segunda-feira, 3 de abril de 2017

CRÔNICAS VIVIDAS - ALMA PENADA




José Ribamar de Barros Nunes*

Agrada-me falar e comentar coisas e temas misteriosos, nebulosos, profundos, emblemáticos, enigmáticos, lendários, nefelibáticos. Eis um deles.
Não acredito em “almas penadas”, aquelas que o povão acredita e divulga que voltam ao mundo terreno com o objetivo de cumprirem ou repararem débitos e erros ocorridos no planeta terra. Por causa dessas dívidas e comportamentos escabrosos ou pecaminosos, perambulam a esmo, a torto e a direito, provocando assombrações e desmaios d’alma em busca de resgate ou pedidos de ajuda.
Somente vão sossegar, quando alguém cumprir por elas as obrigações que não fizeram ou desonraram. Existem milhares dessas histórias ou lendas que o folclore se encarrega de divulgar e eternizar.
Confesso que não acredito nem muito menos desacredito. Concordo com alguns pensadores e gurus que afirmam que existe muito mais coisa entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia.
Não consigo vislumbrar nem muito menos entender nada além do horizonte. Gosto de relembrar uma poesia que diz que um céu estrelado abate o orgulho de qualquer ser humano.
Talvez por isso no imortal vate lusitano termine o primeiro canto do seu Lusíadas com a seguinte invocação:
“Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno”.


*José Ribamar de Barros Nunes é Assessor Parlamentar do Senado e autor de Crônicas Vividas e Duzentas Crônicas Vividas
E-mail: rnpi13@hotmail.com

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