terça-feira, 18 de abril de 2017

CRÔNICAS VIVIDAS - SUSPEIÇÃO SUSPEITA




José Ribamar de Barros Nunes

Um amigo sugeriu-me que caprichasse nessa centésima crônica após publicação, em junho de 2016, das “Duzentas Crônicas Vividas”.
Minha preferência literária se volta para casos, causos e episódios vividos ou presenciados por mim mesmo. Uns poucos o foram por terceiros. Por isso, hoje, mostro mais uma façanha na já longa lista de minhas observações e vivências pessoais reiterando que o único objetivo, além do prazer intelectual, visa deixar aos pósteros a oportunidade de uma reflexão sobre a vida.
Já falei do caso de um Juiz de Direito da comarca de Luziânia em Goiás. Ele costumava reclamar, alto e bom som, contra advogado que se apresentasse em seu gabinete, sem gravata ou beca. Depois do esculacho, quase se retratando, baixava o tom, puxava uma gravata rota de sua gaveta e a entregava ao causídico, dizendo que o problema estava resolvido...
Outro caso concreto, vivi-o aqui na capital do meu Estado natal, protagonizado por um Juiz Federal, tido por inteligente e bem conceituado. Não digo o nome para evitar melindre desnecessário e já sepultado. Sua Excelência, sem dizer a motivação, julgou-se “impedido” de atuar em um processo de meu interesse.
Interpelado por mim, saiu-se com uma desculpa amarela, desarrazoada, subterrânea, evasiva, nefelibática de que eu fora seu padrinho de casamento.
Ponderei que não concordava, porém, não esbravejei e engoli mais um sapo e outros animais, convencido de que não só nas assembleias políticas, mas em muitos outros lugares isso acontece. Infelizmente, meu processo não andou até hoje...
Concluindo, devo dizer que a vida, pelo menos depois dos cinquenta, nos torna mais paciente, tolerante, compreensivo, acima do bem e do mal e por aí vai. Quando os personagens nos encontramos, sorrimos um “sorriso amarelo” e relembramos o fato hilário, verídico...
A sós, relembro também só para mim mesmo a história da velhinha que na missa de perdão, desabafa publicamente: eu perdoo, mas não esqueço...
Assim a humanidade caminha. A vida passa e a gente a sobrepassa...


*José Ribamar de Barros Nunes é autor de Crônicas vividas e de Duzentas Crônicas Vividas.
E-mail: rnpi13@hotmail.com

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