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Pintura: Ariadne e Dionísio |
Elmar Carvalho(*)
Faço um poema
com o sangue ardente
das nascentes de meus dedos:
vertentes de medos e degredos.
Os versos são fios de esperança
que saem de palpos de estranhas aranhas
construindo labirintos em arabescos
tintos de sangue nos afrescos.
Ariadne recolhe o fio
e Teseu surge intacto
com a espada embebida
do sangue do Minotauro que traz
no peito a rosa sangrenta da ferida.
Com esse fio
Penélope tece e destece
um longo manto ensopado
de pranto e quebranto
e se amortalha das dores
de amor de que padece
– amor que lhe pasta e apetece.
O que conclui desfaz peça por peça
e interminavelmente recomeça.
(*) Elmar Carvalho,
Membro da APL é poeta, cronista e romancista.
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