terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O MEU PRIMEIRO ENCONTRO COM OS BEATLES







Antes, preciso fazer aqui uma ressalva: já havia me encontrado com os Beatles anos antes. Contudo, não sabia que se tratava deles, no que pese a fama estratosférica dos Quatro Jovens de Liverpool. E esse primeiro contato incógnito se deu quando ouvi pela primeira vez a música And I Love Her, no final do ano de 1.965, pelas ondas da rádio Timbira do Maranhão. Nesse tempo eu passava as minhas tardes tomando conta da loja do meu pai situada na Rua Grande, mesmo sem saber responder nada sobre os preços dos artigos à venda. A loja comercializava tecidos, perfumaria, cintos, peças de plásticos, chapéus finos, entre outros produtos. E meu pai, para poder discutir preços com a clientela, apreçava os artigos com dois códigos com letras do alfabeto. O primeiro trazia o valor de custo do produto, enquanto que o segundo identificava o valor mínimo que a mercadoria poderia ser vendida. Eu, criança ainda, desconhecia a forma de conversão das letras em números, razão pela qual, sempre que aparecia algum cliente, tinha que chamar por meu pai ou pela minha mãe para atendê-lo.

A minha função, portanto, era apenas vigiar a loja nas horas mortas da tarde, quando a clientela permanecia em suas casas curtindo a sesta e protegendo-se da canícula impiedosa da tarde. Nessas horas, ficava eu de sentinela, enquanto meus pais também tiravam o seu rápido cochilo em redes brancas e perfumadas. Irrequieto como toda criança, eu sentia que aquilo era uma forma disfarçada de me castigar pelas estripulias que costumava realizar. Assim, insatisfeito com o “aprisionamento”, resolvi que precisava fazer alguma coisa para matar o tempo e superar a insatisfação de ver os meus colegas irem para o jogo de futebol na Praça Diogo Soares ou tomar banho no riacho Firmino. Tinham tolhido o meu tempo, acreditava.

Voltando ao assunto do título acima. Para aqueles que se surpreendem com o fato de somente ter tomado conhecimento da existência da mais famosa banda do mundo já próximo da sua extinção, justifico dizendo que naquela época a televisão ainda não havia chegado até nós, e que as revistas de variedades chegavam na cidade com um preço muito alto. Não dava para mim. Assim, o rádio era o principal veículo de comunicação que nos chegava, trazendo notícias e tocando as músicas de sucesso que ocupavam os primeiros lugares nas paradas.  , trazendo nottçal veis na cidade.chegavam a muito custo, por no do mundo inteiro. Paul McCartney, George Harrison e Ringo Sta

Encontrei, então, a forma de superar a lentidão do tempo: ouvir música em um velho rádio portátil que o meu genitor mantinha encostado em um canto por estar sem serventia. Tive que improvisar uma antena para ele com algumas cordas de aço para violão, e que comercializávamos também. Trabalho feito, vi que o problema estava sando ao ligar o aparelho, pois o som que saiu do receptor era de boa qualidade. Passei a sintonizar algumas emissoras de rádio em diversos Estados, como a Globo do Rio, a Sociedade da Bahia, a Clube de Pernambuco, e a Timbira de São Luis. Na Clube de Pernambuco tinha predileção pelo Programa do Bolinha, que transmitia os maiores sucessos do Hit Parade na época. Enquanto que na Timbira ouvia o programa Alegria na Taba, e foi nesta que ouvi pela primeira vez a música And I Love Her. Não fiquei sabendo quem cantava, mas achei a música especialmente bela, mesmo sem compreender uma só palavra que eles diziam.

Dois anos depois, ocorreu o meu encontro definitivo, que considero o primeiro, com a maior e mais badalada banda de música de todos os tempos: The Beatles. Já estudava no Ginásio Presidente Dutra e certo dia, ao entrar na sala de aula, encontrei alguns colegas travando uma ácida discussão sobre o nome correto de certa banda de música, cujo rosto dos quatro componentes aparecia na capa de trás de um caderno que os garotos traziam nas mãos. Nessa época a língua estrangeira ensinada no colégio era o Francês, portanto, não sabíamos nada de Inglês. Discussão vai, discussão vem, e um dos colegas resolveu pedir a minha opinião sobre a pronúncia correta do nome estampado no alto da capa. Gaguejei qualquer coisa que não me lembro, mas, com certeza, não respondi o que eles queriam. O que ficou na minha memória, entretanto, foi o rosto dos quatro rapazes, com o nome destacado sob cada um: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star. Nunca mais esqueci a imagem nem tampouco o nome daquele grupo. Aquele foi, de fato, o nosso primeiro encontro.


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