Tela do Pintor Francisco Martins(Xuxa) |
Ailton
Lima*
Houve um tempo no Passado
Que era o tempo da foice e do
facão
Tempo do ferro amolado
Do “gume” do machado
Do mato roçado
Esperando virar carvão
Houve um tempo no passado
Que poucos dias depois do verão
Era tempo do mato “brocado”
Dos galhos tombados
Do corpo suado
Esperando a refeição
Tempo de caminhos de roça
Cheios de formigas andando no
chão
Mulheres a passos vexados
Com o cachorro do lado
Tempo de cuidado
Com taiocas e correição
Esse tempo também foi um tempo
Que o fogo era grande atração
Homens correndo pra todo o lado
Pra manter o fogo afastado
Das quintas de gado
Do nosso patrão
E o cheiro daquele tempo
Era de chuva caindo no chão
O milho em fileiras plantado
Pareciam mesmo soldados
Eram gigantes fardados
Em seu batalhão
Agora era tempo de capina
Ervas cortadas entre a plantação
Vento soprando calado
Lavrador olhando animado
Num sorriso que era provocado
Pelo canto de um Carão
Agora é tempo de milho verde
Ainda tem chuva e muito trovão
Caminho da roça orvalhado
Tempo de milho assado
Melancias em sacos atados
Mulher acendendo o fogão
Agora é tempo de arroz maduro
É tempo de muita animação
Lavradores com cofos de lado
Arroz de cachos virado
Cofos de arrobas pesados
Pela balança do seu patrão
E o arroz deixado no rancho
Vez em quando recebe o sol do
verão
Enquanto espera amontoado
O milho vai ser “quebrado”
Isso quer dizer apanhado
O último “fruto” da plantação
Agora é tempo de batidas
O roceiro chama de “batição”
Cacetes depois de cortados
Batendo com todo cuidado
Um roceiro de cada lado
Fazendo calos nas mãos
Depois de muito suor
Vem o tempo da decepção
O legume depois de ensacado
No lombo de burro é transportado
E a melhor parte é deixado
Como renda para o patrão
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