sexta-feira, 15 de julho de 2016

A Família Carvalho de Sousa - Presença Massiva e Atual no Poder



José Pedro Araújo

Ciro Evangelista de Sousa
Das maiores famílias que pontificaram ou ainda marcam presença na política partidária em Presidente Dutra, resta falar sobre este ramo do que genericamente chamamos de “os Arapuás”. Arapuás é na verdade um grande conglomerado familiar, se é que podemos usar o termo para designar um grande número de famílias que foi se juntando para formar uma só, composta por vários sobrenomes. E são tratados por esta designação por agirem tal qual uma espécie de abelha que habita na região, cuja maior característica é a coesão, o aguerrimento, a zanga e a capacidade de proliferação monumental. Tão monumental que se espalham por vários municípios, dentre estes, Tuntum e Santa Filomena, além de Presidente Dutra. Mas é sobre um ramo dessa grande colmeia que eu quero tratar hoje, os Carvalho de Sousa.

                Esse ramo familiar foi formado por Ciro Evangelista de Sousa, que vem a ser o pai de Jean, Jurandy, Juran e Jurivan Carvalho, políticos com grande ascendência política em Presidente Dutra nos últimos tempos, sobretudo. Ciro Evangelista era proprietário rural e ingressou na Câmara Municipal de Presidente Dutra, como vereador, na eleição de 1976. Cidadão afável, com largo trânsito entre os da sua terra, marcou a chegada da família ao poder local nesses últimos anos. Aproximei-me dele no período em que estudei com o seu filho, Jean Carvalho, em Teresina. Deste modo, nas férias frequentava a sua fazenda situada na BR 226, próxima à do meu pai. Como ele residia na propriedade, era raro o sábado em que não passava o dia por lá para degustar alguns capotes e tomar um garrafão de vinho Sangue de Boi na companhia de alguns amigos do seu filho Jean.

         Ciro, como já afirmei, representava uma família numerosa, e fazia parte do grupo político de oposição a Valeriano Américo desde muito tempo, como um dos seus principais representantes. Mas somente nas eleições de 1976, quando a ala política da situação trabalhava para eleger Lindomar Lucena, foi que ele resolveu se lançar na disputa por um cargo de vereador, pelas oposições. E foi eleito logo nessa tentativa, mostrando a força da sua representação. Cidadão simples e de gestos refinados, não teve dificuldades para seguir nessa nova empreitada da vida, mas passou rapidamente o bastão aos filhos quando achou que eles estavam prontos para representar a grande família Arapuá, agindo nos bastidores. Estava presente, deste modo, no grande grupo de oposição que levou Remy Soares ao poder, mas pôs em seu lugar na Câmara Municipal o filho Jurandy, naquela eleição de 1982. Dai em diante ficou a observar a chegada dos irmãos Carvalho ao poder do ponto de observação mais estratégico: o seio da família.

Jean Carvalho de Sousa
             Jean Carvalho de Sousa, o filho mais velho, médico por formação e político por herança genética indissociável, já foi alvo de uma crônica isolada aqui neste blog, pelo muito que representou na política local. E por esta razão, no devo me deter mais ao seu nome. O segundo da família, Jurandy, como já relatei, foi quem recebeu o bastão das mãos do pai, Ciro, e tomou assento na Câmara Municipal logo na sua primeira disputa. Na eleição seguinte, já fora do grupo de Remy, partiu para uma eleição à prefeitura municipal concorrendo contra seu antigo aliado no pleito que seu concorrente, Agripino Campos Neto, foi eleito. Foi derrotado nesse primeiro momento, mas nas eleições seguintes, em 1992, elegeu-se prefeito municipal de Presidente Dutra. Jurandy Carvalho se lançou candidato a prefeito naquelas eleições com a autoridade de quem havia amealhado uma montanha de votos na corrida eleitoral anterior para prefeito, quando havia concorrido com outros dois candidatos: Agripino Campos, médico, pela situação, e Adenor Lira, outro médico, apoiado pelo grupo de Valeriano Américo.

Jurandy Carvalho de Sousa
             Na seguinte eleição, tonificada a sua candidatura com novas alianças, inclusive pelo grupo político de Valeriano Américo, e tendo Lindomar Lucena como candidato a vice-prefeito, Jurandy concorreu com a esposa de Remy Soares, Irene Soares, obtendo uma vitória avassaladora, baseando o seu discurso na alternância de poder e no favorecimento das camadas mais pobres da população. Interrompia-se, depois de duas administrações seguidas, a predominância do grupo de Remy Soares, mas, não por muito tempo, como vimos em crônicas anteriores.

            A administração de Jurandy Carvalho foi voltada para a educação, ocasião em que reformou muitas escolas em todo o município, dando especial ênfase à melhoria da qualidade do ensino e na ampliação do número de alunos matriculados. Foi durante o seu período administrativo que se deu grande impulso no ensino de 2º grau em escolas do próprio município. Além disto, trabalhou pela melhoria na urbanização da cidade, como a transformação de parte da BR-226 em avenida, constituindo-se aquele trecho em importante artéria comercial, a Avenida José Olavo Sampaio. Outra obra de grande significância foi a construção do terminal rodoviário “Dep. Ariston Costa”, aspiração antiga dos moradores do município.

          O que se viu depois foi uma grande alternância de poder no município. Jurandy não conseguiu fazer o seu sucessor, perdendo a eleição para o próprio Remy Soares, de quem já havia sido aliado, mas elegeu o médico Joaquim Figueiredo na eleição seguinte, em 2000. Na outra eleição, em 2004, foi a vez do grupo de Remy voltar ao poder, tendo sido eleita a sua viúva, Irene Soares, que se manteria no poder por oito anos consecutivos, devido ao advento do instituto da reeleição. Nessa última eleição, Irene Soares venceu o empresário Raimundo Carvalho, em composição formada com o PT. Concorreu ainda nesse pleito, o empresário José Fernando Gonçalves de Sá, que ficou em terceiro lugar no pleito.

Juran Carvalho de Sousa
Juran Carvalho, irmão de Jurandy e de Jean, concorreu à prefeitura municipal nas eleições municipais que ocorreram em 2008, contra a candidata Irene Soares, que tentava a sua reeleição, e perdeu, apesar da grande quantidade de votos obtidos. Na eleição seguinte, de 2010, para os cargos do legislativo, e também Governador e Presidente da República, uma candidata da terra, Priscylla Sá, concorreu para deputada estadual e ficou com a primeira suplência na sua coligação. Priscylla assumiria o mandato por alguns meses. Ocorreu nessa eleição um fato único, quando a imensa maioria do eleitorado local votou na candidata da terra sem observar em qual ala política ela militava.

Juran Carvalho voltaria a disputar as eleições de 2012 para prefeito municipal contra quatro outros candidatos e ganhou, ficando em segundo lugar o empresário Raimundo Carvalho. Como prefeito, tem feito uma administração profícua, realizando muitas e variadas obras por todo o município. Com ênfase na periferia da sede, tem promovido o asfaltamento de ruas e cuidando do saneamento de outras tantas, além de trabalhar pela construção da sede definitiva da prefeitura municipal e do centro administrativo, obras em que se instalarão, além do gabinete do prefeito, as secretárias municipais. Político habilidoso, Juran enfeixou uma coligação ampla para as eleições que ocorrerão neste ano, quando tentará a sua reeleição.

Jurivan Carvalho de Sousa
           Jurivan Carvalho de Sousa é outro filho do chefe do clã formado por Ciro Evangelista de Sousa, a pontificar na política presidutrense. Eleito para o cargo de vereador nas eleições de 2004 tem renovado o mandato em eleições sucessivas, de 2008 e 2012, para a câmara municipal. Jurivan Carvalho é o quarto membro da família a ocupar um posto de vereador no legislativo municipal, tendo sido precedido no cargo pelo próprio pai, Ciro, e pelos irmãos Jean e Jurandy. Atualmente ele ocupa o posto de Presidente do legislativo municipal.

          Desde as eleições de 1976, a família dispõe de um vereador na tribuna do palácio legislativo municipal, às vezes dois, como na 14ª legislatura, no quadriênio 2005/2008, quando tinha assento em duas das nove cadeiras de vereador pelo município. 
José Henrique S. Lima
           Para aquele pleito, além de Jurivan Carvalho, um primo em primeiro grau, José Henrique de Souza Lima, advogado, preocupado com as causas ecológicas, também ocupava um cargo no legislativo municipal. José Henrique vinha de dois mandatados anteriores naquela casa, comprovando a força política da família. Nos últimos pleitos este primo em primeiro grau deixou de concorrer à vereança devido a forte concorrência que estabeleceu. Isso naturalmente trouxe desgaste nas relações familiares. O que se comenta hoje nas rodas políticas locais é que José Henrique não comunga mais dos mesmos interesses da família que se acha no poder. É o que vamos ver na campanha que se avizinha, e que promete ser uma das mais acirradas, como, de resto, tem acontecido nos últimos tempos.  
           O outro irmão, Juraildo, elegeu-se vereador no município vizinho de Senador Alexandre Costa. E no pleito seguinte, lançou-se a vice-prefeito logrando, a sua chapa, um empate com a chapa concorrente. Os adversários, contudo, ganharam as eleições pelo critério da idade.                  

2 comentários:

  1. Eu não teria uma visão tão positiva de Ciro ou de seus filhos.

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  2. Meu amigo anônimo, a minha intenção foi elaborar textos despidos das paixões políticas ou partidárias. Afinal, os adversários de hoje, serão os aliados de amanhã. E tudo muda de figura, até mesmo a nossa visão pessoal sobre os biografados. Portanto, a minha intenção é meramente registrar a história do modo mais fiel possível, até provas em contrário.

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