segunda-feira, 29 de julho de 2019

Fragmentos da Memória de Uma Viagem(Final) - MAIS ROMA - aproveitando os últimos instantes.

Dentro do Coliseu
 Da Esq. p/ dir.: Helena, Eu, Benedita, Jônatas, Wilana, Fernando, Lair, Ana e Henrique.




“A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.” (Fernando Pessoa).



T

rinta e um de março era o dia reservado para visitar Nápoles e Capri. Faríamos o trajeto no nosso ônibus, saindo às cinco horas da manhã, com volta prevista para as dez da noite. São 225 km de ida, e outro tanto para a volta. E mais quarenta quilômetros de barco, por mar, até a ilha de Capri. Dizem que é uma viagem de encher os olhos e deixar saudades. Mas, não fomos. Participamos ao nosso guia que estávamos abrindo mão disso para ficarmos mais um dia em Roma. E não acredito que tenhamos perdido nada, mesmo com a empolgação demonstrada pelos colegas de excussão que embarcaram para a região da Campânia, quase no salto da bota.

Como não tínhamos que acordar as quatro para viajar para o sul, levantamos as oito para o café da manhã, restabelecidos dos cansaços do dia anterior. Depois fomos para a estação do metrô que ficava próximo para embarcar para o centro histórico mais uma vez. Benedita, Henrique e Ana, Jônatas e Wilana, Fernando e Lair, Helena e eu, intuímos que um dia sem guia turístico a nos ditar o horário para tudo, seria uma coisa muito legal. E não estávamos errados. Apesar de um pequeno contratempo, que conto mais tarde, antes de terminar o texto que já se aproxima do final.

Andamos menos de quinhentos metros e já estávamos na estação do metrô (EUR Fermi) e embarcamos em menos de dez minutos. Como o nosso vagão já se encontrava quase lotado, terminei por ficar em pé, apoiando-me naquele ferro vertical que todos os vagões contêm. Antes, com receio de ser atacado por alguma punguista - fomos alertados pelo nosso guia de que elas eram muito comuns nos trens e nos lugares com muita gente -, guardei a minha carteira porta-cédulas no bolso da frente da calça jeans. Minha mulher até insistiu que eu usasse aquela bolsinha com elástico que havíamos recebido para usar por dentro da calça. Mas eu relutei e não fiz como ela me pediu. Estava confiado de que o bolso frontal da calça é um lugar seguro, pois é difícil até mesmo para mim pôr a mão lá dentro para retirar algo. Não para uma ladra experimentada, era o que não tardaria para descobrir.

Ao meu lado, também apoiada no ferro, ia uma jovem até vistosa, bem trajada, demonstrando total tranquilidade. Pois não é que, em dado momento, quando o trem brecou para parar na próxima estação, aproveitando-se ela daquele impulso para a frente, tentou tirar a minha carteira. Senti um leve formigamento no meu bolso e de pronto soltei uma das mãos e bati sobre ele. Dei com a mão da moça dentro já do meu bolso. E ela, uma vez descoberta, aproveitou que o metrô havia parado, correu rapidamente para fora dele, sumindo em meio à multidão.

O susto foi grande, pois quase todo o meu dinheiro estava na carteira, além dos documentos de identificação e dos cartões de créditos. Virei saco de pancada da minha mulher e motivo de gozação dos companheiros de viagem. No ano seguinte, também no metrô, só que em Paris, tive um problema maior. Essa história eu conto em outra oportunidade.

O dia que havia começado ruim para mim, terminou de uma forma exuberante. Descemos do metrô na Estação Spagna, próximo à praça homônima. Aproveitamos para algumas fotografias em suas belas escadarias e depois seguimos em frente. Como era o nosso último dia na Itália, aproveitamos também para gastar os últimos euros e fazer as comprinhas das lembranças da viagem. Posso apostar que as mulheres gostaram demais dessa parte. Entramos em um sem número de belas butiques em uma das avenidas mais modernas de Roma, a via Condotti. Nessa rua ficam lojas como a Bulgari, Prada, Giogio Armani, Louis Vuiton, Hermés, Dior e Burberry, além de tantas outras famosas grifes. Não entramos em nenhuma delas, é claro. Isso é coisa para quem viaja de primeira classe. No máximo, paramos para um café em um shopping muito luxuoso da região. Um cappuccino, na xicara grande, pelo qual se paga quase o mesmo valor de um cafezinho em diminuta xicara, foi o nosso luxo maior.

Paramos para almoçar perto de duas horas em um Ristorante de uma viela estreita do centro, ocupando uma das mesas postas na calçada. E aproveitamos para tomar uma cerveja naquelas taças de quase litro. Por mim, não saia mais de lá. Mas, logo estávamos novamente passeando pelas ruas do centro de Roma e fomos terminar novamente na Piazza de Trevi, em frente a sua majestosa fonte. Foi um show de dia. Inesquecível. Mas, estava na hora de voltar para o hotel. No dia seguinte teríamos um longo percurso a percorrer na volta para casa.



CONCLUSÃO


P

osso afirmar, sem medo de errar, que uma viagem naquelas condições e para os lugares aqui relatados, não tem preço. E que ela ficará para sempre nas nossas memórias. Até já realizei outras depois dela, para lugares tão bons quanto, mas, não consigo dizer por que, não teve o mesmo charme, o mesmo apelo.   

Nesta, andamos pela metade das regiões da Itália, começando pelo Norte, rica região da Lombardia, próximo à fronteira com a Suíça, seguimos pelo Vêneto, banhada pelo Mar Adriático, atravessamos a região central da Emilia-Romagna para chegar à bela Toscana. De lá, atravessamos a Úmbria até o nosso destino final, a região do Lácio, bem próximo ao mar Tirreno.

Foi ou não foi uma viagem de sonhos? Às vezes, peço a Deus que me conceda nova chance de voltar a esses lugares. Sei perfeitamente que cada viagem tem a sua história. Mas, seria um reencontro de velhos amigos queridos. E isso termina por ser bom.


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