quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A FELICIDADE ARDENTE RESIDE DENTRO DA GENTE


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Francisco de ALMEIDA(*)




1. Quando o Conselho Divino
Foi criar o ser humano,
Fez uma reunião
Pra bolar completo plano,
Chamando todos os anjos
Para não haver engano.

2. Primeiro, surgiu a ideia
De que a nova criatura
Seria uma semelhança,
Com fidelidade pura,
Da Divindade Celeste
Sem haver qualquer censura.


3. Mas logo alguém discordou,
Pois havendo essa igualdade
O humano poderia
Ter total felicidade,
E com poderes de Deus,
Abusar da autoridade.
 
4. Um dos anjos mais antigos,
Fez a seguinte proposta:
Que o homem seria igual
Com uma ideia oposta,
Tirando a felicidade
Como condição imposta.

5. Mas surgiu novo problema,
Aonde se esconderia
A dita felicidade,
Em que local poderia
Ser posta com segurança
Que o homem não acharia?

6. As ideias foram surgindo:
Numa montanha bem alta,
Põe-se a felicidade
Em local que ninguém salta,
Num seguro esconderijo
E assim ninguém a assalta.

7. Porém, logo alguém falou:
Isso para o ser humano,
Será bastante moleza,
Até mesmo artesiano,
Ele chega nas alturas
Sem que sofra qualquer dano.

8. Uma segunda proposta,
Foi pôr no fundo do mar,
A bela felicidade
Para ninguém encontrar,
Mas logo foi contestada,
Pois também se iria achar.

9. É que no fundo do mar,
Apesar de bem distante,
Mas o homem inteligente
A encontra num instante,
Basta usar submarino
Para tê-la logo adiante.

10. A terceira sugestão,
Com detalhe discutida,
Foi guardar noutro planeta,
Segura e bem escondida,
A amável felicidade
Pra que não fosse colhida.

11. Esta ideia interessante,
Foi ligeiro descartada,
Visto que o homem cria asas
Com perfeição apurada
E graças à aviação
Ela seria encontrada.

12. Mas um anjinho calado
Que só prestava atenção,
Afirmou com segurança
Que detinha a solução,
Guardá-la no próprio homem
Que ele não poria a mão.

13. Pois o homem constantemente
Procura a felicidade,
Mas sempre longe de si,
E pra dizer a verdade,
Ele nunca a achará
Só juntando ansiedade.


14. Felicidade não é
Uma condição externa,
Está bem dentro de nós
Mas pouca gente observa,
Fica procurando fora
Aonde não fez reserva.

15. Felicidade não é algo
Que se encontre à distância,
Reside dentro de nós
Com toda sua elegância,
Há felizes na humildade
E tristonhos na pujança.

16. A maior parte das coisas
Consegue-se com dinheiro.
Existem também algumas
Que se tem como herdeiro,
Porém, pra felicidade
Não há caminho certeiro.

17. Contudo, o melhor remédio,
Pra se ter felicidade,
É ser gentil c’as pessoas
Independente de idade,
Aparência ou condição,
Desenvolvendo a bondade.

18. Sempre proporcionar
Alegria ao semelhante
É uma forma altruísta
E bastante edificante
Pra se ter felicidade
De forma muito abundante.

19. Felicidade não é alvo
Que se deseja atingir,
É um sistema de vida
Que devemos construir
Não é ida, nem é volta
É o trajeto a cumprir.

20. E também não é local
Que se deseja alcançar,
É uma forma de vida
Incluindo o nosso lar,
Não é ida, nem chegada,
É o nosso caminhar.



21. Carlos Drummond já falou,
Com muita propriedade
Que ser feliz sem motivo
É a pura felicidade,
Pois quando a causa se vai,
Você fica na saudade.

 
(*)Francisco de ALMEIDA é Membro da Advocacia Geral da União, Poeta Popular; pertence à Academia Piauiense de Literatura de Cordel – APLC – Cadeira n. 01, à Academia Piauiense de Poesia – Cadeira n. 37, e à Academia Piauiense de Trova e a Academia Longaense de Letras, Cultura, História e Ecologia Cadeira n. 13.

2 comentários:

  1. Dr. Francisco Almeida, meu amigo e grande cordelista, estreando com estilo no Folhas Avulsas. Parabéns ao blog e ao cordelista.

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  2. Muito obrigado, Amigo CHICO ACORAM, pela manifestação. Vamos tentar agradar os leitores deste estimado Blog, do Amigo José Pedro de Araújo Filho, a quem aproveito o ensejo para agradecê-lo pela publicação, pois sei que o Blog tem especialização em crônica, e mesmo assim, ele publicou este singelo cordel. Abr. almeida.

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