José
Ribamar de Barros Nunes
Um amigo sugeriu-me que caprichasse
nessa centésima crônica após publicação, em junho de 2016, das “Duzentas
Crônicas Vividas”.
Minha preferência literária se volta
para casos, causos e episódios vividos ou presenciados por mim mesmo. Uns
poucos o foram por terceiros. Por isso, hoje, mostro mais uma façanha na já
longa lista de minhas observações e vivências pessoais reiterando que o único
objetivo, além do prazer intelectual, visa deixar aos pósteros a oportunidade
de uma reflexão sobre a vida.
Já falei do caso de um Juiz de Direito
da comarca de Luziânia em Goiás. Ele costumava reclamar, alto e bom som, contra
advogado que se apresentasse em seu gabinete, sem gravata ou beca. Depois do
esculacho, quase se retratando, baixava o tom, puxava uma gravata rota de sua
gaveta e a entregava ao causídico, dizendo que o problema estava resolvido...
Outro caso concreto, vivi-o aqui na
capital do meu Estado natal, protagonizado por um Juiz Federal, tido por
inteligente e bem conceituado. Não digo o nome para evitar melindre
desnecessário e já sepultado. Sua Excelência, sem dizer a motivação, julgou-se
“impedido” de atuar em um processo de meu interesse.
Interpelado por mim, saiu-se com uma
desculpa amarela, desarrazoada, subterrânea, evasiva, nefelibática de que eu
fora seu padrinho de casamento.
Ponderei que não concordava, porém, não
esbravejei e engoli mais um sapo e outros animais, convencido de que não só nas
assembleias políticas, mas em muitos outros lugares isso acontece.
Infelizmente, meu processo não andou até hoje...
Concluindo, devo dizer que a vida, pelo
menos depois dos cinquenta, nos torna mais paciente, tolerante, compreensivo,
acima do bem e do mal e por aí vai. Quando os personagens nos encontramos,
sorrimos um “sorriso amarelo” e relembramos o fato hilário, verídico...
A sós, relembro também só para mim mesmo
a história da velhinha que na missa de perdão, desabafa publicamente: eu
perdoo, mas não esqueço...
Assim a humanidade caminha. A vida passa
e a gente a sobrepassa...
*José Ribamar de
Barros Nunes é autor de Crônicas vividas e de Duzentas Crônicas Vividas.
E-mail:
rnpi13@hotmail.com
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