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Foto by Fernanda A. Chaves - Bruno e Lavínia desfrutando o paraíso |
José Pedro Araújo
Quantas vezes viajamos para muito
longe em busca de novas paisagens ou emoções diferentes! Já gastei boa
quantidade do meu reduzido dinheirinho e tempo em busca de algo que poderia ser
encontrado tão perto. E fizemos isso tudo em resumidos quatro dias. Pouco tempo
depois já estávamos em casa novamente curtindo o nosso ócio e rotina. E a um
custo muito reduzido também.
Dizia-me um amigo, certa vez, que
uma boa viagem começa com uma ótima companhia e uma boa hospedagem. E estava
certíssimo ele. No caso presente, fizemos uma curta viagem de quatro dias para
a região de Barreirinhas, autoproclamada como o Portal dos Lençóis, em
companhia da minha companheira, Helena, e do nosso filho Bruno, com sua esposa Fernanda e a filhinha Lavínia.
E como nos hospedamos no aconchegante Gran Lençóis Flat Residence, um centro de
hospedagem que dispensa comentários, a combinação “boa companhia com hospedagem
confortável” casou como uma luva. E tudo isso somado com paisagens de tirar o
fôlego. Deu no que deu: uma viagem inesquecível.
Em viagens por esse Brasil, e até
mesmo fora dele, costumamos ser confrontados com uma recorrente pergunta: “Os Lençóis
Maranhenses são tudo o que se fala dele?”. E um pouco constrangidos, pois nunca havíamos viajado
para lá, respondíamos que acreditávamos que sim. Na verdade, eu possuía até um
certo preconceito em relação à região. Acreditava que quem passeia em uma duna
de areia, passeia por todas elas. Depois, praticar subida em montes de terra
não está propriamente entre as coisas que eu gosto de fazer. E, finalmente, também
desacreditava na possibilidade da tal boa hospedagem e, até mesmo, no
profissionalismo dos agentes prestadores de serviço do local. Enganei-me em
relação à todas essas questões.
Os passeios são de tirar o
fôlego. A começar pelo das Dunas. Quanta beleza contém aquelas montanhas de
areias nômades que encantam, tanto pela sua beleza, quanto pelo conforto da sua
temperatura fria. Mesmo na hora mais quente da tarde, a sensação que tínhamos era
a de estarmos pisando em algo refrescante, quase gelado mesmo. Acredito que isso
se deva a grande concentração de monazita, um mineral abundante naquela região.
Depois de acessar ao topo da elevação
branca, vem a visão das belas lagoas de águas cristalinas, de um verde
deslumbrante. Mergulhar naquele líquido refrescante e transparente, foi o
arremate para aquela tarde que havia começado a gente encarapitados nas saltitantes caminhonetes estilo jardineira. Minha neta Lavínia, bem ao seu estilo
observador, amparada nos seus quase três anos de grande sapiência, ao avistar,
do alto da primeira duna, as estonteantes lagoas, todas de tamanhos diferentes,
nomeou as duas mais próximas: a maior, chamou de Mar-mamãe. A outra, de tamanho
bem menor, convencionou chamá-la de Mar-bebê.
Para a sua percepção de criança, todo ajuntamento de água de porte
avantajado deve ser um mar também, tal qual aquele que cerca a bela cidade em
que reside, São Luís.
O por-do-sol foi a cereja do bolo: indescritível!
No dia seguinte, logo pela manhã,
partimos em uma lancha para conhecermos as belezas do rio Preguiça. E como precisávamos
retornar mais cedo do passeio, visto que queríamos voltar para São Luís ainda
naquela tarde, alugamos um barco menor, mas muito confortável. Isso deve ter
feito a diferença, pois fizemos paradas rápidas em lugares que nos chamavam a
atenção, e o nosso experiente piloto, dublê de guia turístico, passou a nos
descrever detalhadamente cada ponto, cada paisagem, cada pássaro ou lugarejo
que íamos vendo pelo caminho. O rio Preguiça, aliás, já é de uma beleza
incomparável, um atentado aos sentidos. Margeado por uma floresta exuberantemente
verde, parece querer competir em beleza com os locais que todos querem conhecer:
as dunas e as lagoas. E deste modo, a viagem do ponto de partida na cidade até
o seu ponto final, o povoado Caburé - dura uma hora exata - é feita em meio à
intensa explosão de beleza e prazer interior. Arremata o passeio, um almoço saborosíssimo
almoço à base de peixes e crustáceos, em contraponto à singeleza do local. Um
prêmio da culinária maranhense.
De
negativo – sempre encontramos algo negativo em meio a uma viagem turística.
Talvez para acentuar as diferenças entre o que é bom e belo, e o que é ruim, e
feio – tivemos a visão de uma cidade com uma aparência medonha, feia e descuidada.
Mas isso apenas para acentuar que o homem, quando se contrapõe ao que a
natureza construiu, quase sempre produz péssimas obras. E nesse caso
específico, a diferença negativa é avassaladora entre Barreirinhas e o que se
vê ao seu redor.
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