sexta-feira, 19 de julho de 2019

Fragmentos de Uma Viagem a Portugal e Itália (Parte 10) ROMA




ROMA, a chegada à cidade Eterna:

Pesquisando eu vejo que Roma é a capital do país, da província homônima e da região do Lácio. Já foi a capital do mundo, e ainda é a mais bela cidade entre tantas belezas que existem no planeta. Pelo menos na minha avaliação. Chegamos a Roma no final da tarde. Foi uma viagem tranquila, como tem sido em todo o percurso desde que embarcamos no ônibus que fez o nosso traslado do aeroporto de Milão até o hotel. Profissionais de alto gabarito nos acompanharam por todos esses dias, sem um atrito, sem um desentendimento, todos cumprindo à risca os horários e as regras preestabelecidas em contrato. Não poderia dar errado mesmo.
À tardinha, como já falei, as primeiras luzes se acendendo, iniciamos o nosso tour pela cidade eterna e fizemos a nossa primeira parada em frente ao prédio da Corte di Cassazione, a mais alta instância judiciária da Itália, ao lado do eterno rio Tibre. Dali, partimos para um reconhecimento da cidade a pé. O sol já bastante inclinado transmitia uma cor mágica e escura às límpidas águas do terceiro rio, em tamanho, da Itália. O Tibre é tão importante para os romanos que a cidade eterna deve a ele a sua existência, pois foi instalada ali pela qualidade de suas águas e pela possibilidade de deslocamento através do seu leito.
Seguindo pela Via Dei Coronari, fomos em busca da Piazza Navona, local em que se situa a embaixada brasileira. O nosso primeiro contato com a cidade foi excepcional. Naquela hora já existia uma agitação muito grande na praça, com uma plêiade de artistas plásticos expondo seus trabalhos em cavaletes ou em pequenas barracas móveis. Havia também um enxame de turistas circulando felizes pela vetusta praça. Aliás, só poderia ter saído da cabeça iluminada de Juscelino Kubitschek a ideia de comprar o Palazzo Pamphilii em 1960, para ali estabelecer a sede do governo brasileiro. Situado em frente à Fontana Del Moro, uma das três fontes existentes na praça, obra do artista barroco italiano Giacomo Della Porta, e retocada por Bernini, o prédio é um dos mais belos ocupados por uma embaixada de qualquer país. O Conjunto das três fontes, além do belo casario circundante, transformou a Piazza Navona na mais bonita de toda a cidade. As fontes foram construídas entre 1648 e 1651, e atestam o poderio econômico da família Pamphilli, antiga proprietária do palácio em que a embaixada do Brasil está abrigada.
Diante de tantas belezas, em uma tarde festiva de começo de verão, a Helena e a Benedita não resistiram ao apelo de um bom Gelatto no The Real Tartufo’s House. Inebriar-se com a beleza do fim de tarde romana, com uma casquinha de Gelatto na mão, é tudo de especial, em dia que já era especial. Não dava para nos demorarmos por ali, contudo. Com a noite já encobrindo a cidade, fomos em busca da Piazza Della Rotonda, a pouco tempo de caminhada, lugar onde fica o Panteão Romano. Uma das construções mais impressionantes do centro histórico, seu formato redondo é motivo de admiração para os arquitetos até hoje. Consta que o edifício foi erguido pelo imperador Adriano entre os anos de 118 e 125 e que depois foi entregue pelo imperador Romano Phocas ao Papa em 609 d.C. Ele seria utilizado em celebrações cristãs.
A penumbra reinante transformou o ambiente em algo belo, mas lúgubre. A propósito disto, o Panteão foi usado para o sepultamento de diversas personalidades romanas, como os pintores Rafael Sanzio (1484 -1520), Annibale Carraci (1560 – 1609), o arquiteto Baldassare Peruzzi (1481 – 1537), e os imperadores Victor Emanuelle II( 1820 – 1878) e Humberto I (1844 -1900).
Terminamos o nosso périplo na Piazza di Trevi, em frente à Fontana de mesmo nome. Esta é, de fato, a mais bela fonte em estilo barroco em todo o mundo, e também a mais visitada. Quando nos aproximávamos de lá, fomos alertados pelo nosso guia para tomar cuidado ao arremessar a moedinha de praxe por sobre o ombro. Era bem provável que terminássemos por acertar a cabeça de um turista chinês, uma vez que eles andavam em enxames e gostavam de fazer Selfie nos lugares mais improváveis. Brincadeiras à parte, existia, de fato, uma multidão de turistas em redor da fonte naquele instante. Grande parte deles, chineses.
Hospedamo-nos um pouco distante do centro histórico, em um belo e confortável hotel, denominado Hotel dei Congressi, situado na Viale Shekspeare.
No dia seguinte, 30 de março, tivemos um dia puxado e cansativo, com visitas a diversos locais históricos, entre estes, Lungotevere, Porta Portese, Pirâmide, Porta Ostiense, Basílica de Santa Maria Maior e São João do Latrão, entre outros tantos lugares privilegiados. Mas o primeiro programa do dia foi uma visita ao Vaticano.

VISITA À CIDADE DO VATICANO

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e acordo ainda com as pesquisas, a cidade do Vaticano é um enclave autônomo, ocupando uma área de 44 hectares. E também é a sede da igreja católica. A visita ao seu museu é um programa que deve constar de qualquer visita a Roma. Tanto pela sua grandeza e importância, como pelo acervo riquíssimo que ele contém. E é tão grande que o visitante tem que optar por uma das suas alas, o que lhe ocupará ainda toda a manhã. Foi o que fizemos. Não dá para descrever aqui tudo o que vimos, pois, sofremos uma overdose de informações tão grande que terminou por atrapalhar a visita. São quadros famosos, tapeçarias e tapetes, esculturas, estatuetas, estátuas, sarcófagos, banheiras de granito, candelabros gigantes, e muitos outros objetos antigos usados por reis, imperadores, e outras autoridades que fizeram a história do mundo antigo.
O Museu foi inaugurado no ano de 1506, e recebe por ano alguns milhões de visitantes. Somente no ano de 2008, passaram pelas suas galerias cerca de 4.310.000 turistas. Impossível descrever sobre emoções e sentimentos que te invadem o peito em determinadas situações, mas, o fato é que nestes momentos você se sente oprimido pela sua própria incapacidade de criar algo tão belo e grandioso quanto encerra aquelas obras de arte que estão ali catalogadas.
Bom, pagamos um preço um pouco diferenciado para ter um acesso especial, sem enfrentar as filas quilométricas que se formam do lado de fora, e fizemos nosso acesso ao museu pelo lado da Piazza Del Ressorgimento, uma passagem mais tranquila que valoriza os teus suados euros dispendidos.
Era tanta coisa para se apreciar, e tanta gente transitando por ali, que um dos companheiros de viagem, uma brasileira que havia se juntado ao grupo em Lisboa, por ter demorado mais do que o necessário, perdeu-se do seu companheiro de viagem. Estávamos ainda no meio do trajeto, e por mais que todos nós o ajudássemos, a mulher não foi encontrada. Ele ainda tentou nos acompanhar na visita, mas, diante da tristeza que se abateu sobre si, preferiu voltar para o hotel e esperar por ela.
Às duas da tarde, quando chegamos em frente ao Coliseu para a nossa visita, lá estava ele a nos esperar. E devidamente acompanhado da esposa que, uma vez se achando perdida, tomara a acertada decisão de voltar para o hotel também. Foi lá que eles se reencontraram. Estava encerrado esse capítulo triste. À noite, já de volta ao hotel, tomamos algumas garrafas de vinho, e em algazarra comemoramos alegremente o fim positivo da história.
A ala por onde transitávamos foi dar em uma capela que tem seu nome muito conhecido: a Capela Sistina. Quando você pensa que já viu tudo, vem mais uma dessas! Ficamos mais de uma hora assoberbados, olhando estupefato a obra divina saída de mãos humanas. Aprendemos que a Capela Sistina é baseada no templo de Salomão, e compõe a estrutura do Palácio Apostólico, residência oficial do Papa.  Sua decoração, pinturas e afrescos, foi obra dos maiores artistas renascentistas, como Michelangelo, Rafael, Bernini, Ghirlandaio e Boticeli. Só posso terminar esse parágrafo dizendo que tudo ali é história, arte e beleza, realizado por inspiração divina.
Pobre de mim. Além dos pés em petição de miséria, estava agora com o pescoço dolorido de tanto olhar para cima e apreciar os belos afrescos das paredes e teto da capela em que os cardeais se reúnem sempre que é necessário escolher um novo Papa.
A visitação à Basílica de São Pedro é outro momento que nunca mais se pode esquecer. Mesmo que se queira, pois, quase todo os dias a repórter Ilze Scamparini não deixa cair no esquecimento. Posto que está sempre mostrando a cúpula da Basílica em suas participações nos telejornais da Globo. Decorado com um grau inimaginável de luxo, o seu interior é também história em estado puro, além do ouro depositado em suas paredes.
Na saída, verificamos que o pátio estava arrumado com milhares de cadeiras, e que os funcionários do Vaticano ainda ultimavam os preparativos, fixando palhas de palmeiras nas colunas da Basílica, para o Domingo de Ramos que seria comemorado daí a dois dias.

VISITA AO COLISEU E AO FÓRUM ROMANO

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oi uma manhã muito cansativa, mas muito gratificante. Mas o dia ainda não havia terminado. Ainda teríamos a visita às ruínas do Coliseu romano, na parte da tarde. Você já deve ter visto a bela e carcomida construção, assistido a filmes ou visto a imagem daquelas ruínas impressionantes em telejornais, mas a sensação de pisar naquele espaço quase milenar, uma vez que foi construído nos anos 80 d.C, deixa emocionado qualquer pessoa. Não pensei que isso fosse acontecer comigo, pois a visita a este ponto de atração em Roma nunca esteve entre as minhas prioridades. Mas aconteceu! Passaram, naquele instante, pela minha cabeça, as imagens das lutas mortais entre gladiadores, e entre estes e animais ferozes, tudo sob o aplauso de dezenas de milhares de pessoas. Isso, de fato, me tocou profundamente. Estava pisando na história, literalmente.
E ainda tinha mais. Como dizia um amigo, o difícil foi chegar até aqui. E em aqui chegando, vale qualquer esforço para não perder um minuto do tempo que ainda te resta. Terminamos o dia visitando o Fórum Romano e o Arco de Tito. À noite eu me recuperaria das dores nos pés e me prepararia para o último dia na cidade eterna.
Roma é uma cidade sem igual. A cada instante, a cada passada, você dá de cara com um monumento, com uma obra de arte, com a história, enfim. Mas as emoções ainda não haviam terminado para mim. À noite a minha mulher, juntamente com os meus companheiros de viagem, prepararam-me uma surpresa no jantar. Providenciaram uma singela, mas emocionante, comemoração do meu aniversário naquele dia. Comemorava, em terras romanas, meus 58 anos de existência.
Além de muita pasta, enxugamos diversas garrafas de autêntico vinho italiano de boa cepa. Sem excessos, é claro. O dia seguinte seria reservado para mais visitas à cidade eterna.

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