sábado, 6 de junho de 2020

A HISTÓRIA DO CORDEL EM ABORDAGEM FIEL

Cordel exposto na Feira





Francisco Almeida, Poeta cordelista, cronista é Advogado da União.

 I

A bela literatura
Denominada cordel,
Também chamada folheto,
Tem aliado fiel,
Do século dezesseis
Com suas consagradas leis,
Seguindo o mesmo painel.

II
Isso no renascimento
Quando popularizou
A impressão de folhetos
Narrando o que bem falou,
O trovador medieval
Com o seu dom genial,
Que o povo muito alegrou.

III
O seu nome vem da forma
Da exposição para venda,
Pendurados em barbantes
Em uma singela tenda,
Pelas feiras populares
Com leituras singulares
E declamação tremenda.

IV
A ilustração do cordel
Faz-se com xilogravura
Por certo costume antigo;
Na madeira, faz moldura;
A carimbo, semelhante,
Com desenho extravagante;
Parece caricatura.

V
É uma literatura
Que tem regras definidas,
A métrica como a rima
Deverão ser atendidas,
Os detalhes, valoriza,
A cultura prioriza
Com mensagens coloridas.

VI
No cordel também continha
Muita peça teatral,
Como fazia Gil Vicente
Com o seu dom genial,
Deslanchou neste viés
Expondo belos painéis
Com um perfil magistral.

VII
Chegou ao nosso Brasil
Provindo de Portugal,
Fim do século dezoito
Sem muito potencial;
No século dezenove,
Gigante avanço promove
Na versão original.

VIII
Melhor se desenvolveu,
Foi na Região Nordeste,
O seu berço natural
Com muito cabra da peste,
Em estados com destaques
Com registro em almanaques;
Em alguns, só para teste.

IX
Estados que valorizam
O nosso cordel querido,
Sito em outras regiões
Com bom ânimo aferido:
Rio, São Paulo, também Minas;
Jamais caindo em ruínas,
Pois tem apoio garantido.

X
Mas a palavra cordel
Apareceu, em primeiro,
Com o seu sentido próprio
E em contexto verdadeiro,
No grande Dicionário
E Contemporâneo, Pátrio,
Com o seu sentido inteiro.

XI
Os folhetos brasileiros
Começam a ser impressos
No século dezenove,
Com sentimentos expressos,
Destacando com bizarros,
Leandro Gomes de Barros
Com primorosos sucessos.

XII
As notícias circulavam
Transmitidas por cordel,
Os fatos cotidianos
Também cangaço a granel;
Assuntos religiosos
E bastantes curiosos,
O preferido painel.

XIII
Leandro teve influência
Dos estimados Romances,
Ditos de Cavalaria,
Com todas as suas nuances
Da Época Medieval,
Na Espanha, em especial,
Com destacados alcances.

XIV
Ditos Romances contavam
As proezas e façanhas
De um grande herói, em busca,
Com aventuras tamanhas,
Do seu amor verdadeiro
Que nem um forte guerreiro,
Até com forças estranhas.

XV
Já em outro seguimento
Que Leandro se estendeu,
A Batalha de Oliveiros,
Uma obra que transcendeu,
Isso contra Ferrabrás,
Interessante demais
Que no Brasil floresceu.

XVI
Filho do Oficial Balão
O Famoso Ferrabrás,
Aos Doze Pares de França,
Um Exército capaz;
Resolveu desafiá-lo
Mas apesar de o abalo,
Oliveiros o desfaz.

XVII
E mais Leandro atuou,
Escreveu sobre o cangaço
E outros temas nordestinos
Nesse tão bonito espaço,
Sobre o Antônio Silvino
Um cangaceiro canino,
Com todo desembaraço.

XVIII
De Batistinha e Nezinho
Como foi apelidado,
O grande Antônio Silvino
Rifle de ouro batizado,
Precursor de Lampião,
Nunca temia confusão,
Pernambucano arrojado.

XIX
Antônio Silvino fez
Prisão de funcionário,
Chegou a remover trilhos
Com ato extraordinário,
Sequestrou os engenheiros
Desapropriou alqueires
Pro trilho ferroviário.

XX
Leandro também foi dito
O primeiro, sem segundo;
Maior poeta popular
Do nosso Brasil fecundo;
O príncipe do cordel,
Destacado menestrel,
De sentimento profundo.


XXI
Ariano Suassuna
No Auto da Compadecida
Inspirou-se em dois folhetos
De autoria atribuída
Ao Leandro, consagrado,
Que sempre foi imitado,
De igualdade inatingida.

XXII
Os cordéis citados foram:
Testamento do Cachorro,
Cavalo que Defecava
Dinheiro, que aqui discorro;
Condena, pois, a ambição
Que nunca foi solução
E jamais prestou socorro.

XXIII
No Castigo da Soberba,
Outra peça teatral,
Suassuna utilizou
Como roteiro ideal,
Um folheto genuíno
Do autor, Pirauá, Silvino
Sendo sensacional.

XXIV
No ido de mil novecentos,
Ano exato, oitenta e oito;
Fundada a Academia
Botando para dezoito;
Brasileira de Cordel,
Por um grupo bem fiel
E sobremaneira afoito.

XXV
É no Rio de Janeiro
A sua importante sede,
Após trancos e barrancos,
Entretanto, nada impede,
Gonçalo seu Presidente
Um cidadão bem decente
E poeta que procede.

XXVI
Existem academias
Por este Brasil afora,
Mais presentes no Nordeste
Pois é sua robusta escora;
Vamos dar brilho ao cordel
Como seguidor fiel,
Apoiando sem demora.

XXVII
Já o dia do Cordelista:
Em novembro, dezenove;
Louvando o grande Leandro
Que o folheto bem promove,
O dia do seu nascimento
Com grande agradecimento;
Que Deus seus atos, aprove.

XXVIII
Não vou aqui citar nomes
Tentando não ser injusto,
Só Leandro e Patativa,
Representando, robusto,
Os poetas brasileiros
Dois cordelistas inteiros
De perfil super augusto

XXIX
Em mil novecentos e
Dezoito, ano sagrado,
O forte IPHAN declarou
Embora já atrasado,
O Cordel ser Patrimônio
Cultural, sem pandemônio,
Do nosso Brasil amado.

XXX
O cinema brasileiro,
Do cordel teve influência;
Às vezes muito direta
Outras, só com pertinência,
Com sua formosura altiva
E cultura bem ativa,
Chamando muita assistência.

XXXI
Enfim, vamos dar valor
A nossa literatura,
Ela flui em nossas veias
Recheada de cultura,
Pois valorize o que é seu
Pra alcançar o apogeu
Com alegria e doçura.

4 comentários:

  1. Chico Acoram Araújo6 de junho de 2020 às 13:43

    O prestigiado blog Folhas Avulsas apoiando a literatura de cordel. Parabéns ao Coordenador Dr. José Pedro Araújo. Meus aplausos ao grande cordelista Francisco de Almeida pelo excelente trabalho.

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  2. Amigo Dr. ARAÚJO, filho ilustre de Pres. DUTRA-MA, antigo Curador. Muito obrigado por haver publicado o meu singelo cordel no seu importante blog. VALEU Deus lhe pague em longevidade e saúde.

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  3. O Blog é que se sente prestigiado com poetas de tão grande estatura literária. O cordel é do gosto do nordestino e, portanto, tem lugar privativo nesse humilde espaço.

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