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Francisco Almeida(*)
31 - O BOI é uma armação
Construída de madeira,
Formando um bonito touro
Imitação verdadeira,
Portando muitos enfeites
De belezura inteira.
32 - CHICO ou mesmo PAI FRANCISCO,
Este é o protagonista,
Para agradar CATIRINA
Esposa muito egoísta,
Acaba roubando o boi
Arriscando a sua crista.
33 - CATIRINA, como dito,
É a esposa de FRANCISCO
A desejosa gestante
Que leva o marido ao risco,
Pedindo a língua do BOI
Como se fosse petisco.
34 - O SENHOR, AMO ou PATRÃO
É o grande fazendeiro,
Usa sempre um maracá
Representando dinheiro;
É o cantador do BOI,
Também dono do terreiro.
35 - Vem os VAQUEIROS ou RAPAZES
Que dançam bem no miolo,
Brincam dentro do cordão
Formando o centro do bolo,
Fazem os pedidos do AMO
E lhe dão todo consolo.
36 - Mas há o próprio MIOLO
Que é um forte brincante,
De bastante habilidade
Com molejo interessante;
Que debaixo da armação
Dança de forma incessante.
37 - Os bons CABOCLOS-DE-FITA
Também chamados RAJADOS,
São “baiantes” ou “brincantes”
Bastante emocionados;
Alguns pagando promessas
Para os SANTOS aclamados.
38 - A figura do DOUTOR
Representa a medicina,
Sabedoria acadêmica
Vindo da Força Divina;
Ciência e popular
Em comunhão cristalina.
39 - O PAGÉ é personagem
De grande sabedoria,
Sua origem é indígena
Tem perfeita simpatia;
É quem salva o boi doente
Retomando a alegria.
40 - E os CABOCLOS DE PENA
Ou COBOCLOS REAIS,
São de rica indumentária
Sua fantasia é demais,
Completa à base de pena
Com charmes ornamentais.
41 - Dependendo do estilo
Pode ter o CAZUMBÁ,
Misto de animal e humano
Indo pra lá e pra cá,
Distraindo os assistentes
Podendo até assustar.
42 - A BURRINHA é alegre
Mesma sem ter instrumento,
Desenvolve animação
Para o bom divertimento;
Faz parte do Batalhão
Não pára um só momento.
43 - Também usam o CAIPORA
Que é um grande boneco,
Sempre provocando espanto
De longe se houve o eco;
É figura fictícia
Com estilo malandreco.
44 - Seguindo à tradição
São muitos os personagens,
BASTIÃO e FANRARRÃO
Fazendo rir das bobagens;
O PADRE e o SACRISTÃO
Exibindo boas imagens.
45 - A singela PASTORINHA
Também faz parte da lista,
O ancho MANÉ-GOSTOSO
Impondo sua conquista;
A EMA e o PINICA-PAU
Fazem às vezes de artista.
46 - A COBRA integra o cortejo
Como símbolo do mal,
MORTO-CARREGADO-VIVO:
Visão de ruim sinal,
Não se devendo esquecer
Do bicho-papão BABAU.
47 - O nome mais engraçado
Que encontrei nos integrantes,
São os chamados MUTUCAS
Distintos acompanhantes;
De laços com os personagens:
Pais, cônjuge ou amantes.
48 - Finalmente, nominamos
O famoso JARAGUÁ,
Vem do folclore indígena
Mais este pra animar;
Quer dizer SENHOR DO VALE
Que a língua tupi nos dá.
49 - Uma vez já descritos
A lenda e os personagens,
Voltaremos à MAIOBA
Com BOI de muitas vantagens,
De PAÇO DO LUMIAR,
Tem perfeitas engrenagens.
50 - O povo do Maranhão
É uma gente animada,
Cumpre os seus compromissos
Sem ter mente estressada,
Brincando a todo vapor
Topando qualquer parada.
51 - A ILHA DE SÃO LUÍS
De beleza natural,
Detém quatro municípios
Cada um mais colossal:
RIBAMAR mais SÃO LUÍS
RAPOSA e PAÇO genial.
52 - SÃO LUÍS é Município
Que tem história diversa,
CAPITAL DO MARANHÃO
Em beleza submersa;
Fundada pelos FRANCESES,
De cultura incontroversa.
53 - Houve invasão HOLANDESA
Na chamada ILHA DO AMOR,
Depois domínio PORTUGUÊS
Nosso colonizador,
Sendo um misto de beleza
Recheado de esplendor.
54 - Tem o PORTO DE ITAQUI
O segundo do BRASIL;
A LAGOA ANA JANSEN,
O bonito RIO ANIL,
CAPITAL do BUMBA-BOI
Detém cultura em barril.
55 - MAIOBA é nome indígena
De um arbusto campestre,
Chamado de mata-pasto,
Não é ser extraterrestre;
É apenas um matinho
De natureza silvestre.
56 - Na ILHA DE SÃO LUÍS
É nome de POVOADO,
Do qual estamos falando
Que tem um BOI encantado.
Faz a comunhão da Ilha,
Deixa o povo apaixonado.
57 - Não poderia ser melhor
Sua localização,
Em PAÇO DO LUMIAR
Na mesma circunscrição;
Da CAPITAL SÃO LUÍS
Onde tem adoração.
58 - Na MAIOBA o boi é tudo:
É extremada cultura,
Também é religião
Fonte de toda ternura.
Alvo de grande paixão
Do nascer à sepultura.
59 - Não pense ser exagero
O que aqui estou dizendo,
A MAIOBA tem destino
No que o boi está fazendo,
Inclusive as obras públicas
Vão com ele acontecendo.
(Fim da 2ª parte – Continua na próxima publicação!)
(*) Autor: Francisco
de ALMEIDA. Membro da Advocacia Geral da União (Advogado da
União de Categoria Especial - aposentado). Pertencente à Academia Piauiense de
Literatura de Cordel – APLC – Cadeira n. 01; pertencente à Academia Piauiense
de Poesia – Cadeira n. 37; pertencente à Academia Piauiense de Trova;
pertencente à ALLCHE – Academia Longaense de Letras, Cultura, História e
Ecologia); e Sócio fundador da COCHACOR – Cordelaria Chapada do Corisco. E-mail: almeidaz@terra.com.br – telefone
(86) 9-9991.2081.
Bom demais Dr. Araújo. Muito obrigado mais uma vez. Valeu.
ResponderExcluirMeu amigo, esse poeta tem na ponta da língua o domínio da última flor do Lácio e demonstra ser um grande conhecedor da cultura maranhense, onde a rima está sempre presente no falar natural de um trovador, que descreve tudo com tanto amor que até mesmo em sua prosa formal há um certo verso cuja entonação parece à de um cantor.
ResponderExcluirO poeta Francisco de Almeida trouxe a minha lembrança um lindo soneto de Olavo Bilac.
No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana.
O Bumba meu boi é um movimento cultural e também uma festa popular que me faz lembrar não só do soneto de Bilac, mas também da beleza e da criatividade do folclore maranhense que é tão rico e bonito quanto à língua portuguesa.
Leia o soneto:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor