segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Operação Pau Brasil



José Pedro Araújo

Nada pode ser mais deprimente do que o período que atravessamos hoje no país. A imagem de tantos homens públicos sendo levados para o xilindró é a outra face da moeda em o Brasil aparece com toda a sua miséria instalada. E ao invés de vermos essas “autoridades” envergonhadas ao se verem expostos com reluzentes pulseiras metálicas nos pulsos, envergonhamo-nos nós por termos um dia defendido tais ou quais elementos. É só ligarmos a TV em um dos jornais diários, e lá vem logo um sem número de operações policiais com nomes esdrúxulos. Somente para ficarmos no ano de 2018, escolhi alguns nomes de operações policiais que me pareceram mais instigantes: Operação Pontes de Papel; Operação Tristilla; Operação Philloteus; Operação Prato Feito; Operação Dèjá Vu; Operação Anzol Sem Ponta; Operação Laços de Família; Operação Canário Pistola; Operação Fake Money e Operação Furna da Onça, esta, a penúltima lançada no país pelos indomáveis homens que resolveram passar o Brasil a limpo. E olha que citei apenas dez das quarenta e quatro operações policiais deflagradas no país em 2018, até hoje. Acredito até que seriam necessárias muitas mais, talvez dez vezes mais, para fazer frente ao terrível estado de assalto que os corruptos de norte a sul deste triste país assacaram contra os cofres públicos. Os homens que lutam para frear toda essa roubalheira também perderam a sua liberdade. Já não podem mais sair de casa com a família posto que as ameaças de morte contra si e contra os seus são terríveis e diárias. Pagam um alto preço por tentarem mudar o rumo das coisas; muitos até já se transformaram em mártires tentando limpar a mancha ignominiosa que alguns homens ditos públicos pespegaram sobre as páginas da história brasileira.
Enquanto isto, no legislativo, no executivo, ou nos tribunais de apelação, alguns indivíduos de alto coturno tentam barra-lhes o trabalho invocando toda a sorte de interpretações sobre o pretenso direito dos saqueadores. Termina por se transformar em uma luta quase inglória a batalha travada pelos verdadeiros paladinos da justiça, contra a malversação dos recursos públicos. Chega a ser desanimador. E enquanto isso, aqui na planície, desdobramo-nos para pagar a carga extorsiva de impostos que abastece esses esburacados cofres públicos. Sempre precisam de mais e mais dinheiro para bancar esse assalto gigantesco. Luta inglória também para os pagadores de impostos, portanto. Por mais que aumentem as alíquotas, nunca conseguiremos encher novamente os cofres dessa nação espoliada. O buraco de saída é muito mais largo do que a porta de entrada. Tudo isso porque a competência daqueles que propugnam para retirar o dinheiro do cofrezão é bem maior do que a daqueles que lutam para enchê-lo.
O que foi que deu errado com o nosso país? O Canadá e os EUA, por exemplo, ficam também no continente americano, tem a mesma idade que nós, mas conseguiram fazer dos seus territórios lugares especiais para se viver. Talvez devamos acreditar em uma frase triste, mas verdadeira, que responde a pergunta feita no começo desse tópico: “No Brasil tudo é grande, menos o homem”. Talvez, também, pudéssemos acrescentar algo à frase, para dizer que “Quem deveria ser grande, preferiu enveredar pelo caminho da desonestidade, do saque aos cofres públicos”. É claro que temos gente honesta nesse meio. Temos sim, mas não na quantidade necessária. E mesmo uma fração desses não tem muito zelo com a coisa pública e terminam por se juntar àqueles que são mal intencionados.
Se passarmos uma rápida olhada por tudo o que estão fazendo hoje neste país - do menor município ao maior - chegaremos rapidamente a entender porque não deslanchamos rumo ao progresso; em direção a igualdade entre as diversas camadas da população. Não vai ser com programas sociais do tipo que implantaram no Brasil recentemente, que vamos tirar a fração maior da população da miséria. Isso só será feito quando todos tiveram acesso ao trabalho digno e melhor remunerado. Distribuir dinheiro, simplesmente, sem uma contraprestação de serviço, é uma forma miserável e vergonhosa de popularismo preguiçoso e aviltante, e de transformar quem já é pobre em escravo da sua própria miséria.
Recentemente estive no Uruguai e fiquei impressionado com o desenvolvimento daquele país vizinho. Vi poucos pedintes pelas ruas, uma prova de que o trabalho é encarado como a melhor maneira de superação das dificuldades. A segurança nas ruas permite que andemos por elas a qualquer hora do dia, ou da noite, sabendo que dificilmente irá aparecer alguém com uma arma apontada para nós com o intuito de nos roubar ou suprimir a nossa vida. E isso aqui ao lado. O Brasil é o país que não deu certo. Temos que deflagrar por aqui uma operação policial geral, a Operação Pau Brasil. E começar tudo de novo. Do princípio.

Um comentário: