini, com uma bela estátua de bronze, a Pizza Cittadela, na sua terra natal. De volta, depois de apreciar o maestro em sua poltrona granítica, encontrei os companheiros que procurava já voltando para se juntar ao grupo de mulheres que também haviam dado por terminado o seu passeio pelas lojas da pequena cidade.
A visita foi curta, mas o suficiente para ficarmos apaixonados pela bela cidade medieval que viu nascer um dos maiores artistas italianos, criador de Madame Batterfly, Turandot e La Bohéme, entre tantas outras. Mas estava na hora de pegar a estrada novamente, e seguir para Firenze. Tínhamos pouco menos de 80 km para percorrer antes que a noite nos pegasse na estrada.


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