José Pedro Araújo
Lendo hoje a coluna do Buzar, no
blog de mesmo nome, fiquei sabendo que o Velho Chico, como ele intitulou o
político de Balsas, Francisco Coelho, estaria pensando em se candidatar a
prefeito de sua cidade, cargo que já ocupou no passado. De imediato me veio à
memória o nome de um grande amigo do político balsense: Remy Soares. Chico Coelho
teve participação ativa naquela campanha. Remy foi um vento benfazejo que
soprou sobre o nosso sofrido Curador, trazendo esperança para os mais humildes
e impondo um jeito moderno e responsável de governar. Mas como toda brisa suave
que nos acaricia com a sua bonomia, foi-se rapidamente embora deixando conosco
a saudade e a esperança de que a semente plantada por ele gerasse frutos. A
suavidade e o desvelo da sua passagem por nós ainda nos rende a duradoura paz
política que tanto almejávamos. Se ninguém parou para pensar nisto, olhe para trás
e veja que as disputas políticas travadas sob a égide da violência extremada e
sangrenta, essa ficou no passado, sepultada que foi pela segurança implantada
na época. Nunca mais a política partidária gerou cadáveres em série no município, e isso por si só já é um notável avanço. Hoje, os perdedores choram
apenas pela deficiência de votos, não mais por entes queridos tombados à força
de odientos crimes de morte, perpetrados por pistoleiros sanguinários.
Mas não foi somente isso que o Remy
deixou como herança. Deixou-nos também um elenco de obras de grande alcance
social que perduram até hoje; deixou-nos também uma forma de administrar que
mudou para sempre o perfil do nosso município e o inseriu no rol dos mais
importantes do estado. Nos tempos que correm é impossível se falar sobre as
principais cidades interioranas do estado sem citar o nome do bravo PDutra
entre estes. Mas, essa história começou bem antes. E é nesse ponto que eu quero
focar daqui para frente.
Cansados de perder as eleições
para a facção hegemônica do calejado e experiente líder político Valeriano
Américo de Oliveira, um grupo oposicionista foi buscar em São Luís do Maranhão
o jovem agrônomo presidutrense Remy Soares que prestava seus serviços
profissionais ao BDM – Banco e Desenvolvimento do Maranhão. Talvez Remy nunca
tivesse pensado em voltar a sua terra natal para disputar politicamente o seu
mando administrativo. E não foi fácil convencê-lo disso. Mas à frente desse
grupo, estava meu pai, que com algum traquejo político, pois já havia ocupado
algumas vezes o mandato de vereador no município, e uma amizade firme junto à
família do jovem técnico, presidia o Partido da Frente Liberal, agremiação
recém-criada por um grupo de liberais saídos da velha Arena. E para São Luís
partiu acompanhado pelo pai de Remy, Salomão Soares, pelo amigo de longas datas
do pretendido, José da Cruz, além de outros políticos que já militavam na
oposição há muitas décadas. Convencer o jovem não foi fácil como já afirmei.
Assim como não fora fácil convencer a sua família também. O histórico de
violência no município não estimulava ninguém a ingressar na política
municipal. Mas, afinal, venceu a mosca azul. O jovem fora picado de forma inescapável
por ela.
Retornando da capital, a notícia
trazida pela trupe oposicionista logo se espalhou pelo município e gerou uma
onda crescente de animação com os novos rumos que a disputa estava tomando.
Fez-se, talvez, a mais bela e empolgante campanha que Presidente Dutra já vira
até então. A cidade embarcou num crescendo de empolgação e esperança no porvir.
As ruas se engalanavam para receber a comitiva de políticos oposicionistas;
embandeirava-se, parecia uma festa de São João antecipada, embalada pelo jingle
da campanha composto pelo músico Chico Cabeludo.
Recém-casado, já morando em
Teresina novamente, fui insistentemente convidado por meu pai a viajar para a
terrinha para participar de um dos animados comícios. Terminei indo. E fiquei
empolgado com o que vi naquele final de semana. A cidade fora tomada por um
inebriante ar festivo. Parecia que todo mundo havia escolhido o mesmo lado
naquelas eleições. Vi gente que não perdia um só comício, mas que não sabia ser
tão festeira. Acredito que nem eles próprios sabiam que prezavam tanto aquilo. Eu
também me animei tanto que terminei por voltar vários finais de semana para
participar dos comícios.
No grupo oposicionista militavam pessoas
que faria parte ativa da política presidutrense até os dias dia hoje. Gente de
talento. Gente compromissada com os destinos da sua terra mãe. Alguns, como o
nosso inesquecível Jean Carvalho, que partiu cedo também, mas deixou formado o
grupo que hoje administra o município. A história deste querido amigo eu
contarei em crônica que farei depois.
No final, as urnas registraram um
placar elástico, uma diferença de votos a favor de Remy nunca vista no
município. E ele não fez por menos. Honrou cada voto recebido. Fez uma
administração brilhante. Adotou uma forma de governar que não privilegiou
somente a sede, mas deixou a sua marca por todo o interior, abriu novas
estradas, melhorou as já existentes, implantou sistemas de abastecimento de
água em regiões que ainda se valiam da velha cacimba para coletar a água que
usavam no dia-a-dia. E na educação deixou um legado para a posterioridade que
ainda hoje rende frutos. Foi, de fato, um anjo benfazejo que passou como uma
estrela luminosa por nós. A vida o levou muito cedo. Mas seu nome ficou para
sempre registrado na história do nosso querido Curador. No mês em que o
município completa mais um ano na sua jornada rumo ao futuro, pretendo escrever
alguns textos sobre pessoas que fizeram muito por nós.
Excelente crônica! Um apanhado histórico digno de aplausos e uma justa homenagem ao meu xará e conterrâneo, Remy Soares, pois nasci no povoado Creoli do Joviniano.
ResponderExcluirCom os meus cumprimentos cordiais.
Remy Soares, Brasília - DF.
Obrigado pelo apoio, meu amigo. Durante este mês de junho irei publicar algumas crônicas de conteúdo histórico no qual vou levantar a vida de alguns personagens e/ou algumas famílias que tiveram mais importância no desenvolvimento do nosso Curador.
ExcluirGrato.
JPAraújo.