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Francisco Almeida(*)
1 - O temário desta vez
Vai nos dar muita alegria.
É sobre o BUMBA-MEU-BOI
Cultura de simpatia.
Destaque para a MAIOBA
Por ser um BATALHÃO-GUIA.
2 - O BUMBA-MEU-BOI tem nome
Dependendo do lugar:
No PIAUÍ BOI-DE-REIS,
No AMAZONAS BOI-BUMBÁ,
Dispondo de várias formas,
Em SÃO PAULO BOI-JACÁ.
3 - Somente no MARANHÃO
O BOI tem vários estilos,
De MATRACA e PINDARÉ
Cada um com seus sigilos.
De ZABUMBA e ORQUESTRA
Todos com seus cintilos.
4 - Consoante o seu SOTAQUE
O BOI tem os instrumentos:
MARACÁ de lata e chumbos
Pra belos entoamentos;
A MATRACA de madeira
De agradáveis batimentos.
5 - PANDEIRÕES muito afinados
Cobertos todos de couro,
Bem aquecidos no fogo
No som detém-se um estouro,
Com diâmetro alongado
Fazendo inveja a besouro.
6 - O chamado TAMBOR-DE-ONÇA
É tocado com vareta.
Imita o urro do BOI
E também da onça preta.
Uma espécie de cuíca,
É de linda silhueta.
7 - Também se usa TAMBORINHO
Que é um tambor bem pequeno,
Manufaturado em couro
Exala som tão sereno.
Faz-se c’a ponta dos dedos
Pra se ter êxito pleno.
8 - ZABUMBA é grande tambor
Vindo do povo africano,
Também chamado de BUMBO
Traz na lembrança o baiano.
Integra também a lista
Sendo um forte veterano.
9 - Existe o TAMBOR-DE-FOGO
De uma tora de madeira
Com oco todo queimado
Deixando somente a beira.
Tem origem africana,
Instrumento de primeira.
10 - Os ditos BOIS DE ORQUESTRA
De instrumentos variados
Com destaque pros de sopro
Que são mais utilizados,
SAXOFONES, TROBONES
E PISTÕES são festejados.
11 - Também existem etapas
Para a apresentação,
GUARNICÊ é a primeira:
Hora da preparação.
O LÁ VAI é a segunda:
Toada de animação.
12 - A terceira é a LICENÇA
Que se apresenta o novilho;
Quarta vem a SAUDAÇÃO
Com os cânticos de brilho;
Em quinta, segue o URROU,
Momento de compartilho.
13 - Por último, a DESPEDIDA
Quando o BOI segue pra frente,
Final da apresentação
E todo mundo contente,
Com cantigas de saudade
Portando um adeus ardente.
14 - O BUMBA-BOI Maranhense
Tem alegria distinta
Balança todo o povão
Não sendo só dez, nem trinta.
É um batalhão completo
Não há alguém que desminta.
15 - Agora falando um pouco
Da origem desta cultura,
Pra chegar ao Maranhão
Contando muita aventura,
E concluir na MAIOBA
Com agradável ternura.
16 - É que a lenda principal
Do folguedo BUMBA-BOI
Tem origem em um fato
Que há muito tempo se foi
Sobre CHICO e CATIRINA
E a matança de um BOI.
17 - Conta-se com emoção
Que um casal apaixonado,
Dois escravos brasileiros
Pelo amor entrelaçado,
A esposa ficou gestante
Tendo desejo extremado.
18 - Pai FRANCISCO e CATIRINA
É o casal que se comenta.
CATIRINA ficou grávida
E grande desejo enfrenta:
Comer a língua de um boi:
Com vontade violenta.
19 - Este fato aconteceu
No Brasil Colonial,
CHICO não contou conversa
Com seu amor conjugal,
Furtou o boi do PATRÃO
De beleza, sem igual.
20 - Pegou o boi mais bonito
Do importante fazendeiro
Para cumprir o desejo
Do seu amor verdadeiro,
Matar e tirar a língua
E bem assar num braseiro.
21 - Com a ausência do touro
A notícia se espalhou.
Pra descobrir o ladrão
O AMO arregimentou
Muita gente do local,
Plano de CHICO falhou.
22 - Assim, antes que FRANCISCO
Cumprisse com seu intento,
Já tendo ferido o touro
Em vias de abatimento
Foi flagrado por pessoas
Que buscavam salvamento.
23 - O SENHOR manda apurar
O boato anunciado,
O capataz sai à procura
De FRANCISCO, o acusado,
Para se fazer JUSTIÇA
Um grande grupo é formado.
24 - Localizado FRANCISCO
Este reage à prisão,
Nega o fato e ameaça
Com espingarda e facão.
Muita gente é envolvida
Pra provar a acusação.
25 - ÍNDIOS e CABOCLOS REAIS
Que são CABOCLOS-DE-PENA
Conseguem prender FRANCISCO
Com capacidade plena,
Para dar conta do boi
Ou ter a morte de pena.
26 - Em princípio ele nega
Qualquer um envolvimento,
Mas com a investigação
De grande aparelhamento,
FRANCISCO confessa o crime
Com todo detalhamento.
27 - Agora o problema é outro
Pra salvar o boi doente,
Faz-se novo mutirão
Com um batalhão de gente,
Primeiro com os DOUTORES,
Sem receita eficiente.
28 - Os índios dão uma ideia
Pra se pedir aos PAJÉS
Para salvar o novilho
Com suas curas fiéis,
Eles tiveram sucesso
Tendo o boi firmado os pés.
29 - Foi grande a animação,
Além de o boi retornado,
CHICO não perdeu a vida,
O boi de volta e curado,
Houve festa na Fazenda
Com o PATRÃO bajulado.
30 - Como acima já exposta
A lenda emocionante
Contada do BUMBA-BOI
De maneira interessante,
Agora vamos citar
Um a um, dos integrantes.
(Fim da 1ª parte. Continua na próxima publicação)
(*) Autor:
Francisco de ALMEIDA. Membro da
Advocacia Geral da União (Advogado da União de Categoria Especial - aposentado).
Pertencente à Academia Piauiense de Literatura de Cordel – APLC – Cadeira n. 01;
pertencente à Academia Piauiense de Poesia – Cadeira n. 37; pertencente à
Academia Piauiense de Trova; pertencente à ALLCHE – Academia Longaense de
Letras, Cultura, História e Ecologia); e Sócio fundador da COCHACOR –
Cordelaria Chapada do Corisco. E-mail:
almeidaz@terra.com.br – telefone (86) 9-9991.2081.
Já li a primeira parte. Uma imersão cultural que retrata essa brincadeira do folclore maranhese.
ResponderExcluirHá muito registro interessante para frente. Até....
ExcluirValeu, meu amigo Dr. ARAÚJO pela publicação desta porção de nossa cultura, com destaque para o Boi do Maranhão, o batalhão da alegria.
ResponderExcluirCaros leitores, ainda tem bastante fato interessante para frente. VAMOS AGUADAR E LER.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu amigo, esta saga do boi foi bem contada,contudo para Chico representou um sofrido tormento que podia ter usado em sua defesa no tribunal de justiça um belo argumento o de que não se deixa com vontade de comer uma mulher que espera um rebento pois este pode nascer boquiaberta como reza a lenda do rebento, por isso não se deve abandonar com fome e desejo uma mulher grávida que deseja alimento, rico em ferro, principalmente, para ela e um bebê, que dentro da barriga da mãe, anuncia seu nascimento.
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