quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

PARA COMEÇAR BEM O ANO NOVO



José Pedro Araújo

Todo começo de ano é mesma coisa. Se para alguns estamos apenas virando a página do calendário, para outros é tempo de fazer planos, promessas, e por aí vai. Eu me incluo em um meio termo, por achar que é bem verdade que o calendário virou a página, mas é o tempo ideal para formatarmos novas ideias, fazer plano para melhorar o rumo, até mesmo mudar tudo de jeito, caso não tenhamos ficado satisfeito com o que alcançamos no ano que passou.
Estamos vivendo hoje uma situação sui generis no país. Enquanto a economia aponta para um futuro promissor, a variável política teima em atrapalhar o curso da nau. Quando me refiro a política, ponho todos no mesmo balaio. Estamos sentindo falta de homens com visão de futuro nas duas casas do parlamento, de grandes líderes. Temos lá, por sua vez, gente pouco preocupada com a melhoria da vida dos cidadãos que os puseram lá como seus representantes. A política do toma-lá-dá-cá adotada desde que a tal Nova República foi implantada no único país da américa do sul que não fala a língua espanhola, fez obrar políticos mais interessados em realizar boas transações do que em trabalhar para levar este país a um porto seguro em que todos se privilegiem das riquezas que ele possui.
Quanto às casas mais elevadas do judiciário, responsáveis pela segurança jurídica de todos nós, parecem ter perdido a confiança dos brasileiros, o que nos leva a pensar que a atual forma de escolha de seus membros na corte está completamente fora de propósito, o que mostra que o modelo adotado está completamente superado.  
Mas o que sei eu dessas coisas? Nada, aproveito para responder antes que alguém me convença de alguma coisa. E já que a resposta já foi dada, não precisam responder mais nada. O que eu sei mesmo é que do jeito que a coisa está indo, não vamos terminar bem esse período “mais ou menos” democrático que atravessamos tão penosamente. Isso, porque as duas pontas do espectro político se engalfinham como se as eleições tivessem ido para um terceiro turno, e se esmeram em sandices de todos os tamanhos e tipos. De um lado, a extrema direita se atormenta e pede que as forças armadas deixem o conforto dos quarteis e ponham ordem na casa. Do outro, os extremistas de esquerda dizem que o bom mesmo seria botar fogo no país, conclamando as massas para tomar as rédeas de tudo. São uns cabeças quentes, de um lado e de outro, desacostumados com o jogo democrático. E o pior é que ficamos nós no meio dessa confusão que só atrapalha o andamento das coisas.
O que eu quero mesmo é que o país volte a criar emprego para essa massa de jovens em idade para ocupar o seu espaço no mercado e mostrarem que eles também têm muito a contribuir na construção de uma nação melhor em que as oportunidades sejam iguais para todos. Não vejo futuro nesse jogo de extremistas. Aliás, o país de hoje discute um assunto que já foi sepultado em cova funda há muito tempo. Nos países mais adiantados a discursão gira mais em torno de quem está mais capacitado para implantar reformas que levem ao conforto geral da população. Nada de nivelar tudo por baixo, ou advogar em prol da concentração da riqueza do país em mãos de uns poucos. Afinal, queremos usufruir do bolo naquilo que ele tem de mais doce e nutritivo, e não comer as cascas, os restos, distribuídos igualitariamente para a massa enquanto a intelligentsia fica com o bom de tudo.
Falei disso tudo apenas para dizer que almejo a todos que tenham um ano novo cheio de boas aspirações e de grandes conquistas. E que a vida volte a sorrir para tantos que se encontram hoje à margem das grandes conquistas, ou até mesmos das pequenas. E para alcançar a isso entendo que precisamos investir pesado na educação, especialmente nas fases iniciais, sem esquecer as de nível mais elevado, claro. Mas com ênfase na base. Nunca chegaremos ao topo do mundo desenvolvido se continuarmos com a qualidade da educação que temos hoje. Existem provas cabais que corroboram com o que digo. A Coreia do Sul, por exemplo, saiu de situação pós-guerra que a dividiu em duas partes e, através de um investimento pesado em educação, galgou patamares de primeiro mundo em pouco mais de uma década. Enquanto isso, a sua outra metade se debate em sua situação de completa miséria, sem liberdade e sem comida na mesa de todos. É que ela preferiu investir todos os recursos de que dispõe em armamento ou na manutenção de um exército ciclópico que trabalha unicamente para manter o sistema do jeito que ele está.
Temos até mesmo um exemplo aqui muito próximo de nós, em Teresina. A capital do Piauí possui hoje uma rede municipal de ensino de causar invejar à maioria dos estados ricos, estando classificada entre as três melhores cidades do país nesse mister. Fica, ainda, em primeiro lugar no Nordeste. Isso prova que não é preciso apenas dinheiro para melhorar o nível educacional. Precisa-se, sim, de um melhor planejamento e menos discussões políticas no meio.
Na outra ponta estão as universidades públicas. Não há nenhuma no patamar das maiores e melhores do mundo. O que temos feito de errado nas nossas universidades públicas? Posso até sugerir uma explicação para isso. Quando estudante na UFRPE, em Recife, me deparei com uma situação esdrúxula que pode muito bem ser uma dessas causas. Um grupo de alunos pensou em fazer uma matéria optativa que lhes parecia interessante, e levou a sua intenção ao Pró-reitor da área. Os alunos foram desaconselhados a prosseguirem com o intento, uma vez que o professor da matéria há mais de uma vintena de anos nunca havia dado uma só aula. E como insistissem na questão, receberam a visita do tal professor, já entrando na casa dos cinquenta anos, que afirmou, em alto e bom som, que eles estavam era querendo criar problemas para ele. E que, por fim, tirassem o cabelo da venta que ele não poria os pés na sala de aula, caso a pró-reitoria insistisse com aquela brincadeira. E o curso não aconteceu mesmo. Ficamos sabendo que nessa situação existiam muitos professores. Davam aulas em faculdades particulares assiduamente, mas nunca permitiam que se abrissem uma turma para eles na UFRPE.
Portanto, vamos gastar a nossa energia positiva em bons projetos, que possam render bons resultados para nós e par o país de um modo geral. O país precisa de paz e tranquilidade para tentar acertar o rumo. Deixemos a política partidária, as discursões retrógradas, os achaques e os devaneios para quando 2022 chegar. Aí voltaremos às ruas para debatermos as questões afetas a esse componente que está ocupando o espaço que deveria ser utilizado de outras formas. Usemos as redes sociais para o bem, para facilitar os contatos, as trocas das boas ideias, não para a dissenção, as brigas, as divergências insanáveis.
Um bom Ano Novo para todos!   

   

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