segunda-feira, 28 de junho de 2021

PRESIDENTE DUTRA - 77 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Fotos: Carlos Magno


José Pedro Araújo

Vez por outra, realizo minhas pesquisas em jornais de época na tentativa de encontrar alguma notícia publicada sobre o velho Curador dos anos quarenta e cinquenta. E em uma dessas vezes encontrei no jornal “Diário de São Luís”, edição de 29/09/1948, a informação de que a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão havia se reunido para discutir alguns projetos de interesse dos senhores deputados. Informava aquele noticioso que, dentre outras propostas, estava uma do deputado Martins Dourado, mais especificamente o projeto de lei nº 393, que alterava o nome do nosso município de Curador para Presidente Dutra. Foi o pontapé inicial para a mudança de identidade do município. Martins Dourado era cunhado do prefeito Ariston Léda, casado com a senhora Aldaires Arruda Léda. Depois disto, tivemos que nos acostumar com o novo nome do município, mas não foi fácil. Os mais velhos costumavam se referir ao Curador, quando queriam nominar o município. E assim foi mudado, à revelia da população, que nesse tempo não precisava ser consultada, o topônimo do município.

Dep. Martins Dourado(Cortesia Abnadabe Léda)

Neste 28 de junho o município de Presidente Dutra estará comemorando o seu septuagésimo sétimo aniversário de emancipação política com uma velha contradição a nos acompanhar: o ato oficial de elevação da povoação à categoria de município, o Decreto-lei Nº 830, é do dia 30 de dezembro de 1943. Entretanto, a data solene de instalação efetiva do novo município maranhense, foi o 28 de junho do ano da graça de 1944. Portanto, completamos setenta e sete anos de instalação oficial em 28 de junho, mas já deveríamos estar completando 78 anos de emancipação política no dia 30 de dezembro vindouro. Portanto, valeu mais a data da festa comemorativa de instalação, do que a do decreto-lei de elevação, que deveria ser a nossa certidão de nascimento.

Concordo que a data oficial que levamos em conta é muito mais propícia para se festejar, uma vez que ela é coincidente com o período em que ocorre a maior e mais animada festança para o povo nordestino: os festejos juninos. Ao passo que o 30 de dezembro, apesar de se situar entre o natal e o ano novo, vem sempre banhado por chuvas torrenciais. Pelo menos, naqueles anos era assim. Não dá para esquecer que naquelas priscas eras as chuvas caiam com forte intensidade sobre a cidade e, às vezes, duravam dias seguidos sem que o cidadão pudesse sair de casa sem se molhar.

Então, ficamos assim: o dia em que o povo acorreu à praça pública para festejar a separação política do velho Curador do seu município-tronco, Barra do Corda, ficou como o escolhido para as nossas comemorações e festanças. Sem chuvas, sem música natalina, mas com muita música nordestina e um céu estrelado, tão bonito, mas tão bonito, que só se encontra na região do Japão maranhense. Ficou de bom tamanho. Só que a nossa certidão de nascimento diz outra coisa. Contudo, como ninguém pede apresentação de identidade para município algum, ficamos assim mesmo, com lenço, mas sem documento.

Daqueles dias para cá, muita coisa mudou na nossa pequena comuna. Coisas boas advieram para melhorar a vida do presidutrense, enquanto outras, bem ruins, como em todos os lugares vem acontecendo, chegaram para nos causar transtornos e dissabores. A cidade cresceu, os serviços públicos foram postos à disposição dos residentes: hospitais, escolas, estradas, energia, água encanada (esse em situação ainda bem pior do que merecemos), e os meios de comunicação nos puseram em contato com o mundo inteiro. Hoje, só para exemplificar, já é possível sacar do bolso um pequeno aparelho telefônico e travar conversação com um parente ou um amigo que se encontra naquele instante lá para os lados do Japão, o oficial. Ou em outro ponto qualquer do planeta. Tudo isso, enquanto transitamos tranquilamente pelas ruas da cidade.

Foto: Carlos Magno
 

Os profissionais, bem como as instalações de saúde, os colégios e seus professores, alguns bem capacitados, atendem aos munícipes, sem que eles precisem viajar para outras cidades à procura desses serviços. Foi um avanço monumental, não dá para negar.

Contudo, alguns problemas graves também se achegaram até nós sem que clamássemos por eles: a insegurança, as doenças epidêmicas (ou pandêmicas), e os maus costumes que vieram para desagregar e cobrir de tristeza as famílias locais. Como as drogas alucinógenas, só para citar o mais perverso deles, também chegaram à região no rastro dos novos tempos. 

Além disso, permanece um problema que nos acompanha desde o nosso nascedouro, e continua a causar malefícios à família presidutrense: a perversa concentração de renda que enriquece uns poucos e empobrece a maioria do nosso povo. Mas esse é um problema que atormenta todo um país, dirá alguém bem antenado com a realidade nacional. E de fato, é. Mas em alguns lugares ele atinge a população com maior dureza, como acontece no Maranhão. E pensar que habitamos uma região em que a natureza foi muito pródiga quando nos ofertou recursos naturais sem conta nem limites; terras ubérrimas, chuvas em quantidade dadivosa, rios e lagos perenes, e tudo o mais, nos foi ofertado de mão beijada. E pensar ainda que no princípio da nossa colonização éramos uma região mais próspera que a outra parte do país que nascia!

O que aconteceu conosco? Onde erramos? São perguntas que deveríamos nos fazer quando tivermos que comparecer outras vezes à cabine de votação para escolhermos os nossos representantes. Em todos os níveis. Vamos voltar ao assunto que nos prende no presente instante, porém.

 

Foto: Carlos Magno
 

Esse ano deveremos festejar de uma forma diferente. Precisamos nos manter longe de aglomerações, e dos abraços dos familiares e dos amigos (se estiver com vontade de festejar, ponha a bebida pra gelar, escolha algumas das suas músicas prediletas, ponha-as para tocar, afaste o sofá da sala para um canto e convide a parceira para dar uns passos de dança pelo recinto). Contudo, uma ideia é ir relembrando os bons tempos em que podíamos bater todas as ruas da cidade à procura dos lugares onde a festa corria solta e mais animada neste período. E torcermos para que, no próximo 28 de junho, as coisas se deem de uma maneira diferente, quando então nos juntaremos novamente para festejarmos com gosto e direito o dia do batismo do nosso município.

De minha parte, estou mais do que saudoso. Já estou a mais de ano e meio sem colocar os pés no velho Curador, longe das suas ruas, sequioso por parar um pouco e bater um papo amigável com todos que for encontrando pelo caminho, e chegar até a Tancredo Neves para, em um das dezenas de barzinhos lá existentes, puxar uma cadeira, sentar e degustar uma gelada com tira-gosto à base dos famosos espetinhos de churrasco, enquanto coloco a conversa em dia. Esse já é o meu maior período de ausência da terra querida. Não vejo a hora disso ter um fim.

Parabéns pelos seus 77 anos de emancipação política, Presidente Dutra!

 

4 comentários:

  1. Uma crônica sentimental, com registros de fatos históricos que expressa o carinho de José Pedro pelo velho curador.
    Em breve vc estará degustando o bom churrasquinho do Joaquim, acompanhado de um chopp bem gelado.

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  2. Princesa da Região dos Cocais.
    (José Alcenor Alcenor Vieira de Araújo - JAVA)

    Parabéns pelo seu aniversário,
    Presidente Dutra!
    Cidade linda
    Que nasceu à beira do Igarapé Firmino,
    História
    Que desde menino
    Sempre ouvi
    E vi os mais velhos contarem.

    Diziam que perto da rocha de areia,
    Na saída Norte da cidade,
    Morava um senhor curandeiro
    Que todos chamavam de doutor,
    Ali ele usava à noite
    E durante o dia
    O poder da fitoterapia
    Na arte de curar a dor.

    Não se sabe ao certo qual tipo de linimento
    Esse homem usava
    Para curar o tormento da dor,
    Mas é sabido
    Que esse empírico manipulador
    Das plantas medicinais
    Deixou a marca de suas digitais,
    Bem antes da homeopatia
    E do surgimento do poder dos florais.

    Esse mensageiro do bem, naquela época,
    Já usava a flor
    E na tentativa incansável de debelar a dor,
    Nasceu o primeiro nome dessa cidade linda,
    Curador.

    Contudo, na segunda metade dos anos 1940,
    Em uma ferrenha disputa,
    Na câmara municipal, entre o Vereador Ataliba Almeida e etcétera e tal,
    Que impôs o nome Babaçulândia,
    Mas alguém de uma ala moderada
    Sugeriu um outro de consenso
    Para essa cidade amada.

    Ele lançou um nome
    Em meio àquela acalorada disputa,
    Pois este era um topônimo de consenso
    Em homenagem ao primeiro mandatário da república,
    Na época, o saudoso
    E inesquecível Presidente Dutra.

    Minha cidade do peito e natal,
    Você hoje é septuagenária,
    Porém eu a amo tanto
    Que não consigo ver nenhuma ruga
    Em sua cara.

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  3. Parabéns cidade amada Presidente Dutra 😍🎉👏👏👏👏👏

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