sábado, 9 de janeiro de 2016

Terror no Ônibus da Estrela Dalva

Fotografia Ilustrativa


                                                       José Pedro Araújo


         Dando prosseguimento aos casos de tragédias que abalaram a população de Presidente Dutra, relataremos um caso que, pelo grau de violência utilizado, extrapolou a tudo o que se vira até então em matéria de brutalidade. Estou me referindo ao caso da morte de uma passageira em trânsito pela nossa cidade, caso que chocou a toda a população pela forma como o crime foi perpetrado.
            Recorrendo à minha memória, que já não anda muito em consonância comigo mesmo, passo a relatar o caso tal qual acredito que tenha ocorrido:
           Já era noite alta quando o empoeirado ônibus estacionou em frente ao Dormitório e Agência Estrela Dalva, no largo da Bomba. O motorista decidiu que dormiriam ali, seguindo viagem somente no outro dia muito cedo, em complemento a viagem até Barra do Corda. A estrada naquela época era muito ruim, cheia de buracos e atoleiros, e talvez por isto tenha o motorista, que procedia de São Luís, decidido pernoitar ali mesmo. Algumas pessoas desceram para jantar e dormir no próprio dormitório, que pertencia a um membro da família do dono da empresa, mas outros, talvez já sem dinheiro, decidiram que comeriam alguns biscoitos e depois dormiriam no ônibus mesmo. Entre esses, estava uma senhora que trazia consigo uma menina ainda pequena, além de um outro passageiro, homem ainda jovem, que em determinadas ocasiões durante a viagem aparentava estar muito nervoso.
    Quando a noite já ia muito adiantada, perto das doze horas, ouviu-se um tremendo alarido que vinha do interior do ônibus. As pessoas que ainda se encontrava acordadas foram tomadas por um tremendo estupor ao presenciar uma cena verdadeiramente dantesca que acabava de acontecer. A pobre mulher que havia decidido dormir no coletivo mesmo saiu correndo porta afora transformada em uma tocha humana. Emitindo um tremendo alarido, com as vestes completamente incendiadas, a infeliz criatura arremessou-se para fora e começou a se contorcer e atirou-se no solo, girando sobre si mesma na tentativa apagar o fogo que a consumia. Transformara-se em uma verdadeira bola de fogo. Logo algumas pessoas acorreram para ajudar a pobre infeliz, na tentativa de evitar que o fogo a consumisse inteiramente. E assim, sem outro instrumento mais eficaz para apagar incêndios, alguns lançavam areia sobre ela, enquanto que outras jogavam água, até que alguém mais experiente correu até ela com um cobertor de lã e a cobriu apagando o fogo instantaneamente. Com queimaduras de 1º e 2º graus por todo o corpo, a pobre infeliz foi hospitalizada. Mas, diante da gravidade das queimaduras que sofrera por todo o corpo, não durou muito tempo e veio a falecer. A filha, felizmente, não foi atingida pelas chamas e escapou com vida, mas fora acometida por violento trauma por ter presenciado a morte violenta da mãe.
    O executor da tragédia, logo identificado, fora o rapaz que também resolvera pernoitar no ônibus. Com um pequeno vidro de álcool nas mãos, sem nenhuma discussão, o louco acercou-se da pobre mulher que dormitava na poltrona, vencida pelo cansaço da longa viagem, lançou o líquido inflamável sobre ela e depois ateou fogo em suas vestes.
   Nunca se soube se se tratava de algum louco furioso, ou mesmo de alguém raivoso que tenha recebido alguma admoestação da vítima durante o período em que viajaram juntos. O fato é que se tratou de mais uma tragédia sem explicação aparente, que veio a acontecer em terras presidutrenses.
  Menos mal que o frio assassino foi logo identificado, preso e encaminhado para a penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, de onde não se soube mais nem noticiais dele. O anônimo assassino contribuiu, contudo, para aumentar o nosso diário já cheio de tragédias que abalaram a nossa pequena comunidade. O crime cometido dentro do ônibus da Estrela Dalva, transformando-se este em um dos mais brutais que o nosso povo já ouviu falar.


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