José Pedro Araújo
Não
poderia dar outro título que não este ao grito que nos sufoca a garganta nesse
momento de extremo pavor que vivemos. Trato aqui da violência sem igual que têm
se abatido sobre a população ordeira desta cidade, atemorizando pais de família
e levando a dor e a impotência a muitos lares desta antigamente pacata capital.
Emblemático, o texto poderia ser utilizado para pedir socorro em qualquer
cidade deste país que parece caminhar a passos largos para o inexorável e retumbante
fracasso, das maiores as menores. Tanto faz.
Quem
de nós se sente tranquilos hoje em dia quando um filho sai para encontrar os
amigos na noite teresinense? Quem ainda tem a coragem de reunir os amigos em
rodas de bate-papo nas calçadas, para a velha e amigável conversa do
fim-de-dia? Afinal, quem pode se dar por tranquilo, se até mesmo nos velórios
já estão assaltando? Se nos restaurantes, nos bares, nas igrejas, nos sítios
fora da cidade, na porta da padaria, no interior das farmácias, em todos os
lugares esses ousados criminosos estão a nos importunar apontando suas armas
mortíferas!
Não existe quem esteja imune
a tão avassaladora onda de violência. Outro dia fomos aterrorizados com a
notícia do assassinato de um estudante de engenharia quando deixava a namorada
na porta de sua casa. Os bestiais indivíduos que praticaram tão violento ato,
pasmem, já são acusados de terem assassinado outras 08 pessoas! O pobre estudante
foi a 9º vítima fatal a tombar frente à força mortal de suas armas cruéis.
Se não temos respostas para
as perguntas acima, resta-nos perguntar então: Quem pode nos salvar de tamanho
tsunami sangrento? Quem é o responsável direto por estes facínoras ainda andarem
livres, leves e soltos pelas ruas, tirando a vida dos nossos impotentes jovens?
É justo um indivíduo acusado de 5 assassinatos ser posto em liberdade sob a
alegação de que ainda não foi condenado por nenhum dos seus crimes? Que te
parece? Tecnicamente pode até ser réu primário, mas, o que ele é de fato é uma
besta humana que deve ser afastada incontinente do nosso convívio.
Temos algumas autoridades
interpretando frouxamente as leis deste país. Felizmente são apenas algumas. Eu
diria, poucas mesmo. O maior contingente ainda é formado pelos paladinos da Lei,
que estão a correr riscos de vida confrontando-se com os tenebrosos criminosos
que a desafiam constantemente.
Seria o caso de dizermos que
quem põe nas ruas esses aleijões sociais, também estão com suas mãos sujas de
sangue? Que delas pinga sem parar o liquido vital de pobres vítimas inocentes e
desarmadas?
Essa eu mesmo respondo. São,
no mínimo, copartícipes da morte de uma infinidade de jovens que tombam todos
os dias na poeira das ruas, na fase mais bonita da sua iniciante vida.
Tenho quatro filhos na “fase
mais bela da vida”, e não tenho como evitar que saíam as ruas nas noites
aterrorizantes de Teresina. Se não podem se divertir agora, mesmo um pouquinho
que seja, quando poderão fazer isso? Mais tarde, quando a vida só lhes trará
cobranças e responsabilidades, após terem constituído suas próprias famílias?
Felizmente ainda conseguimos
mantê-los em casa em algumas noites quanto o terror nos assalta mais duramente.
São jovens obedientes, que, mesmo aos 20 ou 24 anos, ainda atendem aos apelos
dramáticos dos pais apavorados com a possibilidade de perdê-los para sempre. Eu
e minha esposa não conseguimos dormir tranquilos enquanto não vamos ao quarto
deles e constatamos que estão imersos em sono reparador dos descompromissados
com as asperezas da vida. Ai então, ao voltar para a nossa cama, respondo à
velha e surrada pergunta feita todas as noites por ela: Estão todos em casa? E
diante da resposta afirmativa, ela conclui sempre da mesma forma também: Graças
a Deus!
Aproveitando as poucas horas
que nos restam da noite, caímos finalmente em sono profundo e reparador.
Somente Deus para nos
proteger nesse momento. Não é pouco, tenham certeza. É Ele o maior guardião a
quem recorremos nas horas de maior aflição. Mas, precisamos dos outros
protetores aqui da terra; precisamos daqueles que são pagos com parte do
dinheiro que ganhamos tão duramente. Precisamos que mostrem competência e
responsabilidade nessa hora em que até mesmo suas famílias estão sujeitas ao
ataque traiçoeiro de algum meliante.
Não é confortável a vida de
um pai que já viu um dos filhos ser empurrado para dentro do pequeníssimo
porta-malas do seu próprio carro, juntamente com a namorada, e sob a mira de
revólveres empunhados por mãos nervosas e violentas. Já passei por essa
experiência e nunca me senti mais desprotegido do que naquele momento.
Queremos nossa Teresina de
volta, pacata e ordeira, como quando era possível sentarmos à porta das nossas
casas para falarmos de como foi o nosso dia de trabalho. Ai diremos em uníssono:
Boa Noite, Teresina!
(Crônica redigida em dezembro de 2006 e que me
parece mais atual do nunca).
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