(Chicoacoram Araújo)
Do lado da escarpa
Oeste daquela serra, que ainda resplandece no firmamento, nasceu Nadi,
Índia Itacoatiara da
grande Nação Tabajara do sertão de Piripiri,
Que, assim como a
filha do pajé Araquém, tinha os cabelos negros como a asa do Assum-preto,
E de tão
longos, chegavam a cintura graciosa e faceto.
Nadi, mãe das mães, casou-se
com o índio Itagiba, que tinha os braços fortes como pedra,
Que gerou Ubiratan, o
índio do tacape forte, e Moema, uma doçura de mulher.
Ubiratan gerou
Ubirajara, o senhor das lanças, chefe de sabedoria e medra.
E Moema gerou
Ubirani, tenaz e cordial como um chanceler.
De Ubirani nasceu Porã,
o mais belo dos filhos; Apuana, exímio corredor das matas, e Ubajara, dono das
armas e senhor da guerra.
Porã gerou Potira,
flor exuberante, e Apoema, aquele que pressentiu de longe o grande invasor da
terra.
Potira gerou
Taiguara, o liberto do julgo dos homens do além-mar.
Apoema gerou Moacir,
que sofreu por ver seu povo perseguido pelo branco que chegou para lhes exterminar.
E Moacir gerou Araci,
a última descendente puro sangue da valente tribo Itacoatiara, agora já
dizimada.
Araci, aurora de uma
nova geração, casou-se com o caboclo Manoel, que manejava gado de uma fazenda da
região para sustentar sua amada.
Araci teve muitos filhos e filhas, que tinham feições
desformadas, mas conservavam a beleza primitiva dos gentios.
Maria, uma dessas
filhas mestiças, gerou Jovita e outros filhos, que foram entregues a parentes
logo após a morte prematura da mãe em decorrência de partos doentios.
Este Chicom Acoram é demais. Escreve até em estilo bíblico/apocalíptico. Muito bom. Parabéns. Abr.
ResponderExcluirDr. Almeida,
ResponderExcluirEsse poema foi um dos primeiros textos que fiz. Mas, no ramo da poesia deixo para os poetas natos.
De fato, o tema desse poema foi inspirado na Bíblia e também na destruição dos nossos primeiros habitantes do Brasil pelo homem branco da Europa.
Obrigado. Um abraço.
Chico Acoram