Deputado Jean Carvalho à vontade ao microfone |
José Pedro Araújo
Como afirmei no final da crônica
passada, aproveitarei o mês de junho para homenagear algumas personalidades que
tiveram grande importância no desenvolvimento do nosso querido Curador.
Evidentemente, o espaço, o tempo e a paciência dos meus poucos leitores não me
permitem que enumere todos os líderes que trabalharam incansavelmente pelo
soerguimento do município nesses 72 anos de emancipação política. Espero que isso seja
compreensível. Entretanto, alguns desses construtores, ou o conjunto de algumas
famílias destes, terão lugar nessas despretensiosas crônicas. Na de hoje irei
falar sobre um dos maiores e melhores amigos que já tive em toda a minha vida.
Trata-se do meu querido parceiro de muitas empreitadas, o Dr. Jean Carvalho. Ou
Dr. Jean, como passou a ser conhecido o grande médico presidutrense.
A minha relação com Jean vem
desde a nossa infância. E devo acrescentar que, no principio, não era nada
cordial. Ao contrário, vivíamos às turras, tudo por conta do futebol. A coisa
aconteceu assim: como Jean jogava pelo time da Praça do Mercado e eu pelo da Praça
da Bomba, dois ferrenhos adversários, as disputas em qualquer campo, seja no
nosso estádio da Praça Diogo Soares, seja no estádio municipal Honorato Gomes
de Gouvêia, como se chamava o hoje Estádio Dr. Adrian Berróspi, as pelejas
sempre terminavam em confusão. E nós levávamos essas desavenças para o Grupo
Escolar Dr. Murilo Braga, onde estudávamos na mesma turma do primário. Mas,
para nossa felicidade, essas arengas eram sempre resolvidas de maneira pouco
agressiva, sem recorremos ao muque.
Essa pequena antipatia nós
levamos para o ginásio, quando passamos a estudar no Colégio Presidente Dutra.
Mas, somente nos primeiros anos porque, logo depois, começou uma aproximação
entre nós que duraria até o seu desaparecimento prematuro. Isso se firmou muito
mais quando viemos estudar em Teresina. Aqui nessa cidade que tão bem nos
acolheu, morávamos na mesma república de estudantes. E isso fortaleceu nossos laços de amizade e fez com que andássemos sempre juntos, planejássemos as nossas
vidas em conjunto, trocássemos confidências sobre as nossas paqueras e coisas e
tais. Foi assim que acompanhei todo o seu processo de aproximação e
inter-relação com aquela que viria a ser a sua esposa, mãe de seus filhos.
Nesse tempo, já conversávamos
sobre a política municipal, uma vez que nossas famílias militavam na oposição,
formando um só grupo político. Jean, altivo, combativo e com o sangue quente de
uma das mais tradicionais famílias políticas do nosso município, traçava planos
para ingressar nesse ramo da atividade humana tão logo ele retornasse para o
Curador. Enquanto eu, no que pese pertencer a uma família também muito
envolvida com política partidária, sempre afirmava que não estava nos meus
planos caminhar por aquela trilha. Mas ouvia o que o meu amigo dizia com aquele
jeito inflamado e apaixonado que lhe era peculiar. E a coisa aconteceu
exatamente como nós planejávamos: Jean formou-se em medicina e retornou para a
nossa aldeia para dar vazão ao que o destino já havia traçado para a sua vida.
Dr. Jean, como já afirmei na
crônica anterior sobre o nosso grande Remy Soares, foi formado nas bases do
mesmo grupo político que tantas e tantas derrotas sofreu para o grupo
hegemônico do ex-prefeito Valeriano Américo. E se tornou um de seus membros
mais aguerridos. Mas, com o tempo, como sempre acontece na política partidária,
o espaço ficou pequeno para tantos líderes natos, e ele afastou-se para formar
o seu próprio grupo político, juntamente com o seu irmão Jurandy Carvalho.
Paralelamente à sua atividade política ia desenvolvido uma carreira
profissional das mais brilhantes, voltando-se de forma decidida para os mais
pobres, os desassistidos. Jean formatou a sua plataforma política, a principio,
junto a esse tipo de eleitor, o da periferia da cidade. Mas, ainda no início, o
seu nome ganhou força em todo o município, o que lhe rendeu grande prestígio
junto à nova facção política que subiu ao poder nas eleições municipais de
1982. Naquele ano, ainda na mesma agremiação que iria derrotar o esquema
antigo, seu irmão Jurandy Carvalho foi eleito vereador e escolhido Presidente
da Câmara Municipal, e foi eleito Prefeito para aquele exercício, o notável
Remy Soares. Começava ali a sua ascensão política meteórica.
Na eleição seguinte, em 1988,
houve o seu afastamento do grupo político de Remy Soares, para desgosto de
muitos que viam naquele jovem o seu candidato ideal. Entre esses, estava o meu
pai, ainda presidente do partido que ele deixava. E logo no primeiro embate
entre os ex-aliados, Jean Carvalho foi eleito vereador em lugar do seu irmão
Jurandy, que concorrera ao cargo de prefeito municipal. A nova facção política quase
ganha as eleições para prefeito já nessa primeira tentativa. E não fosse o
racha havido entre os oposicionistas, que pecaram por lançar dois candidatos,
Jurandy Carvalho e Dr. Adenor Lira, possivelmente teria saído vitoriosa. Na
eleição seguinte, contudo, concorrendo com a fortíssima candidata Irene Soares,
esposa de Remy Soares, o grupo político dos irmãos Carvalho venceu as eleições
com ampla maioria. E ele, Jean, assumiu a presidência do poder legislativo
municipal na gestão do irmão prefeito, eleito nas eleições municipais de 1992.
Jean ficaria pouco tempo no cargo
de vereador, pois nas eleições seguintes, dois anos depois, foi eleito primeiro
suplente de deputado estadual na sua coligação, vindo a assumir o posto para o qual concorrera, logo no início
daquele ano legislativo. E o seu prestígio aumentou rapidamente. Combativo, destemido e muito bem articulado
nos seus discursos, logo chamou a atenção da governadora do Estado, Roseana
Sarney, que o nomeou um dos seus vice-líderes, naquela casa legislativa. Mas
Jean não era de se aliar aos maus feitos políticos, mas apenas aos projetos
políticos pautados na correção e na honestidade. Assim, mesmo na condição de
vice-líder do governo assentado no Palácio dos Leões, passou a contestar a
lisura do Secretário de Segurança da época, denunciando uma tenebrosa negociata
que enxovalhava a corporação militar maranhense. Demonstrava mais uma vez a sua
coragem ao se bater com o chefe da segurança no estado. E foi assim debatendo
com ardor, defendendo projetos desenvolvimentistas para os municípios que
haviam sufragado o seu nome para o legislativo estadual, que ele se destacou
nos poucos anos que se manteve entre nós.
Jean Carvalho passou para a
história como um jovem político talentoso e destemido que não media esforços
para praticar a boa política partidária. Mas também, e principalmente, notabilizou-se
como um ser humano especial, de gestos afáveis, bom e leal companheiro, pai de
família exemplar e cuidadoso, sempre preocupado com a educação dos filhos e o seu
bom encaminhamento na vida.
Jean, como os outros dois deputados
estaduais eleitos pelo velho e sofrido Curador, foi tragado por mais uma
armadilha do destino, e faleceu em um acidente pavoroso de uma pequena aeronave
quando se deslocava para cumprir com a sua atividade parlamentar em Imperatriz.
Essa página triste da nossa história, é do conhecimento de todos. Assim como o
grande legado deixado pelo nosso combativo conterrâneo, cujo grupo político
formado por ele, e pelo irmão Jurandy, está hoje à frente do poder municipal.
Era um líder natural, mas foi por mim convencido a torcer pelo meu time do
coração. Eu o transformei em um apaixonado torcedor do Palmeiras.
Sou maranhense natural de Carolina, em 1991 vim visitar meu avo, pois, não o via desde os meus 13 anos, quando aqui cheguei conheci uma moça me casei e aqui me estabeleci, comecei a lecionar em alguns colégios da cidade, pois, sou professor formado em História, tive então o privilégio de conhecer os dois maiores líderes políticos que esta cidade já teve ao lado de meu tio Valeriano, Remy Soares e Jean Carvalho e me atrevo a dizer tive a honra de ter a amizade dos dois, pois, apesar der um reles professor nunca passaram por mim sem me cumprimentar e até mesmo conversar comigo.
ResponderExcluirAmigo José Pedro li o seu livro, li não devorei pois é um livro maravilhoso, De Curador a Presidente Dutra, me considero amigo dos seus irmãos Jonas, Josélio e Jônatas ate porque entre eu Josélio e Jônatas há uma coisa em comum nós somos tricolores.
Obrigado pelos elogios ao meu trabalho, pois isso é o que me estimula a continuar escrevendo. Conheço bem a tua família, fui inclusive colega de pensionato do Warwick em São Luís.Teu tio, Valeriano, foi um dos meus consultores principais quando passei a escrever o livro ao qual você faz referência.continue acessando o nosso blog. Nesse mês de junho pretendo publicar ainda alguns textos em homenagem a essa terra querida.
ExcluirParabéns pelo seu trabalho Jose Pedro Araújo
ResponderExcluirSou natural de Presidente Dutra neto do saudouso Juvenal (joca)
Obrigado por ter acessado o nosso blog, Juvenal. Conheci muito o seu avô.
ExcluirParabéns pelo o seu trabalho.
ResponderExcluirGostaria de saber onde posso comprar o seu livro que conta a história do curador?
Em Presidente Dutra, na loja Complast, ainda existem uns poucos exemplares. Fica na Praça Biné Soares.
ExcluirGrato pelos elogios.
morei em presidente dutra na epoca que teve a eleicão do Dr Agripino e jurandir lembro muito bem do Dr Jean do Remy.
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