quarta-feira, 11 de agosto de 2021

BRILHANTE BOI DA MAIOBA: O BATALHÃO QUE CONGLOBA (Parte II).

Imagem do Google

 


Francisco Almeida(*)

 

 

31 - O BOI é uma armação

Construída de madeira,

Formando um bonito touro

Imitação verdadeira,

Portando muitos enfeites

De belezura inteira.

 

32 - CHICO ou mesmo PAI FRANCISCO,

Este é o protagonista,

Para agradar CATIRINA

Esposa muito egoísta,

Acaba roubando o boi

Arriscando a sua crista.

 

33 - CATIRINA, como dito,

É a esposa de FRANCISCO

A desejosa gestante

Que leva o marido ao risco,

Pedindo a língua do BOI

Como se fosse petisco.

 

34 - O SENHOR, AMO ou PATRÃO

É o grande fazendeiro,

Usa sempre um maracá

Representando dinheiro;

É o cantador do BOI,

Também dono do terreiro.

 

35 - Vem os VAQUEIROS ou RAPAZES

Que dançam bem no miolo,

Brincam dentro do cordão

Formando o centro do bolo,

Fazem os pedidos do AMO

E lhe dão todo consolo.

 

36 - Mas há o próprio MIOLO

Que é um forte brincante,

De bastante habilidade

Com molejo interessante;

Que debaixo da armação

Dança de forma incessante.

 

37 - Os bons CABOCLOS-DE-FITA

Também chamados RAJADOS,

São “baiantes” ou “brincantes”

Bastante emocionados;

Alguns pagando promessas

Para os SANTOS aclamados.

 

38 - A figura do DOUTOR

Representa a medicina,

Sabedoria acadêmica

Vindo da Força Divina;

Ciência e popular

Em comunhão cristalina.

 

39 - O PAGÉ é personagem

De grande sabedoria,

Sua origem é indígena

Tem perfeita simpatia;

É quem salva o boi doente

Retomando a alegria.

 

40 - E os CABOCLOS DE PENA

Ou COBOCLOS REAIS,

São de rica indumentária

Sua fantasia é demais,

Completa à base de pena

Com charmes ornamentais.

 

41 - Dependendo do estilo

Pode ter o CAZUMBÁ,

Misto de animal e humano

Indo pra lá e pra cá,

Distraindo os assistentes

Podendo até assustar.

 

42 - A BURRINHA é alegre

Mesma sem ter instrumento,

Desenvolve animação

Para o bom divertimento;

Faz parte do Batalhão

Não pára um só momento.

 

43 - Também usam o CAIPORA

Que é um grande boneco,

Sempre provocando espanto

De longe se houve o eco;

É figura fictícia

Com estilo malandreco.

 

44 - Seguindo à tradição

São muitos os personagens,

BASTIÃO e FANRARRÃO

Fazendo rir das bobagens;

O PADRE e o SACRISTÃO

Exibindo boas imagens.

 

45 - A singela PASTORINHA

Também faz parte da lista,

O ancho MANÉ-GOSTOSO

Impondo sua conquista;

A EMA e o PINICA-PAU

Fazem às vezes de artista.

 

46 - A COBRA integra o cortejo

Como símbolo do mal,

MORTO-CARREGADO-VIVO:

Visão de ruim sinal,

Não se devendo esquecer

Do bicho-papão BABAU.

 

47 - O nome mais engraçado

Que encontrei nos integrantes,

São os chamados MUTUCAS

Distintos acompanhantes;

De laços com os personagens:

Pais, cônjuge ou amantes.

 

48 - Finalmente, nominamos

O famoso JARAGUÁ,

Vem do folclore indígena

Mais este pra animar;

Quer dizer SENHOR DO VALE

Que a língua tupi nos dá.

 

49 - Uma vez já descritos

A lenda e os personagens,

Voltaremos à MAIOBA

Com BOI de muitas vantagens,

De PAÇO DO LUMIAR,

Tem perfeitas engrenagens.

 

50 - O povo do Maranhão

É uma gente animada,

Cumpre os seus compromissos

Sem ter mente estressada,

Brincando a todo vapor

Topando qualquer parada.

 

51 - A ILHA DE SÃO LUÍS

De beleza natural,

Detém quatro municípios

Cada um mais colossal:

RIBAMAR mais SÃO LUÍS

RAPOSA e PAÇO genial.

 

52 - SÃO LUÍS é Município

Que tem história diversa,

CAPITAL DO MARANHÃO

Em beleza submersa;

Fundada pelos FRANCESES,

De cultura incontroversa.

 

53 - Houve invasão HOLANDESA

Na chamada ILHA DO AMOR,

Depois domínio PORTUGUÊS

Nosso colonizador,

Sendo um misto de beleza

Recheado de esplendor.

 

54 - Tem o PORTO DE ITAQUI

O segundo do BRASIL;

A LAGOA ANA JANSEN,

O bonito RIO ANIL,

CAPITAL do BUMBA-BOI

Detém cultura em barril.

 

55 - MAIOBA é nome indígena

De um arbusto campestre,

Chamado de mata-pasto,

Não é ser extraterrestre;

É apenas um matinho

De natureza silvestre.

 

56 - Na ILHA DE SÃO LUÍS

É nome de POVOADO,

Do qual estamos falando

Que tem um BOI encantado.

Faz a comunhão da Ilha,

Deixa o povo apaixonado.

 

57 - Não poderia ser melhor

Sua localização,

Em PAÇO DO LUMIAR

Na mesma circunscrição;

Da CAPITAL SÃO LUÍS

Onde tem adoração.

 

58 - Na MAIOBA o boi é tudo:

É extremada cultura,

Também é religião

Fonte de toda ternura.

Alvo de grande paixão

Do nascer à sepultura.

 

59 - Não pense ser exagero

O que aqui estou dizendo,

A MAIOBA tem destino

No que o boi está fazendo,

Inclusive as obras públicas

Vão com ele acontecendo.

 

(Fim da 2ª parte – Continua na próxima publicação!)

 

(*) Autor: Francisco de ALMEIDA.  Membro da Advocacia Geral da União (Advogado da União de Categoria Especial - aposentado). Pertencente à Academia Piauiense de Literatura de Cordel – APLC – Cadeira n. 01; pertencente à Academia Piauiense de Poesia – Cadeira n. 37; pertencente à Academia Piauiense de Trova; pertencente à ALLCHE – Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia); e Sócio fundador da COCHACOR – Cordelaria Chapada do Corisco.   E-mail: almeidaz@terra.com.br – telefone (86) 9-9991.2081.

2 comentários:

  1. Bom demais Dr. Araújo. Muito obrigado mais uma vez. Valeu.

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  2. Meu amigo, esse poeta tem na ponta da língua o domínio da última flor do Lácio e demonstra ser um grande conhecedor da cultura maranhense, onde a rima está sempre presente no falar natural de um trovador, que descreve tudo com tanto amor que até mesmo em sua prosa formal há um certo verso cuja entonação parece à de um cantor.

    O poeta Francisco de Almeida trouxe a minha lembrança um lindo soneto de Olavo Bilac.

    No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana.

    O Bumba meu boi é um movimento cultural e também uma festa popular que me faz lembrar não só do soneto de Bilac, mas também da beleza e da criatividade do folclore maranhense que é tão rico e bonito quanto à língua portuguesa.

    Leia o soneto:

    Última flor do Lácio, inculta e bela,
    És, a um tempo, esplendor e sepultura:
    Ouro nativo, que na ganga impura
    A bruta mina entre os cascalhos vela...

    Amo-te assim, desconhecida e obscura.
    Tuba de alto clangor, lira singela,
    Que tens o trom e o silvo da procela,
    E o arrolo da saudade e da ternura!

    Amo o teu viço agreste e o teu aroma
    De virgens selvas e de oceano largo!
    Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

    Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
    E em que Camões chorou, no exílio amargo,
    O gênio sem ventura e o amor

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