sexta-feira, 3 de junho de 2022

“C’est comme cela la vie”.

Turistas em volta do famoso quadro de Leonardo da Vinci

 

Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

Nas cinco vezes que estive em Paris, somente em uma não visitei o museu do Louvre. Foi em uma conexão rápida, fiquei apenas nos arredores do aeroporto Chales de Gaulle. Em todas as outras, reservei um tempo e gastei sola dos sapatos e as ponteiras das muletas a percorrer os labirintos de artes no Louvre, o maior museu do mundo.

Em minhas andanças pelo mundo, três lugares não deixo de visitar: feiras livres, supermercados e museus. Tive a oportunidade de visitar os maiores e melhores museus do mundo. Embora não seja exímio conhecedor de arte, gosto de observá-las, faz bem para o espírito, acalma a alma. “A arte existe porque a vida não basta”, dizia o intelectual maranhense Ferreira Gullar.

De tanto percorrê-lo, posso até dizer que tenho uma ligação próxima com o Louvre. Explico: Numa fria manhã de sexta-feira, 03 de Faveiro de 2017, meu filho Frederico, acompanhado da então noiva, hoje esposa, Isadora, levantaram cedo, tomaram seu Petit-déjeuner no hotel, e se encaminharam para o Louvre. Chegaram cedo para evitar as longas filas que se formam em sua entrada, junto à Pirâmide de vidro. O Louvre recebe cerca de 10 milhões de visitantes por ano. Para efeito de comparação o Brasil, esse imenso país continental, cheio de belezas naturais recebe apenas 6 milhões de turistas. A cidade de Paris recebe 60 milhões de turistas por ano.

Naquela manhã, o museu foi invadido por um homem armado com uma faca, carregando duas mochilas, disseram fontes da polícia. Identificado como Abdallah E-H., de 29 anos, o agressor era egípcio, estava na França como turista. Atingido a tiro por soldados franceses, foi levado a um hospital na região em estado grave, mas resistiu.

Frederico, Isadora e os demais turista foram levados para o subsolo do museu, sem saber do que ocorria. Como a diferença de fuso horário, em Paris era 10:00 h, eu dormia em casa. Ao acordar, vi pela TV, ao vivo, as cenas no Louvre, isolado, frenesi dos soldados por todos os lados. Liguei para Frederico, que estava sem saber o que o que estava acontecendo. Lhe dei a notícia. Liguei para uma TV local relatando o ocorrido, me pediram um depoimento de Frederico e Isadora, por vídeo. Eles me enviaram, encaminhei para a TV, que mostrou no jornal do meio dia e distribuiu a nível nacional, um casal de maranhenses entrincheirado no porão do Louvre.

Fevereiro de 2020, em uma trip pela Europa, minha última viagem internacional antes da pandemia, visitei novamente o Louvre, e através de um conhecido brasileiro que trabalha no museu, fui retirado da muvuca que se forma em frente ao pequeno quadro da Monalisa, tive o privilégio de ficar tête-à-tête com a obra de Leonardo da Vinci, considerado o quadro mais valioso do mundo. Por poucos minutos fui fotografado bem próximo do quadro da Mona Lisa também conhecida como A Gioconda ou ainda Mona Lisa del Giocondo, a mais notável e conhecida obra de Leonardo da Vinci, um dos mais eminentes homens do Renascimento italiano. A pintura é datada de 1503, onde o artista italiano melhor concebeu a técnica do sfumato. O quadro é pequeno, mede 77 cm X 53 cm. De longe pouco se avista.

Na semana passada vi pela TV que alguém tinha atentado contra a Monalisa. O incidente aconteceu na tarde de domingo, 29/05, quando um homem com uma peruca e em uma cadeira de rodas atirou uma torta contra a película de vidro que protege a pintura de Leonardo da Vinci. Os seguranças expulsaram-no imediatamente do museu, e funcionários iniciaram a limpeza da sala. Na presença dos turistas perplexos, um funcionário limpou a placa de cristal colocada em frente à Gioconda. O autor do atentado, 36 anos, cujo nome e nem nacionalidade foram divulgados, gritava palavras de ordem, sendo levado para um manicômio.

O ataque sofrido pela Mona Lisa no Museu do Louvre, em Paris, neste domingo (29), não foi o primeiro perrengue que a obra já passou. Segundo o jornal El País, em 2009, uma turista atirou uma xícara em direção ao quadro, danificando o vidro que a protegia. Em 1974, enquanto era exposta no Museu Nacional de Tóquio, uma mulher tentou espirrar uma tinta em spray vermelha na pintura, sem sucesso. Já em 1956, a obra sofreu dois ataques: um com ácido, que danificou uma das partes inferiores do quadro, e um com uma pedra, que causou um pequeno dano. Mas nada supera o roubo do quadro. Em 1911, o quadro chegou a ser roubado por Vincenzo Peruggia, sendo resgatado somente dois anos mais tarde.

Enquanto houver obras de arte, especialmente as icônicas, haverá malucos espalhadas pelos quatro cantos do mundo, querendo arremessar qualquer objeto, e, assim ter seus quinze minutos de fama.

Como dizem os franceses, fazendo biquinho, “C'est comme cela la vie!”

 

(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países

Um comentário:

  1. Meu amigo Thadeu, diante da sua narrativa relativa aos diversos ataques sofridos pela famosa obra de Leonardo da Vinci, fica a seguinte dúvida: será que todos esses ataques à obra famosa do artista florentino foram feitas simplesmente para chamar a atenção ou pelo desejo do agressor ou o mundo está sofrendo uma decadência no sentido de trocar o belo pelo feio somente para que a história registre nas suas páginas o nome dos infames, que ficaram famosos por destruírem o retrato mais famoso da história da arte Ocidental?

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