Nazistas queimam uma montanha de livros |
Arnaldo Boson Paes
Desembargador do TRT/PI,
Mestre e Doutor em Direito
Como seria um mundo sem livros? Esta reflexão me
veio à tona com a leitura do livro Fahrehreit 451, do escritor americano Ray
Bradbury. No romance de ficção científica, em um futuro imaginário, as pessoas
vivem em um sistema totalitário, em que os livros são proibidos e queimados,
por supostamente gerarem desejos, frustrações e perigos. Quem é visto lendo
livros é, no mínimo, confinado em um hospício.
Embora não seja impossível viver dignamente sem
eles, seria impossível imaginar um mundo sem livros que valesse a pena viver.
Sem os livros, o significado das coisas, a percepção do mundo e da vida não
seria a mesma. Todas as palavras de nossa língua perderiam uma parte de seu
significado, de sua riqueza, de seu peso e de sua sensibilidade.
Ideias como amor, tristeza, felicidade, dor,
vitória, sonho, desejo, ódio, trabalho ou aventura não seriam as mesmas. Sem os
livros, não teríamos aprendido o nome das coisas, tampouco teríamos aprendido a
senti-las, estranhá-las, eliminá-las ou buscá-las. Sem eles, não teríamos como
reconhecer o que se passa conosco nem compreenderíamos o que se passa com os
outros.
Temos aprendido muito mais coisas nos livros do que
na vida. Eles nos ensinam a viver, abrem horizontes, oferecem melhor visão do
mundo, ampliam a compreensão da realidade, estimulam a imaginação e criam
possibilidades de aperfeiçoamento pessoal e coletivo. Os livros também nos
informam, distraem, enriquecem o espírito, emocionam e, graças a eles, não nos
sentimos sozinhos.
Por meio dos livros, somos arrebatados por
sentimentos variados e intensos. Temos sido felizes, rimos, choramos,
enamoramos e nos desencantamos. Mais do que isso, eles são o grande motor da
vida, não apenas porque nos inspiram e nos revelam o sentido de nossa
existência, mas porque nos ensinam a compartilhar, a sair de nós mesmos para
penetrarmos em outros mundos.
Mas, para que os livros sejam verdadeiros livros,
para que cumpram sua função, necessário que existam leitores. O amor aos livros
e o prazer da leitura, uma vez incorporados, levam-nos a um mundo infinito e
encantado, que identifico como a própria imagem do paraíso, como fez o escritor
argentino Jorge Luís Borges, que sempre imaginou o paraíso como uma grande
biblioteca.
Neste contexto, a ficção de Ray Bradbury encontra
plenamente sua justificativa se imaginarmos os livros como instrumentos de
aprendizagem e de libertação. Porque os livros, como os melhores mestres da
vida, ensinam e libertam. E nada mais essencial do que a liberdade de viver a
vida com todas as suas potencialidades. Um mundo sem livros não faria nenhum
sentido. Então é preciso ler para viver.
* Texto publicado no blog do Poeta Elmar Carvalho
Excelente reflexão! Eu gostei o livro de Ray Bradbury porque é uma história que parece profética no mundo atual. Faz pouco vi que um filme deste livro será lançado. Eu gosto muito das adaptações deste tipo. É excelente que não deixem a historia no livro e a adaptem aos filmes drama. Tenho certeza que eu vou gostar. A verdade adorei que tenham feito este filme. Considero que um fator que vai fazer deste um grande filme será a atuação de Michael B Jordan, seu talento é impressionante. Já quero ver. Espero que seja bom.
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